sábado, 25 de julho de 2009

'MULTIPLICAR...O MILAGRE DO PÃO E SE FARTAR DE PÃO' (Jo.6, 1-15)

24 anos atrás era barbaramente assassinado em Cacoal, Rondônia, o missionário comboniano Ezequiel Ramin. Foi vítima de uma emboscada planejada por jagunços a mando de latifundiários da região, com a cumplicidade do então presidente do sindicato dos trabalhadores rurais que se dirigia com o padre para uma missão de mediação de conflito. A ambição, o poder sedutor e corruptor do dinheiro ceifou uma vida que estava se doando para tornar mais humana a vida de outras pessoas!

Ezequiel, por ser padre, está sendo permanentemente lembrado no livro dos mártires, mas quantos outros homens e mulheres dessa terra, - anônimos para a maioria, mas não para os seus familiares e companheiros/as - foram sacrificados no altar do latifúndio? No dia 25 de julho celebramos o dia nacional do lavrador, aquele que produz alimentos para si e para a nação. Aquele que não tem latifúndios e, muitas vezes, nem terra própria. Que não exporta e nem importa. Aquele que não tem incentivos fiscais e nem empréstimos camaradas... Que não viu até agora a realização do sonho da reforma agrária, mas é o responsável pelos 70% dos alimentos consumidos na nação Brasil. De alguma forma, o evangelho de João desse domingo se torna mais claro e compreensível se olharmos para essa realidade: a realidade da produção e distribuição de alimentos, tal como ocorre hoje na nossa sociedade!

1. Jesus sabe que a prática comum é comprar e vender, e provoca os seus discípulos: ‘onde iremos COMPRAR alimentos para essa gente?’ A resposta vem de forma coerente com a mentalidade de mercado: ‘200 DENÁRIOS de pão são insuficientes....’
Duas constatações iniciais aparecem de forma clara: a primeira é que Jesus observa que as pessoas, inclusive os seus discípulos, são vítimas e reprodutoras de um sistema econômico alicerçado no dinheiro, na transação mercantil. Segundo isso, quem tem dinheiro compra, e quem não tem não compra, e passa necessidade. Ao mesmo tempo, nesse sistema, não há espaço para a troca, a reciprocidade, pois tudo é comprado ou vendido. A segunda constatação é que Jesus não está fazendo uma crítica explícita ao mercado em si, mas ele vem circunscrevendo e construindo a sua crítica à utilização do dinheiro/mercado no que tange à questão do acesso/apropriação dos alimentos, e à sua conseqüente distribuição.

2. ‘Um rapaz tem aqui 5 pães de cevada e 2 peixes, mas o que é isso para tanta gente?’ João através desses números (5 +2 = 7) já nos dá uma pista para entender o que Jesus vai fazer. Ou seja, no meio da multidão há alimentos suficientes (7=totalidade) para matar a fome de todos, só que estão concentrados e não distribuídos de forma equânime. É como se houvesse um desencontro sistêmico entre os bens que já existem, que já foram produzidos – e, portanto, que não necessitam ser comprados, – e os que precisam deles (bens) para viver, os seus possíveis beneficiados.
Trata-se, portanto, de facilitar/permitir o encontro entre os bens e os que precisam deles. Trata-se de superar e eliminar a relação mercantil de comprar e vender segundo a qual necessitar-se-ia de dinheiro. Este não resolveria a necessidade/carência, pois a maioria não o tem! É preciso, portanto, proceder para uma justa distribuição dos bens e, principalmente, motivar ‘o rapaz’ que tem os pães e os peixes, para que os coloque a serviço da maioria que está com fome e que não tem nem pão/peixe, e nem dinheiro para....comprar!
Em outras palavras: comida não se vende e nem se compra. Por ser um bem necessário para a manutenção da vida não pode passar pela lógica do mercado. Para Jesus não pode haver especulação com os alimentos: eles devem ser simplesmente distribuídos de forma equânime. Nada mais!
3. ‘Mandai sentar os homens (5.000=número incalculável)...depois tomou os pães e os peixes, deu graças, repartiu-os pelos discípulos e os discípulos pelos que estavam assentados....’ Jesus age como um verdadeiro pedagogo, e não somente como um organizador eficiente. Jesus sabe que a organização é importante para evitar injustiças (alimentar mais um que outro... ou se esquecer de um que tem mais precisão do que outro!), mas mais importante é fazer com que todas as pessoas (5.000=número sem limites!) compreendam e incorporem a NOVA LÓGICA mediante uma prática coerente! Por isso que Jesus faz questão que tudo passe 'pelos discípulos' para que eles possam se apropriar da nova prática de Jesus.
As pessoas, afinal, ao serem beneficiadas com os pães e os peixes deverão por sua vez ‘beneficiar’ outros, distribuir para outros os alimentos necessários e, sobretudo, reproduzir e MULTIPLICAR a lógica e a prática inédita de Jesus.
Nesta lógica não há espaço para aqueles que transformam milho, soja, grãos e alimentos em geral para produzir combustível para ‘falsos bens’ que não são necessários para a manutenção da vida. Ao contrário, provocam o encarecimento dos alimentos de forma a perpetuar o ‘desencontro’ entre os bens essenciais e as pessoas que precisam deles para viver!

Para quem assume a lógica de Jesus haverá sempre ‘12 cestos sobrando’, ou seja, haverá fartura total! A todos/as que produzem e distribuem alimentos, a todos/as aqueles que multiplicam ‘o milagre de pão e permitem se fartar de pão’ a nossa homenagem e a nossa gratidão!
VIVA O DIA DO LAVRADOR!

domingo, 19 de julho de 2009

EDUCAR-SE À COMPAIXÃO PARA SERMOS PASTORES UNS DOS OUTROS (Mc.6,30-34)

Outro dia o meu amiguinho Thiago ao ser flagrado pela tia enquanto estava chorando de saudade do pai que estava longe, e provocado por ela por causa de suas lágrimas, ele se justificou dizendo que era porque era ‘fraco de emoção’. Intervim dizendo que não, que era o contrário. Disse-lhe que ele chorava porque era ‘rico em emoção’! Aquelas lágrimas das quais ele se envergonhava e que interpretava como um sinal de fraqueza eram a manifestação de sua grandeza. Thiago externava, através de algumas reações do seu organismo, o amor que tinha pelo pai que não estava próximo, mas que desejava que estivesse com ele. As lágrimas eram a prova de que ele, Thiago, tinha grandes sentimentos, que tinha a capacidade de se com-padecer.......

Talvez tenha sido esta a mesma reação que Jesus teve ao ver uma grande multidão ao seu redor, pois parecia como ‘ovelhas sem pastor’ (v.34). O evangelista Marcos utilizou a expressão ‘teve compaixão’ – em grego: ’as entranhas se mexeram’ – para descrever uma forte emoção de indignação de um lado, e de extrema ternura e afeto do outro. Indignação por ver um povo desprotegido e pisado, e ternura por querer aliviar seus sofrimentos. Esta parece ser a parte central desse trecho evangélico hodierno que quer apresentar Jesus como o verdadeiro líder do povo, o pastor ideal.
Marcos, de forma sublime, coloca esta passagem logo após a narração da festa do aniversário de Herodes, ocasião em que o déspota, o falso pastor, pede que decapitem João Batista, aquele que denunciava as injustiças e convocava para a grande conversão. Marcos, em outras palavras, nos diz que Herodes é um líder político/pastor sem compaixão e que alheio à dor humana traiu as expectativas do povo ao matar cinicamente um seu defensor provocando a dispersão das ovelhas. Jesus, ao contrário, é o verdadeiro líder/pastor que se compadece/chora ao ver a situação de abandono e dispersão das ovelhas.
A compaixão é fruto de educação e não somente de herança genética. Ser educado a enxergar e a compreender as necessidades, os sofrimentos, os dramas e os sonhos alheios é o primeiro passo para não julgar, condenar, alimentar preconceitos, humilhar e maltratar as pessoas. Jesus foi educado à compaixão, a se indignar com as injustiças e a se alegrar com as pequenas conquistas do dia-a-dia. Compaixão, entretanto, não é tudo. Se de um lado ela ajuda a superar a indiferença e o cinismo humanos, ela é o motor que deve nos ajudar a desencadear ações construtivas junto ás pessoas com as quais entramos numa relação de sintonia e reciprocidade. A compaixão deve motivar as pessoas a ir além de suas ‘fortes emoções’ e como Jesus, começar a ‘ensinar-lhes muitas coisas’ (v.34). Este ensino terá seu desfecho com a partilha dos pães e peixes sem a utilização do dinheiro (trecho a seguir e evangelho de domingo próximo). Ou seja, aprender a partilhar a vida com seus dramas e alegrias, como deveria fazer um verdadeiro pastor.

A compaixão, enfim, é a atitude a ser assumida pelo pastor. De um lado é motor que move e faz sentir/perceber a realidade das pessoas, e do outro, é uma postura a ser assumida como forma de agir/conduzir/coordenar. Não há como negar o sentido ‘político’ que impregna o conceito ’pastor’ direcionado essencialmente a quantos são chamados (ou eles que se acham chamados....) a coordenar/administrar um grupo humano. Entretanto, Jesus dirige seu ensinamento e propõe a partilha como ‘aula prática histórica’ de como ser pastor a todas as pessoas, e não somente àqueles que têm cargos e funções públicas. Todos são chamados a se revestir de compaixão e exercer o pastoreio para com todos. Todos somos ovelhas e todos somos pastores/as. Todos fazemos a experiência de nos sentir dispersos, feridos, pisados e abandonados (ovelhas) e todos temos que assumir o papel/missão de proteger, acolher, cuidar e valorizar (pastor/a).

Só assim podemos de um lado eliminar os Herodes da vida, déspotas e indiferentes à dor alheia, e dar vida a uma multidão de ‘pastores’ carregados de compaixão. Estes serão a realização histórica de que ‘Deus é nossa justiça’ (Jr.23,6)

sábado, 11 de julho de 2009

Itinerantes do Reino, desmascarando os demônios da dependência (Mc.6,7-13)

Hoje, como ontem, Jesus chama e envia ‘todos’ (doze) aqueles que estão dispostos a tornar visível a Realeza de Deus para expulsarem os espíritos impuros do antirreino. Os ‘doze’ representam simbolicamente as 12 tribos de Israel quase todas dispersas e a necessidade de reagrupá-las criando uma nova nação/humanidade.
Parece ser esta a principal dica que Jesus dá aos seus enviados: destruir os espíritos que mantêm escravos os filhos e filhas de Israel (humanidade). ‘Espírito impuro’, com efeito, é tudo o que se opõe à realeza próxima de Deus. Quem é movido pelo espírito de Deus, que é vida e liberdade, tem a obrigação/missão de identificar os espíritos/forças que criam morte e dependência nas pessoas e na nação/humanidade, e destruí-los. Eles tinham nomem concretos à época de Jesus: dominação romana e religiosa (templo), discriminação social e litúrgica (pureza legal), medo e complexos de culpa, injustiça social e omissão nacional perante tudo o que está desagregando a nação/humanidade.
Esse anúncio/testemunho, segundo Jesus tem características metodológicas bem peculiares:

1. ‘Dois a dois’: longe de ser um conselho para a própria segurança pessoal, o fato de ir 'dois a dois' aponta para a dimensão comunitária do anúncio, para que ele seja eficaz.

2. ‘Nem pão, nem mochila, nem dinheiro, nem duas túnicas....’: manifesta não somente a assunção de um ‘estilo sóbrio, desprendido e essencial’ (atitude ascética), mas esses conselhos metodológicos querem ser coerentes com o conteúdo do anúncio e estar em sintonia com as condições de vida, o ambiente social e cultural e as expectativas com as vítimas do antirreino. Sinalizam, de um lado, que a centralidade é o conteúdo/prática do anúncio, e não a pessoa que prega/anuncia, ou seja, o seu poder pessoal ou institucional; e do outro lado, asseguram que para quem se coloca a serviço do anúncio da realeza de Deus sempre haverá quem lhe dará o necessário para viver, ou seja, a gratuidade dos anunciadores encontrará reciprocidade nos que acolhem a mensagem.

3. ‘...na casa em que entrardes, ficai nela até partirdes dali...:Jesus deixa claro, ao mesmo tempo, que o seu grupo é um grupo itinerante, a caminho, em busca permanente das pessoas, das vítimas do antirreino e desejosas de vida plena. Os anunciadores/as de Jesus não são funcionários e assalariados da religião oficial e de suas estruturas. Contrapõe-se, assim, à visão e prática de quantos achavam que se servia a Deus exclusivamente num templo ou numa sinagoga, mediante ritos e sacrifícios e esperando que as pessoas fossem até eles. Jesus tem clareza que se não houver uma ‘mobilização nacional’, a partir do corpo-a-corpo, celebrando e saboreando a alegria de viver e lutar na intimidade familiar (a casa), com visitas, convivências e articulações em larga escala, a realeza de Deus não seria possível!

4. ‘...e quantos não vos receberem, sacudi o pó...': o anúncio da realeza de Deus é sempre proposta. Jamais poderá se transformar numa imposição, lançando mão de ameaças e chantagens morais de qualquer tipo. É convite, é oferecimento gratuito de que adesão à ‘força-tarefa’ em favor do novo jeito de governar de Deus poderá redundar em vida plena e liberdade para toda a humanidade. Entretanto, Jesus quer deixar claro que o seu grupo aderiu a isso, assumiu a responsabilidade de seus atos, e deixa claro que os que se recusam ou se omitem em trabalhar em favor de um novo Israel/humanidade terão que arcar com as conseqüências de suas escolhas.

Acredito que temos nesse trecho evangélico conteúdos de sobra para uma profunda avaliação do nosso ser ‘cristãos’ hoje. Hoje, talvez, tenhamos substituído os conteúdos/valores da realeza de Deus (liberdade, respeito, honestidade, justiça, paz,....) com a mastodôntica parafernália ritualística, normativa, canônica etc. que amiúde esconde as nossas incoerências, cumplicidades e ‘vazios éticos’ e existenciais.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

AWÁ-GUAJÁ: VITÓRIA HISTÓRICA! ENFIM, JUSTÇA!

Saiu, enfim, a sentença definitiva que OBRIGA a União a proceder à efetiva desintrusão da terra indígena Awá-Guajá. O Juiz José Carlos Madeira da 5ª Vara Federal do Maranhão quis emitir uma sentença única para os 15 processos envolvendo a terra Awá-Guajá. Todos os réus foram condenados a pagar multas, custos processuais e despesas com advogados e acolhendo só parcialemente o fato de que somente 11% das terras reivindicadas pela Agopecuária Alto Turiaçu estão fora das terras tradicionais dos índios Awá-Guajá. Abaixo reproduzo textualmente o que o juiz federal determina à União que é o que vale agora! Parabéns ao juiz que elaborou uma verdadeira obra-prima!
Processo n. 2002.37.00.003918-2
AÇÃO CIVIL PÚBLICA
Autor: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Réus: UNIÃO E OUTROS

ANTE O EXPOSTO,
acolho os pedidos formulados pelo Autor (CPC 269 I), condenando os Réus a demarcarem, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da intimação da presente sentença, a Área Indígena Awá-Guajá de acordo com os termos da Portaria n. 373/92 e o Laudo Antropológico elaborado pela Antropóloga ELIANE CANTARINO O’DWYER – produzido nos autos do Processo n. 95.0000353-8 –, seguindo-se os atos de homologação e registro imobiliário.
Por conseqüência, ficam declarados nulos e extintos, “não produzindo efeitos jurídicos” (CF 231 § 6º), os atos que tenham possibilitado a ocupação, o domínio ou a posse de terras situadas no interior da Área Indígena Awá, inclusive aqueles praticados pela empresa Agropecuária Alto do Turiaçu Ltda.
Em prol da efetividade do provimento jurisdicional ora apresentado (CPC 461 § 5º; LACP 11), imponho aos Réus as seguintes obrigações, a serem cumpridas no prazo de 180 (cento e oitenta dias), sob pena do pagamento de multa diária fixada em R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), a incidir após o exaurimento do prazo ora fixado:
(i) remoção de todas as pessoas – posseiros, agricultores, madeireiros etc. – que se encontrarem no interior da Área Indígena Awá-Guajá;
(ii) desfazimento de construções, cercas, estradas ou quaisquer obras existentes no interior da Área Indígena Awá-Guajá e que sejam tidas por incompatíveis com a utilização das terras pelos Guajá;
(iii) colocação de placas ao longo de todo o perímetro da área demarcanda, com indicações didáticas (= que possam ser compreendidas pelo homem comum) de a área indígena ter sido demarcada por determinação da Justiça Federal no Maranhão, com a proibição do ingresso de pessoas naqueles locais sem autorização da FUNAI; e
(iv) divulgar os trabalhos de demarcação perante a comunidade em geral e, em particular, perante os sindicatos, associações, prefeituras, câmaras municipais e outras entidades que tenham interesse direto ou sofram quaisquer conseqüências jurídicas da demarcação da Área Indígena Awá-Guajá. Custas processuais e honorários advocatícios indevidos (CF 128 § 5º II a). Sentença sujeita ao duplo grau de jurisdição (CPC 475 I).
Publique-se.
Registre-se.
Intimem-se.

São Luís, 30 de junho de 2009.
JOSÉ CARLOS DO VALE MADEIRA
Juiz Federal

segunda-feira, 6 de julho de 2009

"MI VERGOGNO DI ESSERE ITALIANO!" Disobbedienza civile SUBITO!

Dopo l'approvazione del pacchetto sicurezza, presa di posizione di padre Alex Zanotelli. Che definisce il provvedimento razzista e xenofobo. Che si vergogna come italiano, cristiano e missionario. E che chiede una reazione forte. Alla sua reazione si unisce quella della Cimi, e della direzione dei Comboniani. Come italiano di doppia nazionalitá, italiano di nascita e brasiliano di adozione, faccio mia la posizione dei comboniani che espongo a seguire.
«Mi vergogno di essere italiano e di essere cristiano. Non avrei mai pensato che un paese come l'Italia avrebbe potuto varare una legge così razzista e xenofoba. Noi che siamo vissuti per secoli emigrando per cercare un tozzo di pane (sono 60 milioni gli italiani che vivono all'estero!), ora infliggiamo agli immigrati, peggiorandolo, lo stesso trattamento, che noi italiani abbiamo subito un po' ovunque nel mondo.Questa legge è stata votata sull'onda lunga di un razzismo e di una xenofobia crescenti di cui la Lega è la migliore espressione. Il cuore della legge è che il clandestino è ora un criminale. Vorrei ricordare che criminali non sono gli immigrati clandestini ma quelle strutture economico-finanziarie che obbligano le persone a emigrare.
Papa Giovanni XXIII° nella Pacem in Terris ci ricorda che emigrare è un diritto. Fra le altre cose la legge prevede la tassa sul permesso di soggiorno (gli immigrati non sono già tartassati abbastanza?), le ronde, il permesso di soggiorno a punti, norme restrittive sui ricongiungimenti familiari e matrimoni misti, il carcere fino a 4 anni per gli irregolari che non rispettano l'ordine di espulsione ed infine la proibizione per una donna clandestina che partorisce in ospedale di riconoscere il proprio figlio o di iscriverlo all'anagrafe. Questa è una legislazione da apartheid, che viene da lontano: passando per la legge Turco-Napolitano fino alla non costituzionale Bossi-Fini.
Tutto questo è il risultato di un mondo politico di destra e di sinistra che ha messo alla gogna lavavetri, ambulanti, rom e mendicanti. Questa è una cultura razzista che ci sta portando nel baratro dell'esclusione e dell'emarginazione.«Questo rischia di svuotare dall'interno le garanzie costituzionali erette 60 anni fa - così hanno scritto nel loro appello gli antropologi italiani - contro il ritorno di un fascismo che rivelò se stesso nelle leggi razziali». Vorrei far notare che la nostra Costituzione è stata scritta in buona parte da esuli politici, rientrati in patria dopo l'esilio a causa del fascismo. Per ben due volte la Costituzione italiana parla di diritto d'asilo, che il parlamento non ha mai trasformato in legge.E non solo mi vergogno di essere italiano, ma mi vergogno anche di essere cristiano: questa legge è la negazione di verità fondamentali della Buona Novella di Gesù di Nazareth.
Chiedo alla Chiesa italiana il coraggio di denunciare senza mezzi termini una legge che fa a pugni con i fondamenti della fede cristiana.Penso che come cristiani dobbiamo avere il coraggio della disobbedienza civile. È l'invito che aveva fatto il cardinale R. Mahoney di Los Angeles (California), quando nel 2006 si dibatteva, negli Stati Uniti, una legge analoga che definiva il clandestino come criminale. Nell'omelia del Mercoledì delle Ceneri nella sua cattedrale, il cardinale di Los Angeles disse che, se quella legge fosse stata approvata, avrebbe chiesto ai suoi preti e a tutto il personale diocesano la disobbedienza civile. Penso che i vescovi italiani dovrebbero fare oggi altrettanto.
Davanti a questa legge mi vergogno anche come missionario: sono stato ospite dei popoli d'Africa per oltre 20 anni, popoli che oggi noi respingiamo, indifferenti alle loro situazioni d'ingiustizia e d'impoverimento. Noi italiani tutti dovremmo ricordare quella Parola che Dio rivolse a Israele: "Non molesterai il forestiero né l'opprimerai, perché voi siete stati forestieri in terra d'Egitto" (Esodo 22,20)»
Triste domenica, domani, col pacchetto sicurezza: i nostri schiavi resteranno in casa per paura delle ronde. Triste domenica, domani: dai pulpiti di ogni culto e religione gli uomini di ogni chiesa dobbiamo urlare contro una legge disumana e razzista. Spero di sentire un urlo più decido dagli uomini e donne della mia chiesa cristiana e cattolica.
Uomini di chiesa, dai nostri pulpiti, domani, gridiamo che è un dovere morale rifiutare leggi che vanno contro Dio e contro il prossimo. Uomini di chiesa, cantiamo domani e sempre il salmo “ Dio protegge l’orfano, la vedova e lo straniero”. Uomini di chiesa, come cantano i Nomadi, urliamo contro i faraoni di ogni colore e bandiera che brindano per la vittoria della loro legge con coppe piene di sangue innocente. Uomini di Chiesa, diciamo agli Italiani di usare il loro buon cuore, e di non lasciarselo avvelenare da leggi selvagge. Uomini di chiesa, saliamo sul balcone con il Santo Padre domani, durante l’Angelus, e gridiamo tutti insieme che quella legge non può essere accettata. Uomini di Chiesa, preghiamo Dio perché perdoni chi ci vuole spingere ad essere “ Caino contro Abele”.
E voi, fratelli missionari, che avete amato l’Africa mentre eravate in Africa…amate l’Africa del dolore e sofferenza arrivata in Italia. Fratelli missionari e sorelle missionarie, i più poveri ed abbandonati li abbiamo in casa: non lasciamoli soli.
Domani, domenica, chiediamo perdono a Dio e contiamo le lacrime di chi è venuto a cercare un pezzo di pane ed un bicchiere d’acqua e viene trattato come delinquente. Contiamo le lacrime di chi si prende cura dei nostri bambini, anziani ed ammalati ed ora, improvvisamente, deve nascondersi e mangiare il pane duro della paura e del rifiuto.

P. Teresino Serra
Superiore Generale
Missionari Comboniani

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Próxima a desintrusão da Terra indígena Awá -Guajá?

O sistema Mirante de comunicação, através do programa 'Bom dia Maranhão" noticiou, ontem dia 02 de julho, que o juiz federal da 5ª vara já estaria com a sentença pronta com relação à desintrusão (retirada de ocupantes) da terra indígena Awá-Guajá. Ainda não se tem conhecimento dos prazos e do conjunto de medidas que serão adotadas para que o processo de retirada dos ocupantes da área transcorra em paz. A secretaria da 5ª vara garante que na próxima semana a sentença será oficialmente publicada. Espera-se que que seja imediatamente executada e que não haja mais delongas. Afinal, essa sentença vem sendo aguardada há mais de 5 anos! A depender dos termos que estarão contidos na sentença esperam-se recursos pelas partes em questão....
A terra indígena Awá-Guajá situada nos municípios de São João do Caru, Zé Doca e Newton Belo, foi homologada em 2005, no dia 19 de abril pelo presidente Lula. Diferentemente do que ocorreu com a terra indígena Raposa Serra do Sol - que sempre esteve nas manchetes dos principais jornais - a terra Awá-Guajá brilhou pelo esquecimento midiático e político. Agora, parece, o governo federal decidiu dar a volta por cima e reconhecer de fato o que a justiça reconheceu a seu tempo. Ao mesmo tempo terá que enfrentar, definitivamente, mais um conflito. De fato, dentro da área encontram-se centenas de famílias, pequenos posseiros, e medios e grande fazendeiros, um povoado (Vitória da Conquista) e outros pequenos centros. Todos eles ilegais!
Ou seja, a grande maioria deles se apossou daquelas terras indígenas após a publicação das portarias de interdição em 1991 e de demarcação em 1992. O povoado Vitória da Conquista, por exemplo, foi criado por pura 'MA FÉ' justamente após a entrega do mapa da nova terra indígena, ocasião em que eu mesmo participei, em 1992, no povoado Nova Conquista. O então lider sindical de Zé Doca, Cabecinha, aliado do então gerente da Agropecuária Alto Turiaçu, Claudio Azevedo, patrocinaram uma ampla mobilização para boicotar incialmente a demarcação e, posteriormente, a invasão pura e simples das terras indígenas criando o povoado Vitória da Conquista.
Outros ocupantes como a Agropecuária Alto Turiaçu, da Shain-Cury, com sede em São Paulo, que se apossou de 38.000 ha. antes da portaria de interdição, explorando madeira nobre e criando gado, já foi cabalmente comprovado que não possui os títulos que afirma ter e que, supostamente, lhes foram concedidos pelo ITERMA que - diga-se de passagem - nunca poderia dar o que não tinha... As terras em questão, com efeito são terras federais e eram 'de interesse federal' desde 1981 (decisão confirmada pelo TJ do Maranhão)...sem falar no decreto de Jânio Quadro de 1961 que declarava todas as terras situadas entre os rios Pindaré e Gurupi como sendo "Reserva florestal do Gurupi'.
Agora o problema é social e político, não jurídico! Onde e como assentar essas famílias? Há um plano para isso, ou haverá a mera realização do despejo? A lei afirma que quem se apossou de 'má fé' não tem direito a nenhum tipo de indenização, mas quais outros problemas surgirão se assim se proceder?

Governo freddo e intollerante si dimentica che gli italiani sempre furono 'pellegrini del mondo"


Oggi è giorno di lutto per l’Italia fondata sul diritto e sulla Carta Costituzionale. Dopo i giorni della presidenza del consiglio trasformata in lupanare all’aperto, ecco i giorni della demenza giuridica e della vergogna di un governo che legifera solo per soddisfare i propri istinti e ignoranza. Due settimane fa il governo doveva varare la legge sulla prostituzione, penalizzando i clienti, su proposta della Mara Carfagna, non sappiamo (o forse sì?) per quali meriti divenuta ministra della moralità e approvata dal presidente del consiglio, «utilizzatore finale» di escort o prostitute a tre zeri.
Qualcuno ha avuto la decenza di rimettere il disegno di legge nel cassetto, in attesa di tempi meno travagliati dalle parti governative. Occorreva qualcosa per distrarre dal porcilaio in cui l’Italia intera è stata annegata dal capo del governo e dei suoi manutengoli. La distrazione nazionale si chiama «il reato di clandestinità» da dare in pasto alle paure indotte dagli stessi che legiferano.E’ legge, dunque, la norma che prevede il reato di clandestinità che per forza d’inerzia farà aumentare i clandestini come funghi dopo la pioggia; i centri di identificazione da luoghi di verifica civile diventano lager consentiti, passando da 60 a 540 giorni (il 900%).
Oggi muore la decenza, muore il Diritto, mentre la stampa pubblica una lettera di un giudice costituzionale, «famiglio intimo» del plurinquisito» capo del governo con cui sfida e sotterra la dignità dell’Alta Corte. Nella legge che dichiara la clandestinità reato, c’è una norma che inasprisce il reato di mafia (il 41bis). E’ una trappola. Vedremo che tutti i governativi e la maggioranza al guinzaglio si farà scudi di questo articolo per screditarsi tutori di legalità integerrima: essi inaspriscono le pene alla mafia, ma fanno eleggere al parlamento e nelle regioni mafiosi condannati o in via di processo.
Se Cristo fosse fisicamente presente in Italia (cosa impossibile perché starebbe a 12.000 km di distanza dal vaticano!), sarebbe clandestino e verrebbe rinchiuso in un lager di «verifica» (?). Per sfuggire alla polizia di Stato, fuggì in Egitto e tornò solo dopo la morte dei suoi persecutori. Ai clandestini colpevoli di essere uomini e donne in cerca di dignità e agli Italiani e Italiane che hanno ancora il senso del diritto, diciamo due cose: noi speriamo che muoiano presto coloro che li perseguitano e da parte nostra combatteremo questa ignominia di cui proviamo vergogna e che disprezziamo come disprezziamo coloro che l’hanno votata.
Il presidente del Pontificio consiglio della pastorale per i migranti, monsignor Antonio Maria Veglio, ha scritto: «I migranti hanno il diritto di bussare alle nostre porte. Basta demonizzare e criminalizzare il forestiero. L'arrivo dei migranti non è certo un pericolo. Sbagliato trincerarsi dentro le proprie mura». Gli fa eco il segretario del pontificio Consiglio, monsignor Agostino Marchetto: La nuova legge porterà «molti dolori e difficoltà agli immigrati» e noi aggiungiamo anche all’Italia perché farà aumentare in modo esponenziale la clandestinità.Il catto-fascista Gasparri, insieme con gli altri governativi cattolici «similpelle» dichiara di «essere orgoglioso».
Di fronte all’Italia che di degrado in degrado corre verso il buco nero dell’indecenza generalizzata, non riusciamo ancora ad udire un belato, un vagito, un gridolino della gerarchia cattolica che pare abbia assunto come nuovo stemma le tre scimmie storiche: non vede, non sente e non parla. La luce che doveva stare sul monte per illuminare le coscienze, è stata spenta e messa in sicurezza sotto il moggio, chiusa a chiave e la chiave buttata a mare. Il silenzio dei vescovi è un peccato contro lo Spirito che non sarà perdonato né in cielo né in terra.
(Articolo di Don Paolo Farinella -2 luglio 2009)
In tempo: ieri, 2 di luglio il presidente del Brasile Lula ha sanzionato un progetto di legge concedendo anistia a tutti gli 'stranieri' giunti 'ilegalmente' nel Paese a partire dal 1 febbraio di quest´ anno. Una bella risposta, forse non programmata, a quella del governo italiano e della sua Corte Suprema!