domingo, 23 de março de 2008

ELES e ELAS o ressuscitaram e tornou-se o VIVENTE

No nível da fé proclamamos que Deus ressuscitou Jesus Cristo. Tirou-o da humilhação da condenação e morte e devolveu-lhe a dignidade e o prestígio que haviam sido varridos pelo sinédrio e pelos romanos. É a fé que nos faz reconhecer isso! No nivel da historicidade e da vivência existencial a "versão" é outra! Com efeito, a "ressurreição" é uma experiência que é feita só por um grupo, os seus próprios seguidores. O Jesus ressuscitado não "se mostra" aos que não pertencem ao restrito círculo dos seguidores e seguidoras. Podemos afirmar, portanto, que quem na realidade faz a experiência de "ressuscitar" são os discípulos e discípulas de Jesus. São eles e elas que após a dispersão e o desnorteamento procados com a morte do mestre -experiência de aniquilação de toda expectativa e esperança - paulatinamente começam a descobrir o mestre novamente vivo e atuante em suas ações de curar, servir, partir o pão e perdoar. Devolvem ao mestre a "presença" de outrora, agora renovada e mediada por eles e elas. Ao mesmo tempo, os próprios discípulos e discípulas se descobrem a si próprios novamente vivos e atuantes como aos tempos em que o mestre caminhava ao seu lado ao reproduzirem seus gestos, palavras e atitudes. Ao longo dos séculos a preocupação eclesiástica e teológica tem sido a de garantir que o "corpo" de Jesus não tivesse o mesmo fim que o dos comuns mortais. Devia ser, em suas crenças, um corpo espiritual, imortal, não sujeito a nenhuma putrefação. Estudos recentes que analisam e comparam o destino dos crucificados executados pelos romanos informam que a maioria dos corpos-cadávers ficava vários dias na cruz e se tornava alimento para os abutres...o que pode ter acontecido com o próprio corpo de Jesus! O problema para nós é outro: o que Jesus de Nazaré, ou seja, a sua mensagem e prática, - e não o seu corpo - tem a dizer à humanidade? Quem poderá enterrar ou fazer apodrecer as práticas de misericórdia, de acolhida, de respeito, de compaixão do profeta de Nazaré? Isto VIVE...naqueles-as que sabem reproduzir tudo isso. Feliz Páscoa!

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