sábado, 16 de julho de 2011

joio e trigo: convivência tensa mas necessária para construir uma nova humanidade! (Mt.13, 24-33)



Muitas vezes diante de situações de conflitos ou de tensão experimentamos angústia. O conflito realmente incomoda. Irrita. Deixa-nos preocupados e tensos. Mas a angústia surge também como fruto da nossa inadequação. Sentimo-nos despreparados para compreender o tamanho e as ramificações do conflito. E entender a sua complexidade. Percebemos e sentimos a nossa inadequação em encontrar saídas e soluções imediatas. Imediatas, porque não queremos prolongar a nossa angústia, e o nosso mal-estar. Ocorre que, diante disso, freqüentemente, - com o intuito de nos livrar desse estado de inadequação - adotamos medidas não refletidas. Tomamos decisões que num breve espaço de tempo se verificam equivocadas. Ao mesmo tempo, numa situação de conflito, acabamos casando com uma determinada versão ou nos aliamos com determinados atores e excluindo outros. O que irá produzir reações de outras partes envolvidas. O que fazer? Como se comportar numa situação de conflito explícito?



O trecho evangélico de hoje apresenta a atitude básica de Jesus perante uma situação de conflito estrutural. Conflito, entretanto, gerado num contexto de construção de um novo jeito de sermos humanos. Na construção de um novo modo de administrar pessoas e circunstâncias. De um lado os puros, os legalistas, os bem-comportados, os supostamente eleitos, os fariseus. Do outro, os pecadores, os impuros, os violadores do direito litúrgico, os rejeitados. Os primeiros parecem possuir soluções rápidas e eficazes: demonizar e condenar todos aqueles que não assumem as suas mesmas posturas. Colocá-los à margem, quando não eliminá-los social e religiosamente. Afinal, estes são abortos religiosos ambulantes, tiriricas sociais, inúteis que devem ser extirpados. Jesus, porém, vai na contra-mão dessas atitudes. Convida todos a encarar as situações conflituosas, e a não fugir. E a não emitir fáceis e rápidas sentenças de condenação contra um ou outro dos envolvidos, mas fazer um esforço para compreender as suas razões. Para Jesus, a angústia e o sofrimento interior que muitas vezes carregamos no enfrentamento de um conflito não pode ser pretexto para fáceis julgamentos, soluções sumárias, ou ocasião para assumir posturas intolerantes. Bons e maus não podem ser separados e filtrados de forma clara e certa. Dentro de cada pessoa, afinal, existe o bem e o mal, profundamente misturados.



Cabe, portanto, assumir a consciência-paciência de saber conviver e crescer dentro e junto com inúmeras situações de conflito. Entre ‘bons e maus’, porque nós mesmos somos ‘bons e maus’ ao mesmo tempo! A arrogância de quantos se arvoram a juízes dos demais é um claro sinal de que não é o ‘bem’ que dizem possuir que está dirigindo os passos e as escolhas da sua vida!



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