sábado, 29 de março de 2008

Balsas, la culla dei comboniani: una nuova pagina puó essere scritta!

Mi trovo a Balsas per l´ordinazione del nuovo vescovo della diocesi. Un orionita brasiliano dello stato di Santa Catarina: Enemésio Lazaris. Dopo circa 55 anni di vescovi comboniani, la scelta di un vescovo brasiliano non comboniano. Sorpresa per alcuni, normalitá e scelta logica per altri. Da vari anni i comboniani si stanno ritirando progressivamente dalla diocesi Balsas per lasciar posto e responsabilitá ai preti locali che stanno raggiungendo numero e qualitá. La scelta, lungi di essere interpretata come abbandono o "tradimento" alla terra che ci ha accolto e amato da piú di mezzo secolo, é un gesto coerente con il modo di agire-essere dei comboniani in questa provincia. Mettersi al servizio della chiesa locale, ma senza sostitursi a loro. Aiutare a crescere ma senza esserne protagonisti. Crediamo che sia arrivato il momento che questo discorso valga anche per la scelta del "pastore". C´erano inviti chiari perché ancora una volta il vescovo locale, dopo la tragica morte di Dom Franco Masserdotti, fosse un un comboniano. La chiarezza e la coerenza della Direzione Generale dei Comboniani han permesso che la Nunziatura scegliesse un vescovo brasiliano. É un momento storico per i comboniani di questa provincia. Non tanto per il sentimento di "dovere compiuto", ma per la coscienza che la chiesa locale puó camminare autonomamente senza dipendere da infrastrutture e personale oriundo da una congregazione specifica. Con vescovo comboniano o no nessuno potrá eliminare l´affetto, la simpatia, la stima, la dedicazione che i comboniani hanno ricevuto in questa terra. L´esperienza pastorale in Balsas ha dato forma a un "modo di essere missionari" nel Maranhão che nessuno potrá cancellare! Benvenuto Dom Enemésio. Grazie chiesa di Balsas!

quinta-feira, 27 de março de 2008

Hugo Chávez chegou ao Maranhão! FORA os corruptos...daqui!

Só duas palavrinhas sobre a chegada ao Maranhão de Hugo Chávez, presidente da Venezuela. Presidente polêmico. Acolhida e recepção por parte de setores da sociedade maranhense igualmente polêmica quando não desrespeitosa! Mesmo ignorando o princípio da "livre autodeterminação dos povos" e de "não ingerência" me incomoda essa mobilização anti-Chávez. Não por instinto de cercear a livre manifestação, mas por ver nisso um grau de intolerância fruto da "desinformação" oficial anti-chavista. Como todos os políticos-cidadãos também o presidente venezuelano é carregado de contradições. Quem escapa disso! Agora me pergunto:
1. Em que a sua visita prejudicaria o Maranhão para ser merecedora de tamanha hostilidade? Mas se ele vem justamente para assinar convênios e outras formas de colaboração e se integrar no esforço coletivo de melhorar os índices da saúde, educação e outros? É questão de simpatia ou de imagem que irrita? Sabemos que na política e na diplomacia não pode existir isso. Há que se engolir muita coisa e olhar para "as vantagens" de uma determinada parceria....
2. Alguns políticos locais anti-chavista debocham da visita tachando-a de "política". Ora, religiosa não é! Pô, é presidente de um País e como tal seleciona visita, negócios, parcerias, etc.
3. Chávez é militar que se autodefine socialista. Mesmo com o pouco que a imprensa oficial deixa transparecer não há como negar que na Venezuela, sob a administração de Chávez, gostando ou não, houve avanços significativos em todas as áreas. Isso irrita os que torcem sempre pelo pior, principalmente se o presidente é militar de..."esquerda" e anti-Bush!

Dou um conselho aos opositores locais de Chávez travestidos de "políticos corretos e conscientes": por que não manifestar com igual fervor contra aqueles governantes locais (prefeitos e governadores) que desviam dinheiro público destinado à educação, à saúde, à cultura, ao lazer, etc. que atrasam de 3-4 meses os já parcos salários dos funcionários, que forjam notas fiscais e licitações para construir pequenos ou grandes impérios pessoais? Porque dois pesos e duas medidas? Só porque ele se chama CHÁVEZ? Um pouco mais de sensatez não faz mal....NÃO É?

quarta-feira, 26 de março de 2008

Quem escolhe os bispos?

A posse do novo bispo de Balsas (MA) pe. Enemésio Lazaris, da Congregação Orionita, no próximo dia 29 nos dá oportunidade de refletir brevemente sobre as modalidades e os critérios adotados pelo Vaticano na escolha dos seus bispos. Lembro-me que na época da ditadura, governo Figueiredo, no ano de 1981, o porta-voz da presidência, o Sr. Átila, criticou a igreja católica por ela denunciar a falta de democracia política no País e por ela, de forma contraditória, não praticar dentro dela o que ela denunciava. Apontava para tanto o ato do Vaticano de "nomear", e não de promover "eleições" para escolher os bispos...!
Dom Ivo, então secretário geral da CNBB, veio a público para rebater às criticas afirmando que "os bispos são ESCOLHIDOS E COLOCADOS DE LADO DIRETAMENTE POR CRISTO". Foi claramente uma declaração infeliz do saudoso prelado. Todos sabem que não é assim. Os critérios adotados pelo Vaticano são de outra natureza: um bispo confiável é um bispo que não polemiza, a-crítico, bom administrador, alinhado com a moral ortodoxa, etc. Se não soubéssimos da integridade e coerência de Dom Ivo poderiamos até pensar que ele estivesse utilizando o nome de Jesus para justificar não somente a falta de participação dos católicos na escolha de seus pastores, mas a manutenção de um projeto político elitista do Vaticano.
À época, o Vaticano estava preocupado com um número preocupante de bispos que haviam se afastado da postura que um pastor fiel ao Vaticano deveria ter. Muitos bispos, aqui no Brasil, haviam feito a opção pelos pobres e excluídos da sociedade e assumido posturas críticas corajosas com relação aos governos militares. Além disso, incentivavam o crescimento de comunidades fraternas e participativas sem que houvesse protagonismos clericais. Isso desagradava a Roma. Questionava o seu modo imperial de agir. O então Núncio Apostólico Dom Carmine Rocco chegou a afirmar que erros como os de nomear Dom Casaldaliga, Dom Fragoso, Dom Paulo Arns, Dom José Maria Pires...não voltariam a se repetir! O Vaticano ainda hoje continua querendo manter o controle das nomeações de seus bispos e se recusa a reconhecer que a participação dos católicos na eleição de seus próprios pastores seria um sinal de coerência com a prática do pão partilhado e do serviço praticado por JESUS DE NAZARÉ. Esperemos que a nomeção de Dom Enemésio seja mais um....erro do Vaticano!

segunda-feira, 24 de março de 2008

Quando o Estado trata os professores como "alunos idiotas"!

Talvez o título da minha reflexão de hoje seja um tanto chocante. Nada demais. É isso mesmo. Vejam o que a SEEDUC-MA vem fazendo com os professores indígenas e não, que querem se habilitar para uma vaga nas mais de 230 escolas indígenas do Estado do Maranhão. Através do Edital Nº 001/2008, o Estado do Maranhão, mais uma vez atrasado na tabela e descumprindo compromissos formais, convoca os candidatos para um grande seletivo com a finalidade de contratar, por um ano, professores para as escolas indígenas. Estabelece os diferentes níveis e coloca alguns critérios para..."eliminar" logo de início um bom número de pretendentes... A seguir, afirma que a segunda etapa do seletivo se constituirá de "provas objetivas". Quem imagina que são provas para avaliar se um professor é apto ou não a ensinar numa escola indígena, engana-se redondamente.
As provas se constituem em:
1. Redação: 6 (seis) linhas para professor de nível I, ou seja, professor cursando magistério; 11 (onze) linhas para professor com magistério e 16 linhas para quem tem curso superior.
2. Operações e exercícios de matemática.
3. Língua indígena
Ora, ninguém se pergunta na SEEDUC-MA se, por acaso, um professor ao completar/fechar as provas objetivas estaria automaticamente também "apto" a ser PROFESSOR. Não cabe na cabeça de quem bolou as provas que para avaliar um professor talvez seja necessária a assunção de outros critérios quais o conhecimento mínimo da realidade sócio-cultural e educacional indígena, a capacidade de expor com clareza e coerência cultural os conteúdos, utilizar uma didática apropriada, possuir uma capacidade suficiente para preparar um plano de aula, etc.. De um professor eu espero isso! De um aluno, por enquanto, espero que saiba redigir mais do que 6 linhas numa redação e que conheça pelo menos as 4 operações básicas!!!! Aqui, no Maranhão, inverte-se tudo: o professor é tratado como aluno, e aluno idiota! Afinal, para eles (os do Estado) o que interessa se há ou não há índios sabendo ler, interpretar, questionar, escrever, produzir sua própria história, suas versões dos fatos, em sua própria língua e no português? Parafraseando a famosa frase do general americano etnocida do sec. XIX: "índio bom é índio...analfabeto"...Para não falar outra coisa!!!!!

domingo, 23 de março de 2008

ELES e ELAS o ressuscitaram e tornou-se o VIVENTE

No nível da fé proclamamos que Deus ressuscitou Jesus Cristo. Tirou-o da humilhação da condenação e morte e devolveu-lhe a dignidade e o prestígio que haviam sido varridos pelo sinédrio e pelos romanos. É a fé que nos faz reconhecer isso! No nivel da historicidade e da vivência existencial a "versão" é outra! Com efeito, a "ressurreição" é uma experiência que é feita só por um grupo, os seus próprios seguidores. O Jesus ressuscitado não "se mostra" aos que não pertencem ao restrito círculo dos seguidores e seguidoras. Podemos afirmar, portanto, que quem na realidade faz a experiência de "ressuscitar" são os discípulos e discípulas de Jesus. São eles e elas que após a dispersão e o desnorteamento procados com a morte do mestre -experiência de aniquilação de toda expectativa e esperança - paulatinamente começam a descobrir o mestre novamente vivo e atuante em suas ações de curar, servir, partir o pão e perdoar. Devolvem ao mestre a "presença" de outrora, agora renovada e mediada por eles e elas. Ao mesmo tempo, os próprios discípulos e discípulas se descobrem a si próprios novamente vivos e atuantes como aos tempos em que o mestre caminhava ao seu lado ao reproduzirem seus gestos, palavras e atitudes. Ao longo dos séculos a preocupação eclesiástica e teológica tem sido a de garantir que o "corpo" de Jesus não tivesse o mesmo fim que o dos comuns mortais. Devia ser, em suas crenças, um corpo espiritual, imortal, não sujeito a nenhuma putrefação. Estudos recentes que analisam e comparam o destino dos crucificados executados pelos romanos informam que a maioria dos corpos-cadávers ficava vários dias na cruz e se tornava alimento para os abutres...o que pode ter acontecido com o próprio corpo de Jesus! O problema para nós é outro: o que Jesus de Nazaré, ou seja, a sua mensagem e prática, - e não o seu corpo - tem a dizer à humanidade? Quem poderá enterrar ou fazer apodrecer as práticas de misericórdia, de acolhida, de respeito, de compaixão do profeta de Nazaré? Isto VIVE...naqueles-as que sabem reproduzir tudo isso. Feliz Páscoa!

sábado, 22 de março de 2008

Da ausência e do silêncio de Deus à proclamação que "o condenado" VIVE!

Não havia nenhum discípulo aos pés da cruz de Jesus para ouvir as suas últimas palavras. A praxe romana não permitia. Daí a confirmação de alguns relatos evangélicos de que "havia somente algumas mulheres de longe...." Todavia, todos os evangelhos colocam na boca de Jesus exclamações, gritos, palavras que refletem, coerentemente, as teses e os objetivos de suas cristologias. Se é impossível recuperar historicamente as palavras reais de Jesus, é-nos possível intuir quais " interpretações" alguns grupos de seguidores de Jesus , - talvez muitos anos mais tarde, - deram à morte do mestre.
Com efeito, nós lemos seja a vigorosa e consciente exclamação do "tudo está consumado" de João, bem como o grito desesperado e angustiante do "Meu Deus, meu Deus porque me abandonaste" de Marcos. Na primeira, tudo faz parte do plano de Deus. Nada surpreendente. Tudo estava previsto e esperado. Jesus é Deus e tudo Ele sabia!!!!!
No segundo, algo se quebrou. Deus se fez de parte. Ele não cumpriu a sua parte, a de salvar o Filho! Deus não se manifestou e deixou o profeta, o HOMEM dedicado e amigo dos pobres, entregue ao seu próprio destino....Ou, pelo menos, assim alguns dos seus seguidores interpretaram!

Se fôssemos recuperar, embora parcialmente, as atitudes, as palavras, as expectativas do "Jesus histórico" (aquele não interpretado e idolatrado pelos disípulos!) não cabe dúvida que o profeta itinerante, o galileu, estava aguardando com uma fé "exagerada" - diriamos, hoje, fanática,- a manifestação gloriosa e poderosa de Deus e do seu reinado. Daí a decisão de ir a Jerusalém. Alí esperava o momento único da revelação definitiva. Isso não ocorreu. Ao contrário, ele é preso e sumariamente executado. Talvez o seu grupo esperasse algo parecido, se não diretamente de Deus, com certeza de Jesus. Frustração completa: o mestre é vergonhosamente preso e humilhado!
O que parece ser uma mera reflexão histórica, a posteriori, torna-se necessariamente uma reflexão existencial sobre a dinâmica da vida. Não é de Jesus que está-se falando, e sim do ser humano. Homens e mulheres que alimentam sonhos, fé cega num Deus que se auto-proclama fiel, constroem e acariciam projetos de vida, se dedicam gratuitamente para que a vida possa vingar e, ao contrário do esperado, acabam colhendo decepção, dispersão, abandono, solidão, traição, tristeza sem fim.
O silêncio de Deus parece falar mais alto. A Sua ausência incomoda, angustia, questiona nossas certezas, nossos dogmas, nossos cultos formais desligados dos dramas dos...humanos! Deus, porém, se faz presente também na morte: não fala, mas está aí no nosso velório. No velório da humanidade!

sexta-feira, 21 de março de 2008

Sexta feira santa: a "morte política" do profeta galileu

Frequentemente, ao tentar compreender o porquê da morte de Jesus apela-se a diferentes e contraditórias argumentações. Elas refletem o lugar social e cultural (interesses, projetos de vida, informações adquiridas, formação religiosa, etc.) de quem as apresenta: Jesus teria morrido pelos nossos pecados; Ele se ofereceu em sacrifício para nos salvar; Deus mesmo quis que o seu Filho morresse na cruz para expiar os pecados; morreu porque incomodou os grandes; morreu porque blasfemou e expulsou demônios.....
Tudo isso reflete a formação religiosa recebida fruto de uma teologia sacrifical, expiatória....e pouco evangélica! Dificilmente, portanto, essas explicações refletem a procura da "verdade histórica" do que de fato ocorreu nos dias que precederam a sexta feira e o dia mesmo em que teria ocorrido a sentença fatal. Os relatos evangélicos utilizam em sua grande maioria textos teológicos. Os relatos não são reportagens e sim, aulas de teologia catequética. Isto, porém, não exclui que se possam encontrar elementos e informações históricas confiáveis para compreender o que de fato ocorreu...Outros elementos podem e devem ser buscados e deduzidos a partir de dados, informações históricas e estudos realizados por inúmeras pessoas sobre o tratamento reservado aos "presos políticos" da época de Jesus. Falamos em "presos políticos" porque se aceitamos como verdadeiro o dado - que parece inconteste - de que Jesus morreu numa "cruz" , não cabe dúvida, então, que Ele foi sentenciado a morte pelos romanos e executado por eles. Fica, assim, descartada a responsabilidade material última da morte de Jesus pelo sinédrio (judeus) cuja pena, no caso, teria sido o apedrejamento!
Morte de cruz significa lição exemplar para aqueles que se revoltam, ameaçam, boicotam, e agem contra a estabilidade, a segurança da administração dos Romanos. Não nos interessa aqui saber qual foi a participação efetiva do sinédrio, na decisão de senteciar à morte Jesus. Só nos cabe constatar que Jesus foi condenado pelos romanos e por eles executado e, portanto, é uma morte de caráter político reservada àqueles que atentavam à estabilidade e à segurança de estado.
É difícil historicamente aceitar que o Império tenha se sentido ameaçado por um profeta itinerante cuja fama e prestígio se limitavam a umas poucas aldeias do norte de Israel. É difícil compreender historicamente como o império romano tenha se sentido fragilizado perante "possíveis incitações ao não pagamento de impostos", ou porque Jesus teria "bagunçado a entrada do templo, explusando, numa ação planejada, vendedores e cambistas" (algo específico dos judeus que não interferia na estabilidade da administração....). É difícil, enfim, aceitar historicamente que jesus foi condenado porque proclamava um Reino de Deus em oposição ao "Reino de César". À época havia dezenas de pregadores populares afirmando a mesma coisa e não por isso se constituiam em ameaças políticas! Então, qual poderá ter sido "a causa mortis"?
Longe de se constituir na explicação verdadeira e definitiva, avançamos a hipótese de que Jesus foi sentenciado e morto por "precaução", por "medida preventiva". Ou seja, antes que Ele apronte, que se organize, amplie o leque de ação e consiga mais adeptos, é bom eliminá-lo logo e cortar na raíz a possível e futura ameaça. Uma espécie de "guerra preventiva" à moda Bush! Não se encontram, com efeitos, motivos jurídicos, políticos, históricos que justifiquem a condenação à morte "pela cruz". Entretanto, os romanos tinham que possuir um pretexto formal e na sua intolerância para com qualquer tipo de dissidência, associada à sua neurose obsessiva de ver inimigos em todo lado, devem ter achado uma razão de estado aceitável ao retirar do seu meio alguém que poderia ameaçar no futuro...mesmo que esse elemento" não passasse de um "curandeiro e pregador itinerante acompanhado por um punhado de discípulos iletrados..."

quinta-feira, 20 de março de 2008

quinta feira santa, ou seja, o pão partilhado, sem exclusões

É comum achar que na quinta feira santa fazemos memória do momento em que Jesus teria instituído o sacramento da "ordem", ou seja o sacerdócio ministerial. Entretanto, não há algum dado que comprove ou aponte para isso! O que temos, desde um ponto de vista histórico, é a convocação de Jesus para que se celebre a páscoa. Não no templo, mas numa casa particular. Não um rito formal, mas uma celebração "caseira", familiar. Sabemos que, por ser uma celebração pascal, as famílias eram convocadas. Devemos supor, portanto, que não havia só os "doze" e sim, eles com todos os seus familiares (esposas, filhos e pais) ou, pelo menos, os familiares dos que viviam em Jerusalém e redondezas... Sabemos também, que o próprio rito da páscoa hebraica exigia a presença de crianças que, com suas perguntas pré-estabelecidas, pediam explicações sobre os vários símbolos utilizados na festa. Por quê, então, não se faz nenhuma menção a isso? Anvaçamos a hipotese de que a versão da "última ceia" tenha sido uma "apropriação" da igreja cristã incipiente que manifestava os seus primeiros "surtos hierárquicos e...exclusivistas".....Mesmo assim, ela não pôde deixar de colocar na versão da última ceia o seu caráter subversivo, a saber: 1. O templo não é mais o lugar da celebração da vida, da libertação, do fim da escravidão. Lá não se pode mais "fazer memória". 2. A ceia do Senhor não é, portanto, memória de "sacrifícios e imolações" e sim, momento de "comum-união, fraternidade, divisão de bens, fim de toda exclusão e de toda norma de pureza ou impureza...." 3. Fazer memória da Ceia do Senhor é a assunção do compromisso de arcar com as consequências da partilha do pão, ou seja servir a humanidade faminta e denunciando os abastecidos que negam a vida!
Isto não é missão de "doze" pessoas, mas como o próprio número simboliza, é missão da "totalidade" dos homens e mulheres que como "reino de sacerdotes e sacerdotisas" se colocam a serviço da comunhão e da vida...FAZENDO A EUCARISTIA ACONTECER!

quarta-feira, 19 de março de 2008

São José, o educador de Jeshuá

Lembrei-me que hoje é a festa de São José. Engraçado: Jo-sé tem o mesmo significado que a palavra Je-sus: Javé-salva! Apesar dos pouquíssimos dados que possuímos sobre a pessoa histórica de José, podemos deduzir que José teve participação ativa no diálogo intra-familiar para planejar a educação do filho Je-sus segundo um determinado horizonte. Ou seja, deve ter havido um compromisso da família para iniciar e socializar Jesus a incorporar uma idéia de Deus que não fosse aquela vetero-testamentária. Um Deus onipotente, todo-poderoso, Rei dos exércitos, vingativo até a quinta geração, etc. Jesus foi simplesmente educado a ter uma relação de confiança num Deus que era amor, pai, misericórdia. Parece-nos lógico deduzir isso justamente ao olharmos o comportamento do Jesus adulto descrito e interpretado pelos evangelhos. Se Je-sus foi educado a ser sinal de um Deus que salva e não condena e não pune, conforme o seu próprio nome indica, é porque os seus educadores (Miriam, Jo-sé, avós, tios...) o acompanharam sistematicamente e o orientaram para esse fim! Gosto de ver José sob esse prfil, o de educador. A não ser que alguém ache que Jesus já o sabia todo desde que nasceu!!!! E que não precisasse da ajuda e do acompanhamento de ninguém. Não é o nosso caso. Jesus homem, como qualquer ser humano aprendeu e incorporou conhecimentos mediante ações concretas, fazendo, imitando, experimentando, ouvindo, comparando...
José deve ter sido um ótimo exemplo para Jesus. E como foi!

Índios Ka´apor denunciam extração ilegal de madeira da área indígena Alto Turiaçu

Quero, como início de conversa, apresentar um documento elaborado por algumas lideranças indígenas Ka'apor do Maranhão sobre o que vem ocorrendo na sua área indígena Alto Turiaçu. A denúncia-ofício foi dirigida ao Procurador da República no Maranhão. Algo espantoso.


São Luis, 29 de fevereiro de 2008

OFÍCIO 01/2008

Prezado senhor Procurador
queremos denunciar e exigir a imediata instauração de inquérito policial para apurar e punir os responsáveis de fatos criminosos abaixo citados que vêm prejudicando o ambiente, a integridade física e cultural do povo Ka’apor e da nossa área indígena Alto Turiaçu em que vivemos.

1. Constatação de extração ilegal de madeira nobre, em grandes proporções, tendo como entrada a cidade de Maracaçumé, seguindo para as localidades Barro Branco, Bom Lugar, Quadra 50, Quadra 60 e outras localidades próximas, de onde dezenas de caminhões madeireiros se adentram, diuturnamente, na nossa área. Além disso, registramos na região a presença perniciosa de plantadores de entorpecentes e a existência de um garimpo na localidade conhecida como Serra Grande dentro da nossa área, ás margens do Rio Gurupi.

2. Um segundo foco de extração ilegal tem como porta de entrada a cidade de Centro do Guilherme. Vários madeireiros tais como o Sr. Luiz, residente em Capanema (PA), os senhores Alano, Conceição e Riba, todos moradores do Centro do Guilherme, mediante oferecimento de dinheiro e outras vantagens, conseguiram o apoio-cumplicidade dos dois caciques, Renaxin e Peri Ka’apor, da aldeia Axiguirendá, que fica a 25 Km do C. do Guilherme. Os dois caciques, mesmo não tendo o consentimento da comunidade indígena, vêm praticando o comércio de numerosas espécies de árvore e se beneficiando individualmente, de tal negócio escuso. Queremos denunciar nesse contexto, um fato gravíssimo de abuso sexual (estupro) que ocorreu na aldeia Axiguirendá alguns meses atrás. Um peão do madeireiro Luiz, de que não lembramos o nome, durante uma festa na aldeia, aproveitou da confusão para seqüestrar à força e abusar sexualmente de uma menor Ka’apor, de 12 anos. Pela manhã, a mãe da menina que havia passado a noite à sua procura, ao encontrá-la e ao ter certeza que havia existido violência, chamou os moradores da aldeia. Infelizmente, o responsável foi posto em liberdade pela ordem do cacique Renaxim. Mesmo assim, alguns membros da aldeia denunciaram o fato ao delegado de Polícia do Centro do Guilherme que não tomou nenhum tipo de medida para prender o responsável até o presente momento. O criminoso continua residindo livremente no Centro do Guilherme.

3.Um terceiro foco de extração de madeira incidindo na nossa área é a que tem como base a cidade Santa Luzia do Paruá e tendo como sua porta de entrada a aldeia Ximborendá. Aqui, os madeireiros conhecidos como Geovane, de Buriticupu, o Sr. Ronaldo e o seu irmão Lucivaldo moradores da localidade Limão (Zé Doca), com a cumplicidade dos caciques Eubébio e Coronel Ka’apor de Ximborendá, vêm extraindo sistematicamente madeira nobre da área, sendo ela transportada somente a partir da meia noite. Isto vem causando muita revolta, inclusive, na população não indígena e nos poderes públicos daquela cidade pelo fato de os caminhões estarem transitando em época invernal causando grandes estragos às estradas vicinais reformadas recentemente pela prefeitura. Atualmente, na aldeia Ximborendá assiste-se a uma verdadeira competição interna de grandes proporções onde a venda de madeira escapuliu do controle indígena, e a negociação passou a ser feita individualmente pelos índios causando numerosos conflitos e disputas. O IBAMA e a FUNAI já foram alertados sobre esses fatos, mas nada aconteceu até agora.

4.Um quarto foco de extração ilegal de madeira que vem causando prejuízos incalculáveis à nossa área é o que tem como base e porta de entrada o povoado “clandestino” (por estar na área indígena Awá-Guajá homologada em 2005) Vitória da Conquista, no município de Zé Doca. De Vitória da Conquista, vários madeireiros de que não conhecemos a identidade, se adentram pelas localidades Marronato e Xapu provocando estragos ambientais não somente á nossa área, mas também à dos parentes Awá-Guajá. A madeira extraída é levada às serrarias dos senhores Evandro Neude, Chiquinho e na Serraria Concrene (fabricação de compensados) na região que fica a cerca de 5 Km. do Rio Gurupi. Além dessas três, atravessando o Rio Gurupi, do lado paraense, na região conhecida como “Beiradão”, existem mais três serrarias que “beneficiam” a madeira indígena Ka’apor e Awá-Guajá.

5.Nas imediações da mesma região às margens do Rio Gurupi, a partir da aldeia Sítio Novo, e tendo como protagonistas parentes indígenas existe prática de comércio de madeira serrada já na mata sob forma de pranchas. De lancha faz-se a travessia do Rio Gurupi e vendem-se as pranchas ao Sr. Nelson, do outro lado do Rio. O Nelson é residente na cidade de Paragominas, Pará.

6.Um último foco de extração de madeira indígena, a partir das informações e constatações que possuímos, é o que tem como base de entrada a localidade Ebeneza, município de Zé Doca. Os madeireiros conhecidos como Raimundo Jafin, Maria Valê, Zé Riba e Valdir, todos moradores daquela localidade, conseguiram o apoio-cumplicidade dos parentes Bernardo e Valdeci Ka’apor da aldeia Zé Gurupi. A madeira é levada quase inteiramente às serrarias de Zé Doca e daí para os estados Nordestinos.

Diante do exposto e constatando os inúmeros prejuízos ambientais, sociais e culturais que o nosso povo Ka’apor vem sofrendo, juntamente com o povo Awá-Guajá, PEDIMOS:
a) Uma imediata operação policial para reprimir, prender e processar os responsáveis pelos danos causados ao ambiente e ao povo Ka’apor e Guaja.
b) Confiscar toda a madeira que for encontrada dentro e fora da área indígena e que não tem origem legal.
c) Seqüestrar todos os equipamentos e outros bens que forem encontrados em área indígena e exigir ressarcimento pelos danos causados.
d) Instalação de postos de vigilância/fiscalização em conjunto com IBAMA/FUNAI/PF nos locais mais expostos para reprimir a extração e o comércio da madeira indígena.
Temos consciência da gravidade da situação e dos conflitos existentes e de outros que poderão surgir se tal situação permanecer como está. Entretanto, apelamos para que sejam tomadas medidas urgentes e enérgicas antes que o povo Ka’apor se desagregue de forma irreversível.

Cordialmente

Faustino Rossi Ka’apor
Valdemar Ka’apor

NESTA
Sr. Procurador Alexandre Silva Soares
- São Luis -