segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Assembléia diocesana de Grajaú: as pastorais sociais, missão de Jesus, prática da igreja. PARTE III

5. Qual a pastoral social que Jesus realizava com essas pessoas e qual a sua metodologia específica para elas?
1. Aproximava-se, tocava e se misturava sem medo de se contaminar, ou seja, sem preconceito, com liberdade interior. Nisso ele rompe com o código religioso de pureza legal e questiona a estrutura social e suas divisões sociais. Ou seja, o lugar desse excluído não é a exclusão. Ele pode estar num outro lugar e isso é possível!
2. Procurava trabalhar a cabeça-psiqué, mostrando que não eram malditas e nem castigadas por Deus por se encontrarem naquela situação, aliás, a sua situação seria uma oportunidade/meio para que a glória de Deus (poder transformador) se manifeste em plenitude. Libertava essas pessoas do complexo de culpa e inferioridade que havia sido produzido mediante a cultura e educação da época.
3. As intervenções de Jesus junto aos marginalizados eram sempre uma forma de provocação/denúncia de alguma omissão ou negligência por parte de algumas categorias religiosas ou políticas dirigentes (curas em lugares proibidos, em dias de sábado, apresentar-se aos sacerdotes, parábolas paradoxais polêmicas colocando em maus lençóis as autoridades...) Era come se Jesus as quisesse responsabilizar social e politicamente.
4. Procurava ir às causas geradoras da exclusão. A viagem e chegada a Jerusalém representa a vontade de Jesus em minar e atacar o centro causador e gerador de toda exclusão e suas as raízes culturais, sociais, religiosas, políticas, jurídicas que justificavam a exclusão social e religiosa. A mudança que Jesus propõe não é só de pessoas ou cargos, mas de estruturas e consciências. Não somente novos modelos/sistemas econômicos e políticos ou jurídicos, mas formas novas de pensar e se relacionar com a realidade e com Deus.
1. Para tanto, Jesus ataca definitivamente o templo porque a verdadeira adoração se dá em espírito e verdade e não numa casa sufocada pelo clientelismo e a corrupção das famílias sacerdotais. 2. Fim do sacrifício/altar, pois o verdadeiro amor a Deus se dá na partilha/mesa com os famintos, pecadores, na comunhão com os sofredores e não nas tentativas de cooptar e manipular Deus. 3. Fim de uma espiritualidade/mística alicerçada num deus juiz/senhor/cobrador, pois Deus é pai misericordioso que faz chover sobre os bons e maus, que não exclui e que convida todos os povos a sentar ao grande banquete onde não precisa ter dinheiro para comer. É, enfim, a inversão radical do sistema de valores e prioridades....Não as normas litúrgicas, os cânones cristalizados e fórmulas petrificadas, mas uma ética de vida, a da integridade física e moral de todos os seres vivos!

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