quarta-feira, 20 de maio de 2009

Conscientes de que estamos...tateando e procurando entender

Escrevo de Quito, Equador. Um encontro continental dos representantes das províncias americanas combonianas ao capítulo geral do meu instituto me levou até a capital desse país. Uma cidade rica de história e cultura. Palco de lutas, movimentos, e mudanças. Uma presença indígena maciça e lutadora. Quase 40% da população equatoriana é indígena e sem medo e vergonha não oculta essa identidade. As sociedades indígenas do Equador são hoje o fiel da balança na vida social e política do país. Elas, com suas mobilizações, já obrigaram presidentes da república a se demitirem. Suas organizações, associadas á determinação comum de serem contempladas como povos com direitos e sonhos diferenciados fazem com que nenhum presidente os ignore.
È nessa terra em que se respira história, luta, resistência e cultura viva que nós combonianos somos chamados a responder com ousadia, coragem e criatividade aos novos e velhos desafios que a missão de anunciar a boa nova aos povos hoje nos apresenta.
Os informes sobre a realidade social, política e eclesial de cada província, previamente elaborados e apresentados no encontro, mostram uma realidade extremamente mutante e complexa. A impressão que se tem é que "essa realidade" esteja nos atropelando e arrastando como se fosse um movimento próprio desligado de nós mesmos. Como se ela tivesse vida própria e não fosse originada por nós humanos. E nós, atores principais dessas mudanças, nos encontramos incapazes de compreender o que nós mesmos produzimos.
Descobrimo-nos defasados na nossa linguagem e nos nossos critérios de análise e julgamento. Percebemos o nosso desnorteamento, intuímos que não dá para continuar assim, mas somos incapazes de perceber-intuir-farejar por onde o "movimento da realidade" está nos levando e conduzindo.
Entretanto, hà um aspecto positivo nisso tudo. Todos, aparentemente, temos consciência que estamos tateando e que precisamos entender, buscar, experimentar, dialogar, debater, pois estamos todos, indistintamente, na vala comum dos que estão a procura, sempre.

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