sábado, 13 de março de 2010

O celibato dos suspeitos. Vamos fazer limpeza na igreja, mas também na sociedade!

Aqui abaixo um interessante artigo do Pe. Filippo di Giacomo publicado pelo jornal 'LÚnitá' e tirado por mim do site do Instituto Humanitas Unisinos sobre as numerosas denúncias de pedofilia na igreja.
Nestes dias, já se leem argumentações inclinadas a demonstrar como os atos de pedofilia clerical estariam relacionados ao celibato dos padres, a uma regressão sexual induzida, referente à formação oferecida nos seminários menores (praticamente desaparecidos há 40 anos), segundo um modelo imposto pelo Concílio de Trento, na segunda metade do século XV. Na realidade, o celibato existe desde 306, desde o Concílio de Elvira (nome de Granada na Hispânia romana), na Igreja do Ocidente tornou-se regra indiscutível ainda no século IV, quando Agostinho sugeriu a adoção da disciplina monástica a todos os seus padres.
O celibato deu prova de poder garantir uma estrutura psíquica que favorece a independência e a disponibilidade existencial e continua representando um dos carismas que a Igreja Católica testemunha no cristianismo global.E também no sacerdócio célibe, os homens sadios nunca conheceram o desenvolvimento de atrações eróticas com relação a crianças como resultado da abstinência.
Nos mais de 80 casos de abusos denunciados na diocese de Boston, a primeira circunscrição católica a ter chegado à mídia por causa da pedofilia difundida, só quatro foram reconhecidos culpados. Na Irlanda, as duas comissões governamentais que investigaram os cerca de 2.800 casos denunciados, só 10% foram considerados com fundamento. Isso quer dizer que 90% das acusações, mesmo que fortemente midiatizadas, eram falsas.
Existe uma latente e obscura veia fascista nessa persistente tentativa de querer exorcizar no mundo clerical um problema, o do uso e do abuso de crianças, que, em nível global, está vulgarmente estruturado em toda categoria profissional e abraça a pedofilia assim como a pornografia, o turismo sexual, a prostituição, a exploração do trabalho infantil, a mendicância escravista.
Não é por nada que, nesta terça-feira, o padre Federico Lombardi lembrou que: "Na Áustria, em um mesmo período de tempo, os casos confirmados em instituições ligadas à Igreja foram 17, enquanto houve 510 em outros ambientes. Também é bom se preocupar com esses". Pode-se notar como a onda europeia de midiatização de massa dos abusos católicos ocorra em um contexto ambíguo.
De um lado, é quase certo que Bento XVI manifestou sobre o assunto uma firmeza disciplinar que não deixa dúvidas nem dentro, nem fora da Igreja. De outro, a virulência dos ataques anticatólicos são enfatizados pela imagem de isolamento do Pontífice, devida verdadeiramente a uma máquina curial e administrativa que não lhe parece fiel e que é descrita à opinião pública como não controlada por ele.
No jornalismo eclesiológico e canonístico fora da Itália, desde o final dos anos 60, se questiona (é famoso o artigo que significativamente tinha o título "L'Eglise à l'heure du management", A Igreja na época do 'management') se o catolicismo ainda precisa de uma Cúria que ocupa cerca de 2.800 pessoas, impermeável às voluntariosas tentativas de Paulo VI e João Paulo II para torná-la eclesialmente compatível com a Igreja real, capaz (como demonstram os casos de certos "cavalheiros" do Papa) só de internacionalizar os atávicos privilégios e vícios.
No editorial de setembro de 1997, o então diretor de Jesus (revista mensal dos padres paulinos italianos), fez ricochetear na Itália uma proposta muito séria, levada adiante por alguns bispos norte-americanos: abolir a Cúria sem mais demora. Então, o diretor perdeu seu posto. Agora, se o seu sonho se tornasse realidade, quem bateria palmas seria, provavelmente, a Igreja inteira.

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