sábado, 15 de janeiro de 2011

'conhecer' os sinais. Ser sinais para o mundo! (Jo.2,29-34)


Vivemos em uma realidade que lança a cada instante, como uma metralhadora automática, inúmeros sinais. Mensagens, informações, símbolos, notícias, versões das mais variegadas. Nem sempre há uma lógica por trás de tudo isso. Nesses permanentes bombardeamentos e emaranhados de sinalizações fazemos a experiência de uma certa perdição. Sentimentos de desnorteamento parecem nos dominar. Sentimo-nos deslocados no nosso mesmo local em que vivemos. Parece que tudo o que considerávamos como referencial de vida, de hermenêutica, de análise da realidade, de repente, se esvaiu. Não sabemos o que pegar, o que reter. O pouco que seguramos o consideramos, logo a seguir, inadequado para dar conta da nossa sede de compreensão da realidade. Do que somos nós, do que queremos, do que desejamos ser num futuro próximo. Não deixa de ser uma ‘crise existencial’ que ajuda a nos re-situar no ‘local-contexto’ onde estamos. E descobrir quais ‘sinais’ - entre as miríades que existem – podem dar sentido ao nosso existir. Esses serão os sinais que temos que....segurar.

Com as óbvias diferenças essa foi a crise pela qual passou também João e Jesus de Nazaré. É caminho obrigatório para todo ser humano que busca dar um sentido ao seu ‘estar no mundo’. João havia descoberto que tinha uma missão para com Israel: a de despertá-lo sobre suas próprias contradições. Mostrando que estas estavam tão agudas que o levariam à destruição, caso a nação não mudasse de rumo. Escolheu como ‘sinal’ o batismo de água. Expressão de real compromisso das pessoas em construir um novo Israel. Ele mesmo, João, torna-se ‘sinal’. Tudo parecia correr bem para ele. As ameaças, as condições para receber o batismo, a apresentação de um Deus terrível e vingativo mexiam com a cabeça das pessoas. Talvez mexessem muito menos nas suas atitudes e opções de vida! Com o aparecimento de Jesus de Nazaré João entra em crise. Descobre que a sua estratégia para re-erguer Israel talvez não fosse tão acertada como imaginava.

Jesus ao se colocar no mesmo nível que as pessoas ‘penitentes’ e necessitadas de mudança, de conversão, de batismo de transformação lança um sinal inequívoco para João e para Israel. A redenção de uma nação não se dá colocando-se acima dela, proclamando de forma moralista a sua mudança. Mas envolvendo-a como um todo, e reconstruindo-a com ela (entrando na fila comum como fez Jesus). Não julgando os outros e se colocando numa situação de superioridade moral, de suposta absoluta integridade e pureza, mas trabalhando no mesmo nível daqueles que procuram re-erguer Israel a partir de suas próprias contradições. Pessoais e coletivas.

João que era um sinal, – um entre muitos, – sinaliza que o verdadeiro ‘Sinal’ a ser segurado com força, agora, era Aquele que não batizava com água, mas que ‘batizava’ a partir das consciências, do coração, da compaixão. Aquele que - misturado entre os comuns penitentes - queria construir com eles, e não à margem deles, um futuro totalmente novo para Israel e a humanidade. Descobrir quais são os sinais que a humanidade hoje necessita para se descobrir como humanidade e que tipo de sinal nós podemos ser no meio dela é um desafio que nos acompanhará a vida inteira. Só não podemos deixar de ser...’sinal’ de esperança para quem parece ter renunciado a se re-erguer!

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