terça-feira, 9 de junho de 2009

Quando a neurose distorce, manipula e suja histórias de vida e dignidades

Quarta feira 10 de junho na aldeia Sabonete do Leão, na Terra Indígena Guajajara-Canabrava, haverá uma liturgia para lembrar o sétimo dia do falecimento do professor Joaquim Guajajara atropelado por um caminhão na semana passada.
Vindo do povoado Sabonete, de bicicleta, onde havia ido para fazer algumas compras, ao regressar, já bem próximo de casa, foi investido por um caminhão ao fazer uma ultrapassagem arriscada de um outro veículo. Joaquim como muitos 'invisíveis' sequer foi notado. Lançado a vários metros e tendo sua cabeça esmagada, Joaquim morreu na hora.
Ele deixa esposa e três filhos, além de familiares e amigos que o estimavam e lhe queriam bem. Deixa, ao mesmo tempo, para eles - e para nós - a árdua tarefa de ‘desfazer’ a versão de sua própria morte... É que a neurose local dos assaltos indígenas no trecho da BR 226 construiu e difundiu uma versão segundo a qual Joaquim teria sido morto ao tentar assaltar um caminhão!
Os familiares, angustiados, além de chorar a sua morte têm que lutar agora, contra o que parece ter se consolidado como a única versão. Joaquim faz parte daqueles mais de 7.000 Guajajara da Terra Indígena Canabrava que lutam e labutam, plantam e trabalham para colher futuro e esperanças sem rapinar nem os sonhos, nem a dignidade e nem os bens materiais de quem quer que seja.
Informações não totalmente confirmadas dão conta de que o caminhão que investiu Joaquim foi parado no posto policial que fica na entrada de Barra do Corda. Não se sabe ao certo o desfecho. Ouso até pensar, - minha neurose - que o próprio motorista para se livrar do flagrante tenha vendido a versão que investiu o Joaquim para evitar ser 'assaltado'....
Ao fazer memória desse irmão, e ao fazer jus à verdade dos fatos, invocamos bom senso, equilíbrio e responsabilidade para não macular mais histórias, vidas e dignidades de pessoas que só tentam construir diálogo e fraternidade entre seus pares!

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