domingo, 4 de maio de 2008

Ascensão de Jesus: nem mito, nem vôo sideral, mas uma lição de vida!

A Ascensão "ao céu" de Jesus não é um vôo sideral sem retorno. Nem um mito explicativo ou justificativo criado pelas primeiras comunidades. É uma parábola catequética: o justo, o santo - como era comum na época, sob a influência da cultura grega,- era arrebatado ao céu. Ele não podia experimentar a corrupção do corpo, da matéria. Deus o preservava integralmente. Os primeiros cristão re-criam e adaptam à sua realidade concreta essa crença. E a tornam uma ...lição de vida, uma meditação/motivação para não se refugiarem ...no céu, mas ao contrário, construi-lo aqui na terra. Vamos por passos.
1. Ascensão não é um acontecimento histórico, e nem algo separado do "único" acontecimento que é a morte e a "nova consciência" de que Jesus continua vivendo. Resurreição, ascensão, pentecostes são três formas de olhar para um único acontecimento: a morte e a vida nova de Jesus. A sua separação, como se fossem três acontecimentos diferentes, tem um mero caráter didático, para melhor compreender o significado e alcance do "acontecimento".
2. Historicamente, poderiamos dizer que: Jesus morre; os seus discípulos se dispersam, alguns ficando em Jerusalém e outros voltando à Galiléia; algumas discípulas mantêm viva a lembrança de Jesus visitando sistematicamente um lugar onde, supostamente, se encontrava o corpo de Jesus (santuário popular) ; as mulheres e alguns outros discípulos começam a questionar "o grupo dos 12" (os instituídos) para que reconheçam que é possível voltar a sentir vivo o finado Mestre re-percorrendo o seu itinerário sócio-espiritual, curando, partindo o pão, anunciando e denunciando...Outras pessoas começam a fazer a mesma experência, entre os quais Pedro que toma a iniciativa de re-unir o grupo original de Jesus; não se precisa mais de um corpo para "sentir" Jesus vivo e atuante (ascensão), pois os seus discípulos e discípulas estão emprestando o seu próprio corpo-pessoa; eles e elas O tornam vivo e atuante, pois Ele está junto de Deus, na plenitude, no "céu"; eles, agora, sentem que devem anunciá-lo não somente a Israel, mas a todos os povos (pentecostes); vai se diluíndo, aos poucos, a idéia da volta de Jesus, os seguidores percebem que "não é olhando, parados, para o céu" que vão apressar a sua volta, e re-partem para a "sua própria missão".
3. Ascensão, na consciência dos seguidores de Jesus é o reconhecimento que o Mestre era o justo, o santo, que a sua missão não fracassou, que alcançou a plenitude que Ele mesmo havia apontado e tentado construir aqui na terra. O "céu", - visto aqui não como lugar geográfico, mas como símbolo dos valores/tesouros que não se acabam, da plenitude de humanidade inalcançável na experiência histórica, - é, agora, a realidade a ser construída aqui na terra. Longe de ser o lugar onde se refugiar ou um lugar a ser "esperado, "o "céu" representa o nosso macro-sonho de "novos céus e novas terras" a serem transformados e construídos na realidade histórica, mesmo sabendo que aqui fazemos a experiência da "fintude", do "incompleto", do "imperfeito".
" Homens da Galiléia por que ficam aí, parados, olhando para o céu?" A missão dos seguidores de Jesus se torna a de construir na terra o que esperamos encontrar no céu. Se céu representa vida sem fim, sem morte, sem perseguição e tortura, paz plena, felicidade não ameaçada, realização pessoal, etc. pois é agora que tudo isso deve ser construído. Não somente para si, nem para a sua própria nação ou grupo social, mas para " TODOS OS POVOS DA TERRA"...." até os extremos confins do mundo". Afinal, o céu é aqui!

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