sábado, 31 de dezembro de 2011

Reproduzir a vida que recebemos do 'passado velho' ......

Qualquer pessoa de bom senso não aguarda o último dia do ano para fazer uma avaliação do que realizou ao longo desse período. Avaliação e balanço se dão ou deveriam se dar de forma sistemática e permanente. Inclusive porque o último dia do ano civil é de longe o mais inadequado por óbvios motivos! Nós humanos precisamos de ‘tempo’ para poder analisar e interpretar o impacto dos acontecimentos sobre nós mesmos. As derrotas e as perdas de hoje podem ser as conquistas e os ganhos de amanhã. O que hoje parece fracasso pode representar no dia seguinte uma oportunidade excelente de amadurecimento e crescimento. Com muita pressa e superficialidade queremos varrer e descartar o ‘velho’ ano achando e aspirando obter mais vantagens e ganhos no ‘novo’ ano que está a iniciar. Temos dificuldade em perceber que as conquistas e as perdas futuras são ‘construídas no passado’, mesmo que recente. Não aparecem como conquistas repentinas ou como desgraças fulminantes em céu de brigadeiro. A história da humanidade, da existência humana, mesmo que aos nossos olhos possa parecer como resultado de grandes rupturas ou de processos acelerados, encontra bases e raízes em escolhas, decisões, opções realizadas anteriormente ao presente em que vivemos, e ao longo de tempos extensos. Então, aqui vem a pergunta: por que dar ‘adeus’ ao ano velho? Por que não reconhecer que se nós somos o que somos é pelo que fizemos e temos sido nos instantes anteriores? Por que não mergulhar definitivamente na universal e sublime respiração do universo que não conhece pausas e nem interrupções, e nem etapas cronológicas ‘finitas’? Por que não se sentir permanentes construtores e co-criadores de vida nova sabendo que ela é nova porque outros semearam vida e produziram condições para que nós hoje e amanhã possamos sentir a beleza de viver essa vida nova eternamente mutante? E que bonito saber que nós hoje e sempre estaremos construindo mais vida para outros que virão depois de nós!
Pensemos, agora, por um instante....E se em lugar de recebermos e construirmos vida e novas condições de existência humana mais digna recebemos e construímos destruição, morte, violência, indiferença....? De quem será a responsabilidade? De uma herança recebida de um ‘genérico ano velho’ que não soube produzir o esperado? De um destino que nós humanos impotentes não conhecemos e nem podemos mudar? Entra ano, sai ano, nós continuamos divididos entre a pulsão criadora e destrutiva, diabólica e simbólica que possuímos e que temos que administrar dentro e sobre nós mesmos, e o ambiente que nos hospeda. Desejo que os humanos se sintam sempre mais co-construtores de vida para os seus semelhantes, para a Gaia-terra e para o universo inteiro!

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