terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Foi dada a largada para as celebrações dos 400 anos. 400 anos de que, mesmo?


Sábado, 25 de fevereiro, no Castelinho, foi dada a largada solene às celebrações dos 400 anos da chegada do ‘evangelho’ ao Maranhão. Para a igreja católica parece ser isso. E, talvez, alguma coisa mais! Para outras instituições ou setores da sociedade certamente serão outros 400...Tipo: 400 anos da chegada dos europeus (se bem que os espanhóis já haviam pisado o nosso solo maranhense bem antes!); 400 anos de colonialismo e dominação; 400 anos....de ‘sei lá mais o que’.... É um fato que a fatídica data acaba congregando, embora com diferentes interesses e objetivos, estado e igreja. Trono e altar. Um ‘assemblage’ explosivo que se pensava definitivamente superado, mas que volta e meia vem à tona. Os 400 anos parecem quebrar aquela legítima separação, - mesmo que simbólica, - que se pensava consumada e enterrada. Os 400 anos parecem romper as legítimas autonomias e os convenientes ‘distanciamentos’ institucionais. No ‘Castelinho’, - que contava inclusive com a presença do ‘próprio’, à sombra do seu ‘irmão maior, o Castelão’- transformado pela ocasião em templo eclético, assistimos com certa perplexidade, simultaneamente, à execução dos vários hinos, ao hasteamento das várias bandeiras, à patética representação do primeiro encontro dos Tupinambá com os frades capuchinhos (da França, e não da Lombardia), ao planejado e já manjado 'descuido do primeiro cidadão’ da cidade na hora de receber a hóstia. Temia passar inobservado pelo povo dos fiéis e, claro, pela imprensa!

Bom, é difícil afirmar qual será o saldo de tudo isso depois de setembro de 2012. Gastos e investimentos, promoções e mobilizações tendo como pano de fundo os 400 anos serão com certeza uma bela vitrina para muita gente e uma excelente oportunidade para algumas ‘empreiteiras...amigas’.
Uma ocasião única para românticos oportunistas declarar o seu eterno e mal-disfarçado amor para uma cidade e para um Estado que sempre foram objeto de saque por gente de fora e de dentro. Cidade e Estado que foram palcos de derramamento de sangue de quilombolas e de índios, de lavradores, de funcioários públicos, de operários e de gente que, ‘estupidamente’, tem teimado em ficar do seu lado. Mais uma eternidade de justiça e paz para São Luis e o Maranhão!

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