quinta-feira, 10 de março de 2011

Após 200 anos de Grajaú racismo marca a convivência social. Reconciliação já!

Grajaú, cidade do sertão maranhense está em festa. Comemora os seus 200 anos de existência como cidade. É a forma tradicional, tristemente consolidada de reconhecer a existência de um aglomerado humano só a partir da chegada de...’brancos’. Havia indígenas, e muitos, antes da chegada desses estranhos não indígenas que começaram a tomar de conta de territórios destruindo suas matas com o pretexto de plantar e colher.

A história, ao longo desses dois séculos, se encarregou para criar uma progressiva convivência, embora tensa e conflituosa. Duzentos anos, contudo, parecem não ter sido um período suficiente para algumas pessoas de Grajaú para entender que chegou a hora de abandonar atitudes racistas e bárbaras. Aconteceu justamente nesses dias no povoado Remanso, a poucos quilômetros de Grajaú. Alguns moradores do Povoado Remanso foram ao encontro da diretora Alessandra Sousa Alberto, da Escola Municipal Sirino Rodrigues. O motivo: protestar e exigir que a diretora suspendesse a matrícula de oito crianças indígenas da Nação Guajajara na referida escola do povoado. É bom recordar que Remanso é constituído de famílias retiradas do Povoado São Pedro dos Cacetes, quando em 1996 aconteceu a demarcação definitiva da Terra Indígena Canabrava. Um conflito que já durava mais de vinte anos.

À exigência destes moradores somou-se à cumplicidade e a arrogância do vereador Sebastião Leão, que endossou o protesto ameaçando a diretora. Apesar das ameaças Alessandra manteve-se firme. Alegou que as crianças indígenas tinham o direito de estudar ali. Um direito que a Constituição lhes garantia. Que o passado de rixas e preconceitos precisava ser superado. Diante da postura firme e cidadã da diretora Alessandra, como também da diretora da pré-escola Cleonice Chaves, os insatisfeitos, acompanhados pelo ‘digníssimo’ vereador, foram ter com o secretário municipal de educação, Antonio Carlos dos Santos Carvalho que, num primeiro momento, tentou dissuadi-los. Os revoltosos ameaçaram, então, derrubar a escola caso a Secretaria de Educação não tomasse providência, e a diretora sairia junto com as crianças indígenas.

As famílias indígenas, constrangidas, para não agravar o conflitos, re-matricularam suas crianças em duas escolas da cidade de Grajaú: Marli Araujo e Paulo Ferraz. E a Secretaria de Educação disponibiliza diariamente o transporte para elas. Agora espera-se que o Ministério Público Federal intervenha e puna os ‘racistas’ de Grajaú pelo crime de racismo. Crime que pela Constituição Federal do Brasil é inafiançável. Infelizmente, as políticas de ‘reconciliação’ adotadas pelo presidente Mandela na África do Sul para ‘perdoar’ e ‘construir’ com os seus antigos perseguidores uma nova noção ainda não chegaram a esse município!

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