sábado, 5 de novembro de 2011

Óleo da sabedoria para identificar o 'novo/noivo' que já está dentre nós (Mt. 25, 1-13)

Muitas vezes a nossa vida se parece uma infindável espera. Espera por um alguém que nos dê uma grande oportunidade. Ou por um golpe de sorte que mude o nosso cotidiano. Ou que apareça a chance inédita que nunca tivemos na vida. Imaginamos até que se Deus quer, isso poderia se tornar possível. Vivemos à espera de um milagre. Alimentamos assim as nossas expectativas de inédito como se isso fosse o resultado de algo externo a nós. Que independe da nossa capacidade de produzi-lo mesmo querendo. Achamos, no fundo, que se é para acontecer, isso fatalmente acontecerá. Ás vezes consideramos que se não se realizam sonhos e expectativas acalentadas por anos a fio é porque não as merecemos. Ou a humanidade não as merece! A parábola de Mateus parece manifestar de forma plástica o que está no coração e na prática de vida de cada ser humano. Revela, ao mesmo tempo, as atitudes com que podemos e devemos encarar o ‘novo/inédito’ que a ‘realeza de Deus traz para a humanidade. A parábola apresenta essencialmente duas atitudes fundamentais diante disso.
A primeira, a das virgens tolas. É a atitude daquelas pessoas que acham que fatalmente o ‘novo/noivo desejado e esperado’ – o que vai mudar a sua vida - vai vir de qualquer jeito. Com ou sem a sua vontade. Com ou sem a sua abertura e predisposição interior. É uma espera fatalista. Passiva. Estática. A outra atitude é a representada pelas virgens sábias, precavidas. Elas também sabem que o ‘novo/noivo’ esperado vai vir. Afinal, já foi anunciado, está a caminho. Mas sabem que precisam da sua capacidade de saber reconhecê-lo quando chegar. Por isso precisam vigiar permanentemente. Sem cochilar, sem se distrair. Sem perder o foco na sua chegada próxima. E precisam de ‘sabedoria/luz’ suficiente para compreender a sua presença. E permitir que o ‘noivo/novidade’ seja acolhido como ‘chance inédita’. Como aquele que irá permitir a sua entrada para fazer comunhão com ele.
A humanidade, hoje, parece viver dentro de si essas duas atitudes/tendências. De um lado anseia por mudanças profundas e radicais. Cansada de viver numa longa noite sem fim. Mas sente-se incapaz de começar, ela mesma, a produzir as mudanças necessárias. As que ela percebe e deseja. Ao mesmo tempo, o novo que surge dentro da própria humanidade frequentemente passa despercebido. Pois ela imagina que não pode ser fruto de si mesma. Do óleo da sua criatividade e sabedoria. Da sua capacidade de se organizar e de evidenciar valores e ideais que a mobilizam. Do outro lado, essa mesma humanidade percebe que não haverá ‘milagres’. Sinais surpreendentes, externos a ela, que irão trazer ‘o novo/noivo’ a que ela aspira. Sente que deve possuir sabedoria interior para reconhecer o noivo/novo que já está dentro dela. Sente que aparecem situações, oportunidades e chances que nunca mais irão voltar. Que se não as aproveitarem, a porta se fecha. O futuro inédito, portador de vida e comunhão, será definitivamente prejudicado. Muito óleo/luz para identificar o noivo que já está dentre nós!

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