sábado, 3 de março de 2012

Quem ama não adoece. O bem-amado não desespera diante da cruz! (Mc.9,2-10)


Não há como negar que uma pessoa fisicamente doente pode melhorar ou até se restabelecer plenamente quando tratada e cuidada com amor. Quando as terapias médicas e os remédios químicos são ladeados por gestos de bem-querer, de proximidade afetuosa, de carinho autêntico. Ou, quando na solidão da dor temos força para fazermos memória das experiências bonitas de verdadeiro amor que marcaram a nossa vida. Em outras palavras, nós adoecemos não somente quando somos invadidos por exércitos de bactérias, de micróbios e de outros elementos patogênicos, mas quando não nos sentimos suficientemente amados. E quando não conseguimos amar de forma intensa e pura. A experiência negativa nessa dimensão abre as portas a todo tipo de mal-estar, de revolta interior, de agressividade, de infelicidade. Adoecemos, e fazemos adoecer!
O Jesus de Nazaré que por ocasião do seu batismo foi declarado ‘o filho bem-amado do Pai’(1,11), - e por Ele enviado para amar como um pai de verdade, - é o mesmo que é confirmado como ‘o amado’ (v.7) na hora em que vislumbra ser abandonado pelo próprio Pai: ‘Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?’ (Mc.15,34). Na hora de mergulhar nas trevas do abandono, da solidão, da incompreensão Jesus é chamado a extrair de dentro de si, de suas ‘entranhas geradoras de compaixão’ aqueles sentimentos de amor intenso que haviam marcado intensamente a sua relação com o pai. Jesus experimenta em si mesmo o que significa se sentir amado e abandonado ao mesmo tempo. Querido e rejeitado. Acolhido, protegido, e marginalizado e esquecido, simultaneamente. Graças à consciência/certeza de se sentir o ‘filho bem-amado’ do Pai, Jesus não se deixa invadir e possuir pelo ‘vírus’ do desespero e da desistência. Sente-se amado mesmo quando as aparências parecem negá-lo. O pai não livra Jesus da cruz. Nem ameniza os seus efeitos. A cruz permanece cruel e desumana. Continua sendo um veículo de morte e de humilhação. Um opróbrio. Jesus, porém, a encara e a enfrenta de forma integralmente nova.......

........Da mesma forma que muitos filhos/as ou esposos/as assistem, protegem e zelam com amor paciente e delicado os corpos dilacerados pela doença de um pai ou de um esposo ou de um filho/a. Aquele amor talvez não seja suficiente para curá-lo/a, mas lhe permitirá enfrentar o seu calvário com uma força e uma esperança desconhecidas. Não a força e a esperança da ilusão, da auto-sugestão, e nem das inúmeras banais promessas miraculosas, mas força e esperança que brotam como fruto maduro do poder grandioso e singelo do amor. Do bem-querer que não permite largar a pessoa amada nem quando a doença, a dor e a cruz a ‘DESFIGUROU’! Que essa Campanha da Fraternidade nos ajude a fazermos a experiência de nos curar, - e a curar o universo inteiro, - no amor verdadeiro! Que transcende e TRANSFIGURA!

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