sábado, 26 de novembro de 2011

Advento: antenado o tempo todo! (Mc.13, 33-37)



Quantas vezes andamos desatentos na vida, e nos deixamos escapar oportunidades únicas? Quantas vezes vivemos desligados com o que ocorre ao nosso redor, e perdemos a chance de encontrar a pessoa certa. Aquela que pode mudar o rumo da nossa vida? Quantas vezes, de forma leviana, por não querer acompanhar ou por não saber interpretar informações, notícias, pesquisas, anúncios quebramos a cara? E permitimos que outros também a quebrem por causa da nossa distração? Quantas vezes achamos que ‘dormir no ponto’ ou ‘estar ligado’ não faz diferença, pois imaginamos que não temos poder para modificar o ambiente em que nos encontramos? Porque achamos que há um destino já escrito que determina tudo com ou sem a interferência dos humanos. Pois bem, o evangelho de hoje nos dá uma aula de vida. De ‘compromisso social e humano’! E de assunção de responsabilidade com tudo o que ocorre ao nosso redor. Enganam-se aqueles que acham que Jesus, na narração evangélica hodierna, esteja se referindo ‘à vinda última e definitiva’ de Deus ou à uma segunda vinda do ‘filho do homem’! Enganam aqueles que acham que Jesus esteja propondo uma acolhida ‘digna’, adequada, a ‘Alguém’ que como ladrão poderia estar chegando nas horas mais impróprias para flagrar os seus filh@s ou empregad@s em alguma contradição...

O horizonte da parábola é a Realeza de Deus. O jeito novo de Deus governar a humanidade. Jesus é um homem/cidadão inserido na história. Antenado nela. Sabe que cabe aos humanos ‘construir’ a nova humanidade a partir daquilo que Deus sonha e quer para os humanos. Jesus não delega para Deus algo que cabe a todos. Ao mesmo tempo, porém, percebe que os humanos confundem freqüente e propositalmente ‘vontade de Deus’ com ‘interesses próprios’. A manipulação e a esperteza estão sempre à espreita. Muit@s, de fato, usam e abusam do ‘nome e da vontade de Deus’ para justificar formas de escravidão e opressão. É preciso, portanto, vigiar. Desmascarar. Revelar. É preciso educar-se e educar ao senso crítico. De quem não bebe tudo o que vê ou que acha que vê. Que não se empolga com atitudes e manifestações espetaculares, - sejam elas sociais, políticas ou religiosas - que apontam para soluções rápidas e fáceis. Mágicas e milagrosas. Que dispensam a responsabilidade pessoal e coletiva. O discípulo de Jesus é aquele que ‘não deixa escapar nada’! É aquele que vive em estado de alerta permanente. Investiga e quer uma explicação para tudo. Que não se distrai mesmo sem renunciar à beleza e ao ‘prazer’ de viver. Que analisa, com atenção, pessoas e acontecimentos. Que intui que nas pessoas e nos acontecimentos é que residem saídas e luzes para a humanidade. Que nelas, se bem discernidas, encontram-se a ‘vontade e a realeza de Deus’! Enfim, que não fica esperando, mas sabe quando faz a hora...
Bom advento!

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