sexta-feira, 6 de abril de 2012

Semana Santa IV - O povo palestino crucificado pelos Pilatos israelitas!

Ainda hoje há muito debate sobre os verdadeiros motivos que determinaram a condenação legal de Jesus à morte. Muitas vezes afirma-se que Jesus foi morto porque se opôs a isto e àquilo. Ou que foi radical nisto e naquilo. Ou até que ele se havia definido ‘filho de Deus’.....como se isso tudo merecesse morte de cruz.....É bom lembrar que também naquela época, seja num tribunal romano bem como num sinédrio, havia leis, e estas deviam ser respeitadas. Embora admitindo que, como também hoje ocorre, há abusos. Em outras palavras: para matar Jesus devia-se ter um pretexto-motivo legal. Qual foi? Um primeiro elemento a lembrar é que Jesus foi executado pelos Romanos mediante a pena que eles previam para quem atentava à soberania do Império: crucifixão. Os Judeus não conseguiram encontrar um motivo sequer que pudesse se encaixar em sua complexa legislação para merecer a morte por apedrejamento. Alguns estudiosos afirmam que o silêncio de Jesus perante o sumo sacerdote merecia a morte, pois estava previsto no livro do Deuteronômio. Mas isto já havia ocorrido em outras ocasiões com outras pessoas e não se havia apelado a essa lei para condenar um judeu à morte! Certamente o sinédrio se tivesse encontrado qualquer motivo legal, mesmo assumindo a responsabilidade de se manchar com o sangue de um co-nacional, o teria feito. Em que pese a tradição, - lamentável e injusta, diga-se de passagem, - de responsabilizar os judeus, genericamente, pela morte de Jesus, essa história não se sustenta. A prova cabal é que morreu na cruz dos romanos e não numa praça pública por apedrejamento!

Pelos relatos da paixão, - que não são plenamente históricos, mas essencialmente teológicos, não emerge o elemento legal. Dizer que Jesus se declarou rei e que isto ameaçava o poder do imperador, além de ridículo não corresponde à verdade histórica e a dos próprios evangelhos, pois Jesus em momento algum afirmou isso. É mais provável que Jesus tenha morrido por causa de um flagrante abuso de poder cometido por Pilatos. Ele simpesmente exorbitou de suas funções e poderes. Não possuía motivos legais, mas mesmo assim o crucificou. Por motivos que ignoramos, mas certamente em conluio com o sinédrio. Sem direito aparente a uma defesa (defensor público) Jesus foi vítima de um governador que pisou flagrante e criminosamente nas leis vigentes.

Espero que hoje na celebração da sexta feira santa não se reze pelos Judeus (mais uma vez tomados na sua totalidade!) pelo fato de eles serem ‘os assassinos’ de Jesus ou pelo fato de esperarem ainda um messias. Se é para rezar por eles é, no caso, para pedir que Deus arranque o coração de pedra que existe no atual e nos anteriores governos de Israel. Governos indiferentes à dor humana, que continuam a massacrar o povo palestino, crianças, mulheres e velhos, só por represália a grupos radicais que atentam...à sua segurança nacional. Os abusos de Pilatos que outrora vitimaram Jesus, um judeu, estão sendo incorporados e perpetuados por governos israelitas. Sem pena e sem dor. E diante da indiferença do mundo! Que o sangue desses inocentes recaia sobre eles e seus filhos!

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