quinta-feira, 31 de maio de 2012

'Dom Pelé' em São Luis! Uma testemunha vivente de uma igreja aberta e fraterna!

Ele tem 93 anos. Continua lúcido, contundente, incisivo nos gestos e nas palavras. É o bispo emérito Dom José Maria Pires, popularmente conhecido como Dom Pelé. Está em São Luis nesses dias para participar de um simpósio sobre ‘Religião, carisma e poder: as formas da vida religiosa no Brasil’ que se realiza no centro de Ciências Humanas da UFMA, São Luis, de 29 a 01 de junho. Dom José Maria veio falar especificamente sobre o sentido do Concílio Vaticano II de que celebramos justamente nesse ano o 50º aniversário e do qual ele mesmo participou. Hoje pela manhã estava na sala de reuniões do arcebispado, diante de uma platéia de 50 padres, acompanhado pelo arcebispo Dom Belisário, o auxiliar Dom José Carlos e outro grande estudioso da igreja, padre José Oscar Beozzo. Foi este que iniciou contextualizando a ‘primavera da igreja’ como foi definido o Concílio à época. Dom José Maria, a seguir, descreveu em quatro pontos centrais a importância e a revolução que esse Concílio Ecumênico produziu na igreja católica e nas igrejas cristãs. Segundo Dom José Maria o Concílio permitiu que a igreja católica conhecesse a multiplicidade de ritos e estruturas eclesiais que surgiram ao longo dos séculos. Que permitiu à igreja reatar o diálogo com essas  outras igrejas cristãs, apreciando-as e valorizando-as, sem ‘lançar anátemas’ como costumava fazer até então.. Que começasse não somente um diálogo franco e aberto com elas, mas com a própria sociedade considerada espaço de perdição e de afastamento de Deus. A partir do Concílio Vaticano II a igreja já não se colocava como a ‘dona da verdade’, mas procurava as integrar ‘diferentes verdades’ espalhadas. Essencial e de importância incalculável desde um ponto de vista teológico foi, segundo o bispo emérito, a afirmação clara e decidida do concílio de que a igreja é ‘povo de Deus’, comunhão de homens e mulheres. A conseqüência disso é que todos indistintamente, homens e mulheres, por serem batizados participam de igual maneira do sacerdócio de Cristo. Dom José Maria não escondeu também as tentativas e as formas de sutil manipulação exercidas pela Cúria Romana na hora de regulamentar esses princípios teológicos. Os dois convidados direcionaram suas intervenções para padres que hoje pouco sabem sobre a importância do evento eclesial ecumênico em 1962. E que correm o perigo de negar através de atitudes clericais e legalistas a luz e a inspiração que herdamos daquele Concílio convocado por um papa (João XXIII) que havia intuído que a igreja católica precisava oferecer mais misericórdia e diálogo do que condenação e exclusão.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Massacres na Síria contam com a indiferença das 'potências'...

O mundo parece paralisado diante dos horrores que são cometidos na Síria. Parece que as potências não têm interesses econômicos a defender naquele País. Movem com lentidão ou se omitem diante da eliminação física promovida pelo ditador Assad de pessoas que querem democracia e respeito.O  último dos massacres horripilantes ocorreu dois dias atrás em Taldou, região de Hula. Dezenas de homens fortemente armados entraram no vilarejo, arrombaram portas de diversas casas, reuniram famílias em suas salas e as executaram a sangue frio. Uma investigação da ONU comprovou que as mortes em Hula, no fim de semana, foram, na maior parte, execuções sumárias - em muitos casos, de famílias inteiras. Os crimes teriam sido cometidos, em sua grande parte, por uma milícia pró-Assad, atingindo famílias que eram vistas como simpatizantes da oposição. O resultado reforçou a percepção de que Damasco não cumpre o acordo de paz. Na segunda-feira, em Genebra, a ONU revelou que o número de mortos era de pelo menos 108 pessoas. Dessas, 49 eram crianças e outras 34 mulheres. "Derrubavam portas buscando pessoas específicas", relatou uma testemunha. "Quando não a encontravam, promoviam um castigo coletivo, matando a todos da família", indicou. Um garoto de 11 anos, também ouvido pela ONU, disse como sua mãe foi a primeira a ser executada, com um tiro na garganta. Sua irmã de 5 anos seria a próxima, além de seu irmão. O garoto também foi alvo de um tiro, mas que acabou não o atingindo. Para escapar, caiu no chão ao lado de seu irmão e usou seu sangue para tentar evitar um novo tiro. Em outro relato, uma menina conta como o pai foi executado com um tiro no queixo. Já monitores indicaram que, ao ver os corpos deixados numa mesquita, a constatação era a de que muitos foram mortos com facadas no pescoço, houve casos de tentativa de decapitação e ainda olhos de crianças perfurados. Por muito menos, em outros paises ricos em petróleo e com a presença de multinacionais as assim chamadas 'potências' intervieram militarmente. Na Síria, pelo visto, o extermínio humano as deixam idiferentes!

terça-feira, 29 de maio de 2012

Código Florestal - Nem para gregos, nem para troianos. Dilma escolheu o 'compromisso'

Não cabe dúvida que, para o bem ou para o mal, a presidente teve coragem ao colocar vários vetos ao Código Florestal recentemente votado no Congresso. Chamou para si a responsabilidade de ‘pôr limites’ a setores que tradicionalmente vêem os recursos naturais da mãe terra como bens pessoais e infinitos.  É bem verdade que exceto uma ínfima parcela da sociedade, a grande maioria dos cidadãos desse País não possui formação específica e técnica para poder emitir um parecer razoavelmente fundamentado sobre a decisão da governante maior do País. Esse blogueiro, inclusive, se inclui nessa maioria. Mesmo assim, nada impede que se possam fazer algumas reflexões a respeito, mas não sem ter dado uma rápida leitura às ‘justificativas’ aos vetos que apareceram no Diário Oficial. Aparece com bastante clareza que entre o ‘veta tudo Dilma’, e o ‘assina já Dilma’, a presidente quis escolher o caminho do compromisso. Ela não quis abrir nem para gregos, e nem para troianos. Ou, se preferirmos, abriu um pouco para todos os dois. Com a evidente conseqüência de desagradar a todo o mundo. Afinal, a presidente revelou o que também juridicamente parece ser o grande dilema que atormenta a alma desse governo: combinar produção, desenvolvimento e exportação sem, contudo, cair nos braços dos ideólogos frios do agro-business, da monocultura, da mineração, do desmatamento irracional, etc. Haverá quem diga que os vetos são manobras politiqueiras para servir em bandeja de ouro aos participantes do Rio+20 e melhorar, assim, o ibope de um País com fama de ‘gafanhoto’ de florestas. Pode até ser. Mas que a presidente Dilma mostrou que tem personalidade....mostrou, sim!

Mãe Guajajara morre após parto em Arame e indígenas denunciam precariedade e descaso na saúde

‘Estamos revoltados com a morte da índia Lurdinha Paulino Guajajara, que veio falecer após parto cesariano no hospital municipal da cidade de Arame - Ma. Solicitamos divulgação através da imprensa sobre a realidade da precariedade da saúde indígena nas Aldeias, no Município de Arame- Ma’. Assim começa a denúncia assinada por Paulo Gomes Guajajara. Eis o conteúdo principal da denúncia:
‘Vimos, através deste, denunciar para conhecimento do público o fato que aconteceu no dia 16/05/2012 (quarta – feira ). Um ato absurdo praticado pela Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena do Pólo Base de Arame - MA, especificamente na Aldeia Zutiua, onde em plena 10:00 horas da noite estava ainda vacinando, colocando em risco a vida das crianças e das comunidades indígenas, e a enfermeira fazia o papel do médico realizando consultas dentro das Aldeias. È oportuno relatar que não é primeira vez que a Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena, vem trabalhando de forma errada nas aldeias, sem compromisso e seriedade.Tal equipe nem sequer passa um dia ou uma noite na Aldeia, no sentido de dar continuidade ao trabalho no dia seguinte, onde vem ocasionando atos absurdos nas comunidades indígenas, principalmente no período da campanha de vacinação, bem como em outras campanhas anteriores, e agora na recente vacinação que não foi concluída. É necessário e urgente que o Chefe do Dsei intervenha junto ao Representante da SESAI no Pólo Base de Arame – MA, obriguem a Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena, a atuar dentro da legalidade obedecendo horários e respeitando todos os princípios legais que asseguram a proteção dos direitos das comunidades Indígenas, como povos de culturas diferentes.....Portanto solicitamos a supervisão desta coordenação da campanha de imunização do DSEI – MA, para que sejam tomadas as devidos providências com brevidade possível, no que tange às atitudes da Equipe Multidisciplinar da Saúde Indígena do Pólo Base Arame- MA, contratada pela Missão Evangélica Caiuá’

MPF do Pará pede suspensão das atividades mineradoras da Vale e cobra indenizações

O Ministério Público Federal ajuizou ação civil pública contra a Vale, a Secretaria de Meio Ambiente do Pará (Sema) e a Fundação Nacional do Índio (Funai) pedindo a suspensão liminar das atividades da Mineração Onça-Puma, empreendimento de extração de níquel da Vale em Ourilândia do Norte, no sudeste do Pará, até que sejam cumpridas as condicionantes de compensação e mitigação dos impactos sobre os índios Xikrin e Kayapó. O MPF também quer a condenação da Vale a pagar todos os danos materiais e morais causados aos índios nos últimos 2 anos, em que o empreendimento funcionou sem cumprir as medidas compensatórias. As indenizações devem ultrapassar R$ 1 milhão por mês para cada comunidade afetada. O empreendimento da Vale em Canaã é de R$ 1 bilhão. A Funai também é ré no processo porque demorou quase cinco anos para emitir um parecer sobre os estudos de impacto, que era necessário para dar andamento aos programas de compensação ambiental. Enquanto a Funai permanecia inerte, a Vale foi obtendo todas as licenças da Sema e o projeto se iniciou sem nenhuma garantia aos índios: até agora, a Vale foi incapaz inclusive de apresentar o planejamento dos programas de mitigação e compensação. (Fonte: MPF/PA)

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Vaticano - confabulações palacianas X serviço gratuito ao Reino!

Enquanto existir um ‘Estado’, o Vaticano, um soberano governante, o papa, e seus ministros, cardeais e bispos da Cúria, dificilmente haverá trégua nas lutas e nas confabulações palacianas!Prosseguem, no Vaticano, as investigações sobre o caso da difusão de documentos privados. O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, afirmou que a Comissão dos Cardeais, instituída pelo Papa para essa questão, continua seus trabalhos sem deixar-se condicionar pela pressão da mídia. O porta-voz vaticano desmentiu categoricamente a notícia difundida por veículos de comunicação segundo a qual seriam suspeitos e investigados também um cardeal ou uma mulher. Contudo, afirmou que o ajudante de quarto do Papa, Paolo Gabriele, ainda detido, assegurou que fará o possível para oferecer uma ampla colaboração para apurar a verdade. De acordo com Pe. Lombardi, o Papa está informado de tudo e está muito triste com esses acontecimentos, mas se mantém tranquilo. “Há o empenho de restabelecer, o quanto antes, um clima de transparência, verdade e confiança”, concluiu o representante vaticano. E não é para menos: cartas pessoais do papa e outros documentos ‘top secret’ acabaram em mãos de pessoas muito próximas do papa. Se isso é normal em ambientes de ‘palácio’ assim não deveria ser no coração da igreja católica que prega o desprendimento e o serviço aos pobres como Jesus de Nazaré.

sábado, 26 de maio de 2012

Pentecostes: incorporar e atualizar os gestos e as opções Daquele que vive!

Um amigo ontem me mandou uma mensagem dizendo para não escrever ‘besteiras’ sobre o Espírito Santo no meu Blog. De fato, é comum escrever muitas superficialidades e obviedades sobre o Espírito Santo. Quantas vezes atribuímos somente a ele intervenções que humanamente nos deixam estupefatos? Ou delegamos a ele o poder de intervir surpreendentemente no nosso cotidiano diante da nossa incapacidade e não vontade de modificar uma realidade que cabia a nós modificar? Ou invocamos a sua ‘luz e sabedoria’ para que nós ou outros tomássemos as decisões ‘certas’ na nossa vida por não sabermos discernir? Ou lhe atribuímos o poder de ele escolher esta ou aquela pessoa para um determinado cargo ou serviço? Mesmo sabendo que era, na realidade, uma forma para justificar para nós mesmos e para os outros a sua autoridade de mandar sobre nós e nos controlar?  O ‘Espírito Santo’ tem estado presente na nossa vida como um ‘ser’ externo a nós. De complexa e incompreensível identidade tem aparecido no nosso cotidiano como uma ‘sagrada ficção’, uma espécie de ‘deus ex-máquina’. Ou seja, um estratagema utilizado nos momentos mais impensáveis e imprevisíveis da nossa existência para resolver o que considerávamos insolúvel. Como libertar-nos de tantas manipulações e distorções a respeito do Espírito? Como criar condições para que possamos ser ‘uma coisa só com ele’, e evitar que o Espírito seja algo estranho e externo a nós? Como educar-nos à vida no Espírito assumindo a nossa responsabilidade pessoal e missão humana de re-criar e transformar permanentemente a nossa realidade histórica de acordo com a prática evangélica de Jesus de Nazaré? 
Afinal, trata-se disso, e não de outra coisa: viver no Espírito é incorporar, atualizar e reproduzir as opções e a metodologia de Jesus de Nazaré, hoje. Nós humanos ao experimentarmos a plenitude humana e a felicidade que brota da comunhão e fraternidade com os outros humanos, de amarmos e apreciarmos suas palavras, suas opções de vida e seus gestos, - não importando se eles são vivos ou não fisicamente, - temos o poder de incorporá-los nos nosso ser mais profundo. E perpetuá-los no nosso cotidiano. Como se eles estivessem vivendo e revivendo através do nosso corpo e continuando a agir e atuar através das nossas opões e escolhas de vida. Pentecostes é o momento de lucidez e de revelação coletiva em que tomamos consciência desse poder que temos dentro de nós. Sem renunciar á nossa autonomia, à nossa criatividade pessoal e especificidade assumimos a missão de levar adiante e de atualizar a prática de amor e de compaixão que Jesus de Nazaré realizou outrora. Ou seja, o espírito de doação e serviço de uma pessoa que nunca morreu. Só na medida em que somos coerentes com os gestos e opções de Jesus de Nazaré é que possuímos o seu Espírito. O espírito pelo qual gritamos para nós e para o mundo ‘Abbá-Pai’. É na fidelidade à ‘boa nova’ que fazemos acontecer pentecostes. Cotidianamente. 

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Comissão do senado aprova união estável de casais homossexuais. Enfim, um pouco de justiça!

A Comissão de Direitos Humanos do Senado deu ontem o primeiro passo para incluir no Código Civil brasileiro a união estável entre homossexuais e sua futura conversão em casamento. A proposta transforma em lei uma decisão já tomada por unanimidade pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em maio de 2011, quando reconheceu a união estável de pessoas do mesmo sexo como unidade familiar. O projeto foi apresentado pela senadora Marta Suplicy, que tenta retomar o projeto que apresentou em 1995, quando foi deputada pela primeira vez, e terminou arquivado. A senadora lembra, porém, que a conversão de união estável em casamento não tem relação com o casamento religioso. "O projeto dispõe sobre a união estável e o casamento civil, sem qualquer impacto sobre o casamento religioso. Assim, não fere a liberdade de organização religiosa nem a crença de qualquer pessoa, embora garanta, por outro lado, que a fé de uns não se sobreponha à liberdade pessoal de outros", apontou em seu relatório. "Não se pode admitir a prevalência das convicções pessoais de uns sobre os direitos fundamentais de outros." Apesar da decisão do STF que serve de jurisprudência para as demais esferas judiciais, casais homossexuais têm tido dificuldade em obter na Justiça a conversão, mesmo em cidades grandes como São Paulo e Rio. Vários juízes alegam, apesar da decisão do órgão superior, que não há legislação a respeito. Durante a votação do STF, o então presidente do Tribunal, ministro Cezar Peluso, cobrou do Congresso que "assumisse a tarefa que até agora não se sentiu propensa a fazer" e transformasse a conversão em lei.(Fonte: IHU)

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Carne bovina brasileira é a mais 'destruídora' do ambiente!

A produção de um quilo de carne bovina no Brasil pressupõe a emissão de 335 quilos de dióxido de carbono (CO2) no ar, o equivalente ao que é emitido em uma viagem de 1,6 mil quilômetros em um automóvel europeu médio, aponta um estudo recente de pesquisadores da Áustria e Holanda.  Os resultados do trabalho foram divulgados nesta quinta-feira, 24, pela agência APA. Na Holanda, um quilo de carne equivale a 111 quilômetros rodados por um automóvel. A maior inovação nestes cálculos é que, além das emissões na produção dos alimentos, o estudo também contabiliza a superfície do pasto para os animais, um fator ignorado até agora, apesar de ser considerado central para a mudança climática. A razão é que os gramados de grandes superfícies impedem o desenvolvimento de florestas e plantas naturais, que por sua vez atuam absorvendo CO2 da atmosfera, o que combate o efeito estufa. Segundo os especialistas, a produção de alimentos vegetais é a menos nociva para o meio ambiente.(Fonte: Agência Efe)

quarta-feira, 23 de maio de 2012

PEC do trabalho escravo passa no Congresso e ruralistas amargam derrota. Matéria segue ao senado

O plenário da Câmara encerrou na noite de ontem a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) do trabalho escravo e impôs uma derrota à bancada ruralista. O projeto foi aprovado em segundo turno por 360 votos favoráveis, 29 contrários e 25 abstenções. O texto segue agora para análise do Senado. A bancada ruralista tentou evitar a votação e recomendou que seus membros não registrassem presença no plenário. No entanto, com a orientação favorável de líderes que costumam votar com os deputados ligados ao agronegócio, como o líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), a PEC recebeu mais que os 308 votos favoráveis.  Os ruralistas reclamam que não há definição clara em lei sobre o que é trabalho escravo e que os proprietários de terras ficam à mercê dos fiscais do Ministério do Trabalho. Mendes disse que muitos deputados ruralistas votaram a favor do texto por "medo" da repercussão na opinião pública em pleno período eleitoral. O texto da PEC, apresentado em 2001, estabelece que as propriedades rurais e urbanas onde forem localizadas a exploração de trabalho escravo ou culturais ilegais de plantas psicotrópicas serão expropriadas. As áreas expropriadas, segundo a PEC, serão destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular. O projeto diz que os proprietários não terão direito a indenização e continuarão sujeitos às punições previstas no Código Penal.(Fonte: IHU)

Pacto de cinismo no Maranhão na questão indígena

O Estado do Maranhão, às vésperas da Cúpula dos Povos, Rio + 20, é o exemplo para-digmático do que não se deve fazer em termos de impacto e destruição da natureza e desrespeito aos seus primeiros habitantes. O chão do Maranhão arde em carvão, suas florestas gemem sob o barulho ensurdecedor e contínuo dos dentes vorazes das motos-serras. O Greenpeace mantém seu protesto, com seus membros se revezando na ancora de um navio que vinha carregar carvão obtido através de trabalho escravo e carvão de madeira retirada das terras indígenas do estado. O protesto, já mais de dez dias, está chamando atenção do país e do mundo, sobre os crimes contra a natureza e os povos indígenas, que continuam sendo rotina nesta região do país, no cerrado, na mata pré-amazonica e na floresta amazônica. Olhando para o mapa da região amazônica, que nestes dias está sendo lançado pelo Greenpeace, se percebe claramente que o Maranhão é apenas uma mancha vermelha, significando o processo de total devastação da floresta, apenas interrompido pelo verde sobrevivente nas terras indígenas e algumas unidades de conservação. Essa realidade motivou a solicitação de uma audiência pública pela Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado. O deputado Bira do Pindaré, que solicitou a audiência, a partir de pedido do Cimi Maranhão, foi o único parlamentar presente. Aos outros 41 provavelmente o tema dos direitos indígenas não devia ser motivo de interesse e de debate. O mesmo pensamento devem ter os órgãos públicos convidados, particularmente a Funai, o Incra, Ibama, dentre outros. Nenhum deles compareceu ou sequer se deu ao respeito de comunicar sua ausência. Um pacto de cinismo, como disse um professor da Universidade Federal do Maranhão, que mostra não apenas o grau de omissão do governo federal e estadual, mas sua criminosa postura de apoio ao processo de devastação e desrespeito aos direitos dos povos indígenas, es-pecialmente à terra.(Fonte: ADITAL)

Um ano após o assassinato de Zé Claudio e Maria do Espírito Santo nem todos os envolvidos estão presos!

Após o assassinato do casal ambientalista José Cláudio e Maria do Espírito Santo, um ano atrás, foram presos apenas José Rodrigues Moreira (como mandante do crime) Lindonjonson Silva e Alberto Lopes (executores). A instrução do processo já foi concluída e o juiz da Vara Penal de Marabá sentenciou os réus e os encaminhou ao tribunal do júri. A defesa dos acusados apelou da decisão. O Tribunal de Justiça não julgou ainda o recurso. Não há previsão para a realização do Tribunal do Júri. A polícia, porém, não investiga todos os acusados do crime. Conforme escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, a decisão de mandar assassinar José Cláudio e Maria do Espírito Santo não foi tomada apenas por José Rodrigues. Genivaldo Oliveira Santos, o GILSÃO e GILVAN, proprietários de terras no interior do Assentamento Praia Alta Piranheira, município de Nova Ipixuna, também teriam participação no crime. José Rodrigues antes de ser preso, em conversa com seu irmão de nome DEDÉ, pede que ele pressione os dois a contratar advogados para fazer sua defesa, caso contrário os denunciaria. Veja um trecho de um dos diálogos:

“ZÉ RODRIGUES: eh Dedé.
DEDÉ: oi.
ZÉ RODRIGUES: vê se tu vai na casa de Gilvazin e conversa com ele pessoalmente. Tu fala com ele que ele sabe por que eu to conversando com ele, que ele providencia advogado e bota ai, por que senão vai pegar pra ele também e fala pra GILZÃO também.
DEDÉ: hunhun.
ZÉ RODRIGUES: por que se eu cair sem eu dever culpa nenhuma, se eu cair eu entrego eles dois.
DEDÉ: hunhun.
ZÉ RODRIGUES: tú conversa com ele pra mim, viu?
DEDÉ: tá, pode deixar, eu já tinha falado que ia dar uma pressão em Gil bacana.
ZÉ RODRIGUES: pois é, em Gilvan também.
DEDÉ: é, nos dois.
ZÉ RODRIGUES: pois é, tu conversa com eles, que eles aciona advogado ai em Marabá, pra botar ai, por que se eu cair sem eu dever culpa nenhuma, igual ele sabe que eu não devo, que o culpado é mais ele, ele Gilvan e Gil, ele se lasca.
DEDÉ: pois é, ele tem medo de você contar, que é perigoso até ele colocar gente pra te matar, eu to te falando.
ZÉ RODRIGUES: pois é, eles podem botar até o capeta, que Deus me perdoe por isso, que Jesus me defende.
DEDÉ: eu desconfiei no depoimento, to tendo quase certeza que no depoimento de Gil ele jogou a culpa nas suas costas e saiu fora.
ZÉ RODRIGUES: pois é, pois ele não jogou fora não, por que sabe que deve.
DEDÉ: pois é.
ZÉ RODRIGUES: ele sabe quem é os culpados nisso tudinho, ele sabe ... e o culpado é .... o Gilvan sabe também, é ele, Gilvan...”

terça-feira, 22 de maio de 2012

Mataram índio? Pode soltar!

Após dois dias de um julgamento que mobilizou índios e produtores rurais e teve seu início adiado por seis vezes, o Tribunal Regional Federal (TRF) de Roraima absolveu, por falta de provas, os três acusados pelo assassinato do líder Macuxi Aldo da Silva Mota, 52 anos, morto a tiros em janeiro de 2003. A sentença foi anunciada no início da manhã de sábado (19). Para organizações indigenistas e ambientalistas, o assassinato de Mota é um dos vários crimes cometidos em função da disputa por terras durante o processo de demarcação. Seu corpo foi encontrado por parentes, dias após ter desaparecido. Estava enterrado em uma fazenda de Uiramutã, cidade criada em 1995. À época, a Fundação Nacional do Índio (Funai) já havia identificado a área como terra tradicional indígena. Na época do crime, a fazenda onde o corpo de Mota foi encontrado era ocupada pelo ex-vereador Francisco das Chagas Oliveira da Silva, conhecido como Chico Tripa, inicialmente acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de ter contratado Elisel Samuel Martin e Robson Belo Gomes para matar o índio Macuxi. Diante da decisão do júri - com uma composição muito suspeita, - de inocentar os acusados, o Conselho Indígena de Roraima (CIR) promete recorrer da decisão. Dizendo-se surpreso com a decisão, o coordenador geral do CIR, Mário Nicácio, disse que o conselho e a família de Mota vão tentar evitar que o processo volte a ser julgado no estado. (Fonte: Agência Brasil – EBC)

Xuxa, a baixinha corajosa, vítima de abusos como muitos baixinh@s

Confesso que me surpreenderam as declarações de Xuxa a respeito dos abusos que sofreu quando criança por parte de pessoas próximas e de confiança da sua família. Longe de pensar que tenha sido um ‘golpe publicitário’ premeditado, surpreendeu-me a coragem de expor publicamente uma página dramática da sua vida. A animadora ‘global’ d@s baixinh@s, afinal, foi vítima das mesmas violências e abusos que muit@s baixinh@s sofrem todo dia, e sem chance de poder denunciar e punir os seus agressores! Pode ser que o gesto de Xuxa não sirva para inibir ‘animais disfarçados de professores, juízes, padres, pastores, empresários, policiais,’mas para, pelo menos, dar coragem a muit@s baixinh@s de denunciar quem lhes tira a inocência, e lhe condiciona ou tolhe o seu futuro.  Depois disso, irei olhar para Xuxa com outros olhos. Os da admiração e da compaixão.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Maranhão está entre os primeiros estados que mais comete abusos contra crianças e adolescentes!


Dados divulgados oficialmente dia 18 de maio pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH) revelam que o Maranhão ocupa o quinto lugar no ranking de denúncias de violações de direitos humanos de crianças e adolescentes em 2011. Ao todo, o estado tem registrado 4.686 denúncias, o que representa 5,7% dos casos denunciados. A amostra diz respeito ao levantamento feito nos primeiros quatro meses do ano, período em que o serviço registrou 82.281 ligações de todo o país, uma média de 225 por dia. O número é quase o triplo das denúncias recebidas no ano anterior, quando houve um total de 30.544 – um aumento de 169,4%. Os sete Conselhos Tutelares da Criança e do Adolescente que acompanham os casos em São Luís, já registraram 224 casos de crimes, de janeiro a maio deste ano. Estão nos registros crimes como estupro, abuso sexual, voyeurismo e exploração sexual. O dado foi levantado e divulgado ontem pelos conselhos, que atuam diretamente com a Rede Amiga da Criança, a Delegacia da Criança e do Adolescente e outros órgãos de proteção a crianças. A área com registro de maior quantidade de casos foi à região do Coroadinho e do João Paulo. Foram ao todo 50 incidências de abuso sexual e outra de estupro, segundo o conselho tutelar que atua nos dois bairros e adjacências. Na área Itaqui-Bacanga, os conselheiros já tomaram nota de 25 crimes praticados contra crianças e adolescentes.(Fonte: Blog do Itevaldo)

Para denúncias de abusos e violência contra crianças e adolescentes Disque 100!É gratuito.

Bispo do Congo pede restrições ao comércio de minérios. E se a moda pegar com a Vale e outras mineradoras?

O Presidente da Conferência Episcopal da República Democrática do Congo, Dom Nicolas Djomo Lola, participou nos dias passados, em Washington, de uma sessão do Congresso dos Estados Unidos. Em especial, o Bispo participou da discussão parlamentar sobre os custos e as consequências de uma lei (111-203, artigo 1502) que introduz normas para impedir a comercialização dos minerais que financiam os grupos armados congoleses. A norma estabelece que as empresas estadunidenses deverão declarar se utilizam minérios presentes nas zonas de conflito da RDC ou num país vizinho. Neste caso, deverão enviar à Comissão de Segurança e Comércio (Securities and Exchange Commission) um relatório sobre os procedimentos para estabelecer a origem e o percurso desses minerais. "Não falo como um homem de negócios ou como um especialista financeiro, mas como líder religioso que está profundamente turbado pela terrível violência e o sofrimento que dominou a vida no Congo oriental desde 1996," afirmou Dom Djomo Lola. "Esta violência destruiu famílias, vilarejos e comunidades. Uma das principais motivações da violência é a exploração ilícita dos minérios feita por diversos grupos armados no Congo oriental". O Presidente da Conferência Episcopal Congolesa expressou a esperança de que esta Comissão publique regras rigorosas para impedir que as empresas e os consumidores participem, conscientes ou não, do comércio que levou ao sofrimento e à morte de milhares de pessoas.(Fonte: Radio Vaticano) E se os bispos brasileiros exigissem o mesmo para aquelas empresas de mineração presentes no nosso Estado, no Pará, e outros estados do País que ‘produzem miséria, crimes ambientais, trabalho degradante, e não deixam nenhum tipo de benefício para a população local’?

sábado, 19 de maio de 2012

Ascensão de Jesus - Elevar-se para contemplar a totalidade e superar as nossas decepções e fracassos pessoais (Mc.16,15-20)

Quando mergulhamos diretamente numa determinada realidade, ou acontecimento, ou nos envolvemos profundamente com algumas pessoas, temos dificuldade de compreender imediata e claramente a sua importância, o seu impacto, o seu sentido mais profundo na nossa vida. A nossa participação direta nos acontecimentos se de um lado nos permite que os vivamos como protagonistas, de forma mais intensa e apaixonada, do outro lado ela não nos proporciona a possibilidade de analisá-los e julgá-los com a devida imparcialidade. No calor dos acontecimentos agimos e reagimos sem medir, muitas vezes, as conseqüências dos nossos gestos. Estamos ‘próximos’ demais para poder ver outros acontecimentos e outras pessoas. Para pô-los em relação com outros acontecimentos, com outras pessoas e com outras circunstâncias. E ver o todo. Muitas vezes fazemos a experiência de uma dor intensa muito pessoal e pensamos que é a única, exclusiva, e a maior do mundo. Afinal, somos nós que sentimos naquele momento a dor que nos machuca, e tentamos reagir a ela. O mesmo não sentimos com as dores de outras pessoas. Naquela hora só olhamos para a nossa que nos parece ser a única que faz sofrer! Já outros nos alertavam no passado que quando estamos próximos demais de ‘uma’ árvore, e olhamos só para ela, somos incapazes de ver a imensa floresta em que aquela árvore se encontra. É preciso, portanto elevar-se, distanciar-se, abstrair-se do que nos é ‘muito próximo’ para poder ver a totalidade. A totalidade da floresta, dos acontecimentos, das pessoas, das dores. E a totalidade dos seus sentidos e das relações existentes. 
A ascensão de Jesus aponta para esse desafio e horizonte metodológico. Parece ser um claro convite do próprio Mestre aos seus discípulos e discípulas para não se deixarem vencer pelas suas decepções e fracassos pessoais. Para não mergulharem e rastejarem em seus medos pessoais que paralisam e imobilizam. Para que tenham a coragem de saber se elevar acima de tudo o que tenta amarrá-los e os apequena. Para que tenham a ousadia de se distanciarem, metodologicamente, de todos e de tudo o que os impede de ver outras pessoas, outros acontecimentos, outros caminhos, outras saídas. Para saber reler o seu próprio passado e presente não somente à luz da sua dor, da sua fragilidade e dos seus fracassos, mas à luz de tantas histórias de vitórias e de inúmeros testemunhos de coerência e fidelidade a valores que nunca se acabam. E, ‘do alto’, - mas não desde fora, - contemplar uma humanidade que sofre e se alegra, mas que é bem maior que o nosso pequeno mundo pessoal. Bem maior que a nossa dor e as nossas decepções pessoais em que havíamos mergulhado. Compreendermos que as podemos superar ao contemplar e nos solidarizar com as dores e as decepções de ‘todos’. Mergulharmos nas suas numerosas e difusas formas de superação. E não nos deixar arrastar pela correnteza da indiferença, da mesquinhez, da sedução de tudo o que ‘rasteja’... 

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Terras indígenas: terras de ninguém, ou melhor, de quem chega primeiro para saquear!

Às vésperas da conferência Rio+20, o Brasil continua a dar sinais contraditórios. Ao mesmo tempo, por exemplo, em que o governo federal manifesta seu empenho em valo-rar recursos naturais, conservar a biodiversidade (da qual temos pelo menos 15% do total mundial), despreza relatórios do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, do Banco Mundial e outros. Segundo eles a preservação de áreas indígenas se tem mostrado o caminho mais eficaz para a manutenção dos recursos naturais.  Mais eficiente até que áreas governamentais de preservação permanente, parques, etc. Um dos e-xemplos desse descaso está em medida assinada pela presidente da República que veio exigir consulta ao Ministério de Minas e Energia (MME) antes de qualquer decisão da Fundação Nacional do Índio (Funai) sobre demarcação de áreas indígenas. Não é difícil adivinhar o que dirá o MME sobre a possível existência de jazidas minerais nesses terri-tórios e a inconveniência de fechar as áreas. E o Executivo ainda é reforçado pelo Con-gresso Nacional, que está votando a Proposta de Emenda Constitucional n.º 215 que também exige a aprovação do próprio Legislativo Federal para a demarcação de áreas. "As terras indígenas são tratadas como terras de ninguém, primeira opção para minera-ção, hidrelétricas, reforma agrária e projetos de desenvolvimento em geral", escreveu já em 1987 a antropóloga Manuela Carneiro da Cunha. Deu para entender?(fonte:IHU)

terça-feira, 15 de maio de 2012

RIO+20 - 'Economia verde' é conversa fiada de quem sempre explorou e sujou!

A um mês da conferência das Nações Unidas Rio+20, os povos do mundo não veem  resultados positivos no processo de negociação que está ocorrendo na conferência oficial. O foco da discussão é um pacote de propostas enganosamente chamado de “economia verde” e a instauração de um novo sistema de governo ambiental internacional que o facilite. O sistema de produção atual representados por grandes corporações,  mercados financeiros e os governos que garantem sua manutenção produzem e aprofundam  o aquecimento global e a crise climática, a fome e a desnutrição, a perda de florestas e da diversidade biológica e sócio-cultural. Sem falar na mercantilização de todos os aspectos da vida nas cidades e no campo. O que as corporações chamam de “economia verde” é, na realidade, uma economia exploradora das pessoas e do ambiente para novas áreas, alimentando assim o mito de que é possível o crescimento econômico infinito. O falido modelo econômico, agora disfarçado de verde, pretende submeter todos os ciclos vitais da natureza às regras do mercado e ao domínio da tecnologia, da privatização e da mercantilização da natureza e suas funções. Além disso, se promove a expansão do sistema alimentício agroindustrial, um dos maiores fatores causadores das crises climáticas, am-bientais, econômicas e sociais, aprofundando a especulação com os alimentos. Com isso se favorece os interesses das corporações do agronegócio em detrimento da produção local, campesina, familiar, dos povos indígenas e das populações tradicionais, afetando a saúde de todos. 

O processo oficial propõe estabelecer formas de governança ambiental mundial que sirvam como administradores e facilitadores desta “economia verde”, com o protagonismo do Banco Mundial e outras instituições financeiras públicas ou privadas, nacionais e internacionais, que irão incentivar um novo ciclo de endividamento e ajustes estruturais disfarçados de verde. É preciso lutar por uma mudança radical no atual modelo de produção e consumo, consolidando o nosso direito para nos desenvolvermos com modelos alternativos com base nas múltiplas realidades e vivências dos povos, genuinamente democráticas, respeitando os direitos humanos e coletivos, em harmonia com a natureza e com a justiça social e ambiental. Baseados na soberania alimentar, na agroecologia e na economia solidária, na defesa da vida e dos bens comuns, na afirmação de todos os direitos ameaçados, o direito à terra e ao território, o direito à cidade, os direitos da natureza e das futuras gerações e a eliminação de toda forma de colonialismo e imperialismo. (Tirado do Informe do Grupo de Articulação Internacio-nalizado da Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental e livremente re-elaborado)

domingo, 13 de maio de 2012

AUGURI, MAMMA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Carissima mamma ancora uma volta nella festa della mamma mi trovo oltre mare, e lontano fisicamente da te. Sembra una consuetudine ormai...nella nostra vita. Che vuoi farci? In mille modi mi hai fatto intendere che tu vuoi in primo luogo la mia felicitá, anche se ció significa vivere lontano fisicamente da te. In mlle maniere mi hai giá provato che quando mi hai dato alla luce, in quel difficile primo parto nel lontano 25 agosto del 1955 mi hai offerto alla grande famiglia umana. Forse, anzi certamente, non era questo che ti aspettavi da me. Le tue iniziali resistenze nell´accettare la mia scelta, - anche per i tristi avvenimenti che ci avevano colpiti, - si sono trasformate progressivamente in appoggi chiari e in una adesione esplicita alla causa che tuo figlio ha cercato di assumere: accogliere ed amare anche coloro che non appartengono alla nostra famiglia di sangue. E questo mi ha reso piú sereno e contento e mi ha aiutato ad apprezzare immensamente ancor di piú la tua rinuncia di avere vicino a te il tuo primogenito. Nonostante questa distanza che si potrae da molti anni abbiamo imparato a cosa vuol dire  essere figlio ed essere mamma in queste circostanze. Alla nostra maniera, dato che abbiamo molte somiglianze, abbiamo frantumato le barriere che la distanza e l´assenza fisica a molti altri precludono il continuo flusso di affetto e amore. Tu mi conosci e sai che non sono mai stato uno che faceva grandi o timide dichiarazioni: ti te sé te che te voi ben ma adesso te lo scrivo publicamente! Basón grosso come l´oceano Atlantico e tégnete in forma parché a settembre festeggiarem el tô 80º! Auguroni!
Tô fiol Claudio

sábado, 12 de maio de 2012

Amar para que o outro viva! (Jo.15,9-17)

Vivemos numa sociedade em que a gratuidade parece ter sido substituída pela lógica sistemática do cálculo da relação custo-benefício. Nas relações humano-afetivas e nas sociais e políticas. Até nas relações místico-religiosas conservamos ainda muitos resquícios de uma relação mercantilista com Deus. Tentamos comprá-lo com dízimos, promessas, doações ao templo, fórmulas, práticas sacramentais e orações achando que Ele aceita e partilha a nossa lógica perversa. Achamos que Deus se deixa comprar e cooptar como nós podemos fazer. Somos incapazes de compreender que Deus nos ama, nos acolhe e nos protege independentemente daquilo que somos e fazemos. De forma gratuita e incondicional. Parece que nós humanos adotamos definitivamente o princípio segundo o qual ‘tudo tem um preço’. E Deus também teria o dele! Estamos dispostos a arcar com um custo muito alto para ‘comprar’ a benevolência e a proteção divina desde que o benefício produzido/esperado seja bem maior. Essa atitude reflete o que no cotidiano ocorre na nossa relação com os nossos semelhantes. O sistema relacional competitivo e mercantilista decidido e adotado por nós humanos na nossa relação com o outro o aplicamos também à relação que temos com Deus. Este não passaria de uma ‘produção e de um mero reflexo’ do nosso modo de agir e nos relacionar.
A lógica relacional adotada por Jesus com os seus discípulos e com as pessoas foi outra. Rompeu com a relação servil que existia para com Deus e rompeu com as relações interpessoais pautadas pelo interesse, a competição, a manipulação. Revelou e provou que a lógica do amor incondicional e gratuito ao outro é a própria lógica de Deus. E não mais uma mera produção humana interesseira. Ocorre que nós também somos herdeiros e reprodutores da lógica do custo-benefício, do vendedor-comprador, do senhor-servo, do mestre-discípulo. Nascemos e nos ‘educamos’ nessa relação. Condicionados por ela a reproduzimos como se fosse a única forma de nos relacionar com os outros. Jesus nos convida a romper com essa lógica assumindo a dinâmica do amor que, se for verdadeiro, sempre é gratuito e incondicional. É o amor que de fato opera a destruição da perversidade da relação custo-benefício e das relações desiguais e dependentes. O amor, sem apagar as diferenças próprias e alheias, liberta-nos de tudo o que poderia ameaçar a liberdade e a gratuidade. Isso, porém, não é fruto de uma decisão voluntarista, mas de um processo educativo. Aprendendo e fazendo. Fazendo e aprendendo. Como Santo Agostinho podemos repetir: ’Ama e faz o que quiser’! E certamente o ‘querer’ de quem ama é que @ outr@ viva. Nem que isso signifique ‘morrer por el@! 

FELIZ DIA DAS MÃES QUE AMAM DE FORMA INCONDICIONAL COMO DEUS!

sexta-feira, 11 de maio de 2012

2012: encontrado novo calendário Maia. O fim do mundo não vai ser dessa vez!

Quem acredita em profecias pode ficar tranquilo, o mundo não vai terminar em 2012. É que foi encontrado um novo calendário astronômico maia, o mais antigo documentado até o momento, que data do século IX, pintado nas paredes de um habitáculo encontrado na cidade de Xultún, na Guatemala. A pesquisa é de uma equipe de pesquisadores dos Estados Unidos que anunciou a descoberta nesta quinta-feira, dia 10, com uma publicação na revista "Science". De acordo com a agência Efe, os arqueólogos são William Saturno, da Universidade de Boston, e David Stuart, da Universidade do Texas-Austin. Explicaram que o calendário documenta ciclos lunares e o que poderiam ser planetários. Essa novidade desmonta a teoria de que o fim do mundo será em 2012, como previam os 13 ciclos do agora antigo calendário Maia, conhecidos como "baktun", já que o sistema possui, de acordo com as descobertas, na verdade, 17 "baktun". Segundo os pesquisadores, o calendário Maia continuará com seus ciclos por mais milhões de anos. Vamos esperar que não seja uma 'lorota científica' para tranquilizar os que têm pressão alta e que têm medo de morrer....

Trabalho escravo: no congresso os ruralistas regem a orquestra. Governistas baixam as calças!

Em manobra orquestrada nesta quarta-feira (9), o setor que representa os latifundiários conseguiu não apenas adiar em duas semanas a votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 438/2001, que determina o confisco das propriedades de quem for flagrado explorando mão de obra escrava, como também inverteu a lógica das discussões, desviando o foco da emenda em si - cujo conteúdo foi apresentado pela primeira vez em 1995, há 17 anos - para a suposta necessidade de uma lei complementar associada sobre a caracterização do trabalho escravo contemporâneo.Segmentos governistas acharam que "convenceriam" os ruralistas com um par de arriscadas promessas de "compensação", mas o que acabou ocorrendo foi justamente o contrário. Os grandes proprietários aproveitaram a "boa vontade" dos que estão empenhados em aprovar a matéria a todo custo e impuseram as suas "vontades".A bancada ruralista insiste no argumento de que a adoção da emenda provocaria insegurança jurídica, uma vez que pretensas "arbitrariedades" de órgãos de fiscalização trabalhista poderiam colocar propriedades privadas em risco. Como se a manutenção de condições análogas à escravidão - crime previsto no art. 149 do Código Penal, em convenções internacionais e em decisões judiciais de tribunais superiores - não fosse "arbitrariedade" alguma. A injustiça, para os ruralistas, está na atitude de quem fiscaliza, e não na própria conduta dos fiscalizados, que vêm sendo sistematicamente flagrados, ao longo dos últimos anos, submetendo pessoas a trabalho forçado, jornada exaustiva, condições degradantes e restrições de locomoção por dívida. Mais de 42 mil trabalhadoras e trabalhadores forem libertados desde 1995.O intento ruralista de vincular a PEC 438 com uma legislação que pode fragilizar o conceito de trabalho escravo contemporâneo parece ter sido perigosamente aceito e incorporado por lideranças parlamentares governistas, inclusive pelo próprio presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS). A avidez por "boas notícias" geradas no Parlamento fez com que o comandante da Casa atuasse pessoalmente no sentido de firmar um "acordão" com a cúpula do Senado para que as ambições ruralistas de revisar o "conceito" de trabalho escravo fossem contempladas. Até a criação de um grupo de trabalho (composto por cinco membros da Câmara e cinco do Senado e dedicado a "regulamentar a efetivação" da emenda) chegou a ser acertada.(Fonte: Reporter Brasil)

quinta-feira, 10 de maio de 2012

CPT responde a afirmações levianas da Delegada Geral do Maranhão sobre pistolagem

“Não há disputas agrárias envolvidas. Trata-se de problemas pessoais entre vizinhos, nos assentamentos, ou de acertos de contas do tráfico de drogas, em áreas indígenas.” Esta é parte da entrevista concedida à TV Mirante no dia 04 de maio de 2012, pela Delegada-Geral do Maranhão, Maria Cristina Resende ao se referir aos numerosos assassinatos que vêm ocorrendo no Estado. No dia seguinte ao Estado do Maranhão, a Delegada-Geral afirmou que “Crime de pistolagem passa por tomada ou manutenção no poder, de grupos que contratam outros grupos armados, para essa manutenção”. Numa nota pública a CPT/MA afirma que ‘no Maranhão, pistolagem anda junto com grilagem, latifúndio, reintegração de posse e com sucessivos governos que arrasaram essas terras. Os dados referentes à violência no campo indicam que a ação oficial do Estado do Maranhão, ao abrir suas fronteiras agrícolas (Lei de Terra 2.979 de julho de 1969) através da espoliação de milhões de hectares de terras pertencentes aos camponeses, ribeirinhos, índios, quilombolas e posseiros, foi responsável pela passagem da matança ao genocídio contra centenas de comunidades. Assim, como um adágio, as afirmações da Delegada se inserem nas repetições históricas não como tragédia, mas como farsa!  E, com certeza, foram recebidas efusivamente por pistoleiros e seus patrões”. As mortes denunciadas pela Comissão Pastoral da Terra se relacionam profundamente: todas as vítimas eram lideranças políticas em suas comunidades, denunciavam arbitrariedades cometidas por agentes privados e públicos. Nesse sentido, os assassinatos cumprem a trágica função de manutenção do status quo de grupos políticos e econômicos que dominam o Estado do Maranhão.As afirmações da Delegada Geral são levianas e equivocadas. Na sua nota a CPT conclui que a pistolagem no Estado do Maranhão é mecanismo político utilizado por latifundiários há décadas com o objetivo de eliminar fisicamente qualquer antagonismo aos domínios das velhas cercas oligárquicas que transformaram o Maranhão em terra dos mais baixos índices de qualidade de vida.

Tragédia Awá do Maranhão: ministro da justiça enrola e não apresenta plano de proteção

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ainda não informou novos planos de segurança para a área indígena dos Awá-Guajá, no Maranhão.  Há duas semanas, a organização internacional Survival International, que defende os direitos de povos indígenas, divulgou uma campanha com a participação do ator inglês Colin Firth pedindo que a questão dos Awá se tornasse prioridade para o ministro. A Survival afirma que os Awá, cuja terra é constantemente invadida por madeireiros, são o povo mais ameaçado do mundo. 31% de sua terra já foi desmatada, e sua situação foi classificada em 2009 pelo juiz federal José Carlos do Vale Madeira como genocídio. O ministro Cardozo comentou a questão, mas sua declaração não satisfez a Survival. “Nós temos tomado muitas iniciativas já há algum tempo. No lugar, a própria Funai [Fundação Nacional do Índio], desde 2010, já realiza todo um conjunto de trabalhos na busca da proteção desse povo indígena. Da mesma forma, nós temos desenvolvido operações na região para evitar que a disputa pela terra e o desmatamento através dos conflitos que vieram possa atingir essa tribo indígena”, declarou Cardozo após a divulgação do vídeo. “Não é suficiente que o ministro diga que vão continuar a fazer o que faziam antes. Nós queremos novas coisas, queremos todos os madeireiros fora. Queremos ver qual é a proposta deles, qual é o plano deles para proteger a área”, disse Fiona. “Nós escrevemos ao ministro antes de lançar a campanha, mas não recebemos resposta”, contou  ela. Há quase seis anos, o Ministério Público Federal no Maranhão moveu uma ação civil pública contra a Fundação Nacional do Índio (Funai) exigindo a instalação de um posto de fiscalização na Terra Indígena Araribóia, até hoje inexistente, já que a Funai alegou falta de pessoal quando recorreu de decisão da Justiça Federal no Maranhão. Procurada, a presidente da Funai, Martha Azevedo, que assumiu o cargo no final de abril, não quis dar entrevistas. A Fundação, contudo, divulgou uma nota há duas semanas, admitindo que a situação dos Awá é crítica e que eles são ameaçados por madeireiros e por narcotraficantes.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

No 'Brasil-Potência' se ameaça, se agride e se mata como nos anos 80. Violência no campo aumenta 180% em 2011

A violência no campo teima em persistir no Brasil. Os dados coligidos pela CPT em 2011 nos dão conta de 29 assassinatos em conflitos por terra, 38 tentativas de assassinato, 49 mortos em consequência de conflitos, 347 ameaçados de morte, 89 trabalhadores presos e 215 agredidos. Comparando estes números com 2010, vê-se que o número de assassinatos diminuiu de 34 para 29, menos 14,7%. Também houve diminuição de 30,9% nas tenta-tivas de assassinato, de 55 ocorrências em 2010, para 38 em 2011. O número de traba-lhadores presos praticamente se manteve igual: 88, em 2010, 89 em 2011. Mas o que chama a atenção é o número de trabalhadores e trabalhadoras ameaçados de morte: pas-sou de 125, em 2010, para 347, em 2011, um crescimento de 177,6%. O número de a-gredidos também cresceu expressivamente: de 90, em 2010, para 215 em 2011, mais 138,9%. Também há que se considerar que 11 destes 29 assassinados, 38%, já haviam recebido ameaças de morte, alguns várias vezes. A morte do casal José Cláudio e Maria do Espírito Santo coincidiu com a data em que era votado na Câmara Federal o novo Código Florestal, flexibilizando as leis ambientais, em favor do agronegócio. Dos 29 assassinatos, 27,6% tinham relação com a questão ambiental, 8 ocorrências. Quatro dos assassinados são indígenas e 3 quilombolas, 24,1%. 79,3% aconteceram na Amazônia Legal, 23 das 29 mortes: 12 no Pará, 2 em Rondônia, 1 no Acre, 1 no Amazonas e 7 no Maranhão.Há uma relação direta entre o avanço do capitalismo – do agronegócio, da mineração, da extração da madeira, das grandes obras do PAC – com o aumento e con-centração da violência. O capital pratica a predação da natureza, e a violência contra os que a ele se opõem. Os dados da CPT deixam clara esta relação: 72% dos ameaçados de morte são indígenas, quilombolas, ribeirinhos, de comunidades de fundo de pasto e de outras comunidades tradicionais, ou pessoas que apoiam suas lutas em defesa dos seus territórios, como religiosos, missionários, advogados e outros. É de se prestar atenção também para o fato de que 18% das pessoas ameaçadas são mulheres, indicando um crescimento significativo na atuação das mulheres na defesa do ambiente e dos direitos.(Fonte: CPT)

terça-feira, 8 de maio de 2012

Na Serra do Estévão para 'renascer' das águas e do espírito


Serra do Estévão, município de Quixadá, região central do Ceará. É aqui que os Combonianos da província Brasil Nordeste escolheram o lugar para o seu retiro espiritual. Lugar encantador. E inspirador. Não é para menos. A 600 metros de altitude, com clima ameno, e muito verde, apesar da seca que castiga os agricultores da região. Paisagens que parecem pinturas de Leonardo da Vinci. Abaixo de nós o vale onde se encontra a cidade de Quixadá, próxima de uma vasta e bela lagoa, cercada por montanhas e colinas. O nosso facilitador é padre Joaquim Valente, português, comboniano, coordenador do ‘Studium Combonianum’ em Roma, estudioso e profundo conhecedor do nosso fundador Daniel Comboni (1831-1881) O tema do retiro: ‘Com Comboni: construtores de um reino sem escravidões’! A primeira reflexão de hoje foi ’renascer da água’ propondo como texto bíblico Ezequiel (47,1-12).
No antigo testamento sempre se fala em águas, no plural. Águas que não eram vistas como algo positivo, ao contrário, eram águas ameaçadoras. Que produziam enchentes, dilúvios e varriam a vida. Os antigos viam nos mares, nas lagoas, nos poços naturais a presença de monstros e espíritos ameaçadores. Portanto, as águas não tinham uma significação positiva. Daí que as águas se opunham à criação. Ameaçavam-na sistematicamente. A própria criação de Deus foi, na realidade, a modalidade que Deus encontrou para pôr limites ao ímpeto devastador das águas que haviam invadido e dominavam o espaço da vida. Precisava-se contê-las. Opor resistências! De alguma forma é a imagem da nossa vida, da realidade humana. Onde não há limites entra a morte, o caos, a destruição. Vemos isso a nível pessoal, na economia, na política. É preciso, todavia, sabermos enfrentar as águas impetuosas para salvaguardar a vida. E para podermos renascer quando nos vemos submergidos pelas águas da vida. Enfrentá-las com a certeza de que vamos sair vivos delas. E não engolidos. Muitas vezes não enfrentamos os grandes desafios, os males, os conflitos, as tormentas da existência humana porque somos vítimas dos ‘mitos dos nossos medos’. Imaginamos que ao entrar ‘na morte, nas águas’ não vamos sair com vida. Fugimos, nos escondemos, nos paralisamos. Renasce só aquele que sabe mergulhar com fé (e não fugir) nas águas ameaçadoras com a certeza que poderá voltar a viver. Pisar o solo firme da vida. A imagem do próprio batismo reflete isso: mergulhar nas águas da morte, da destruição, da escravidão para poder re-emergir para vida. Para construir vida e pôr limites à morte, ao caos, à destruição que continuam insistindo em dominar.

sábado, 5 de maio de 2012

Jesus a 'verdadeira' videira que não usa, não explora, e nem ameaça os 'ramos'! (Jo, 15.1-8)

Parece que o ser humano tem oscilado sistematicamente entre o ardente desejo de afirmar de um lado a sua independência absoluta e, do outro, a necessidade de sentir a presença solidária dos outros em sua vida. Algo contraditório e paradoxal ao mesmo tempo. De um lado afirma e tenta viver a sua plena autodeterminação, - sinalizando que não precisaria de ‘seres externos’, - e do outro, a constatação de que todos os seres humanos vivem num regime de interdependência. Enfim, todos precisam de....todos! Se isso, aparentemente, parece ser óbvio, nem sempre é claro o que significa, na prática, ‘precisar de todos’. Afinal, podemos precisar dos outros seres humanos para usá-los, sugá-los e manipulá-los. Inclusive para tentar alcançar a tão almejada ‘independência’. Esta seria um estado de vida em que supostamente não estaríamos submetidos a normas, a leis morais e divinas, e a todo tipo de ameaça de punição. Nem ‘Deus’ encontraria espaço aqui para querer ameaçar ou condicionar a nossa plena liberdade. A única condição que nos realizaria como ‘seres humanos’. No fundo, é a histórica, permanente e inconsciente luta do ser humano em tentar se emancipar de Deus. Pelo menos daquele ‘deus’ que é concebido como limitador das amplas e plenas aspirações dos humanos....

O evangelho hodierno de João retoma mais uma das suas muitas imagens aplicadas a Jesus (pão, caminho, porta, luz). Nesta, Jesus, o veículo/meio que leva a Deus/Pai, é a verdadeira videira que dá sentido à existência dos ‘ramos’. Jesus afirma a necessidade de o ser humano/discípulo estar ‘ligado’ sistematicamente a ele. Para Jesus essa profunda ligação com a sua pessoa e com o projeto de vida que ele representa é que dá sentido à vida do ramo/ser humano. Jesus tem plena consciência que outros, antes dele, se apresentaram como videira. Que tentaram atrelar a eles todos os ramos. Que nunca valorizaram os ramos, cuidando-os. Ao contrário, os exploravam, sugavam e destruíam sem lhes dar novas chances. Jesus com isso critica aquelas estruturas e instituições que ‘usavam e abusavam’ das pessoas tolhendo sua liberdade e autonomia. E que o faziam em nome de Deus! Jesus se apresenta como a ‘verdadeira’ videira, em oposição às ‘falsas’ videiras. A autenticidade do agir de ‘Jesus/videira’ se manifesta no seu jeito de zelar, cuidar e valorizar cada ramo. Como ‘Deus’ o faria. E sem tirar a liberdade e autonomia pessoal de cada ramo prova a beleza de estar sempre em comunhão com os demais ramos e com a videira verdadeira. Aquela que não manipula, não despreza e não ameaça.  A autêntica preocupação da verdadeira videira está no fato em que quando há necessidade de podar algum ramo ele o faz. Não pelo gosto de punir, destruir e se vingar, mas para que ele produza mais frutos. E se sinta plenamente realizado. É nessa produção para si e para o conjunto dos ramos/videira, que os dois podem ser sinal de uma nova convivência. É nessa interdependência regeneradora para ambos que os ramos encontram liberdade e realização.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

ÍNDIOS PATAXÓ: A JUSTIÇA DEMOROU, MAS NÃO FALHOU!

Com certeza haverá quem fique chateado e revoltado com a decisão do STF sobre as terras ocupadas por numerosas pessoas no território tradicional dos Pataxó no sul da Bahia. Afinal o STF sentenciou que todos os não índios que ocupam um pedaço de terra no território indígena terão que sair. Acrescentou a suprema corte que caberá à União definir como, quando, e quem terá direito a algum tipo de indenização por eventuais benfeitorias realizadas no período em que os não índios ocupavam ‘ilegalmente’ as terras dos indígenas. Poucos falam em indenizar os indígenas pela destruição e os desmatamentos provocados pelos invasores para deixar lugar ao capim....Se é verdade que todos os ocupantes não indígenas sabiam que as terras que ocuparam não lhes pertenciam é também verdade que a União e a Justiça, - verdade seja dita, - não podiam deixar que a ocupação assumisse essas proporções. Deixar que um número tão expressivo de ocupantes tomassem de conta de terras alheias sem que se tomasse desde o seu surgimento algum tipo de providência não foi uma atitude responsável. Essa omissão ao longo dos anos acabou criando a ilusão nos não indígenas de que um dia a terra que ocupavam seria reconhecida como sua propriedade. Não foi assim. A lei de quem fala mais grosso, a lei do mais forte estão com os dias contados. Queiramos ou não, mesmo que a passos lentos, ás vezes com lágrimas e sangue, está se construindo um outro Brasil. O STF com toda a sua lentidão e com suas pautas ‘prioritárias’ - que raramente coincidem com as aspirações dos cidadãos que desejam o reconhecimento pleno dos seus direitos, - vem provando que desta vez a justiça ‘demorou , mas não falhou’!

Educação formal: Maranhão, o quarto pior colocado!

É um dado consolidado que nos estados da região Nordeste existe uma porcentagem elevada de pessoas com baixos índices de escolaridade. O que chama a atenção é que entre os estados da Federação com os piores desempenhos na educação formal três estão no Nordeste e um no Norte. O nosso estado ocupa a quarta pior colocação. O balanço foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), que se refere ao Censo de 2010. Por ele descobrimos que 61,03% das pessoas com 10 anos ou mais contam apenas com a educação básica ou sem nenhuma. Os dados ainda revelam que a maioria dos estudantes maranhenses (88,1%) está nas escolas públicas. Ou seja, bem acima da média nacional e regional, pois a do Brasil é de 78,1% e a do Nordeste 80,5%. Os estudantes de escolas particulares no Maranhão são poucos. Do total, apenas 11,9% estudam em escolas privadas. Tudo bem lógico e coerente com a distribuição de renda, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), e outras medições sociais e econômicas. Ou seja, estamos socialmente falidos. Tudo isso parece ser o fruto de algo muito mais profundo e enraizado, e não somente de uma mera atuação/omissão de uma oligarquia! Temos exemplos de administrações municipais de diferentes colorações partidárias em que investindo com seriedade e honestidade na educação formal os resultados aparecem! Mudemos já, maranhenses!

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos do Maranhão publica nota pública contra violência e impunidade no Estado!

Ainda não nos restabelecemos de notícias de dois assassinatos ocorridos em nosso Estado num espaço de poucos dias e já nos confrontamos com outras barbaridades: a morte de Mauro Mariano Santana, que não era nenhuma liderança camponesa incômoda aos interesses do latifúndio como era Raimundo Alves Borges (Cabeça), nem um jornalista polêmico como Décio Sá. Era um simples carroceiro cortando o capim para seu animal, morto por policiais. Poucas horas depois, é noticiado o assassinato do policial João de Jesus Lobato Santana, vítima de assalto no aterro do Bacanga e logo em seguida nos choca a violenta agressão à líder indígena Maria Amélia Guajajara, que denunciava os crimes que estão ocorrendo na sua região em Barra do Corda.“Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.” Assim está formulado o artigo 3º da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Temos visto este artigo sendo desrespeitado continuamente, mas de forma trágica e bárbara nos últimos dias, meses, anos. Torna-se uma chaga crônica. Como conselheiros incumbidos com a promoção da defesa e do respeito aos Direitos Humanos, não podemos ficar simplesmente assistindo estes fatos se multiplicando.Há uma necessidade premente de buscarmos as causas profundas de tal situação: estão na forma como as terras, as riquezas naturais, as oportunidades em nosso Estado estão sendo apropriadas e concentradas, deixando a massa de fora? As desigualdades crescentes formam uma barreira para que uma “paz social” se instaure? É a cultura do “mais forte que leva” a vantagem, a rivalidade, a concorrência, a falta de padrões éticos de respeito ao outro? A falta de uma “cultura”, portanto, de convivência pacífica com o diferente? Isso se aprende em escolas e num sistema educacional preparado e através de meios de comunicação que não promovem a violência e vida briguenta! 
Ou será que é a impunidade e a passividade de instâncias que devem garantir a justa repressão e reeducação daqueles que violaram os direitos dos outros? Haverá possivelmente outras causas, mas que devem em conjunto ser enfrentadas. E isso implica a cooperação solidária de todas as instâncias que foram instituídas para servir à sociedade.Por isso, esperamos das autoridades um compromisso com a população e suas necessidades cotidianas em primeiro lugar, aquilo que se costuma chamar de “inclusão social”. São necessárias medidas educativas que alterem o estresse social com valores culturais diferentes daqueles que a mídia nos apresenta. Acabar com a violência implica em políticas que proporcionem a equidade e o respeito à integralidade da vida de todas e todos.Mas, neste momento, exigimos a apuração minuciosa de todos os crimes com o mesmo rigor e utilizando igual aparato. Que sejam tomadas medidas preventivas para que outros casos violentos não ocorram. Que sejam afastados policiais envolvidos em atos violentos. E que após processos céleres aconteça uma exemplar punição dos que comprovadamente abusaram de sua força e de seu poder.

São Luís, 30 de abril de 2012

Jean Marie Van Damme
Presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos do Maranhão

terça-feira, 1 de maio de 2012

1º de maio: como 'aos velhos tempos'!

Mais um 1º de maio. Quem das novas gerações sabe o porquê dessa comemoração? Quem dos ‘novos trabalhadores’ se sente motivado em comemorar? E se há motivos seria para manifestar contra quem e a favor de que? Tornou-se refrão planetário que hoje a identidade do trabalhador e do patrão modificou-se significativamente com as transformações do sistema de produção e os avanços tecnológicos tornando menos nítidos os papéis/identidade de cada um. Diz-se que tempos atrás se sabia com clareza quem eram os inimigos d@s trabalhador@s: os patrões! Afinal, eram eles que mostravam as caras, que brigavam nas negociações, e enfrentavam sindicatos, operários, etc. Hoje, existiria um empresariado anônimo, oculto, formado por muitos sócios e por ‘participações anônimas’ que tornariam mais difícil a identificação do ‘inimigo’ e, consequentemente, o enfrentamento e a própria exposição de eventuais reivindicações por parte d@s trabalhador@s...Perguntamo-nos: alguém tem dúvidas a respeito da autoria e da responsabilidade para manter salários aviltantes para @s trabalhador@s? Dito de outra forma: não pagar sequer o salário mínimo? A responsabilidade legal e social de negar em pleno 2012 direitos básicos quais a segurança no trabalho, o pagamento correto das horas extras, décimo- terceiros, férias, etc.? Alguém tem dúvida sobre a autoria e a responsabilidade para descontar e não repassar as contribuições para o INSS? Se alguém achar que na grande parte do território nacional isso é algo superado, - o que desconfio, - no nosso Maranhão essa é a realidade de milhares de trabalhador@s definidos ‘informais’ porque nunca lhes foi assinada uma carteira de trabalho. Porque é mais cômodo para alguém que os contrata pagar R$ 350,00 por mês ou até menos, e ainda por cima se sentir a pessoa mais generosa da humanidade! Alguém tem dúvida sobre a ‘irresponsabilidade’ oficial de órgãos, instituições e governos que só ficam a elogiar o poder transformador d@s trabalhador@s no dia 1º de maio, mas continuam a apascentar a si próprios ao sugar sangue e suor de quem continua a lhes oferecer a preço aviltante a sua mão de obra...como aos ‘velhos tempos’!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

OBS. Obrigado pelas 3.565 visitas ao Blog no mês de abril! 

Homicídio da líder Maria Amélia Guajajara: quem fará justiça?

Ainda não há detalhes sobre mais um brutal assassinato que na sexta feira passada, 28 de abril, ceifou a vida da líder indígena da aldeia Coquinho II, no município de Genipapo dos Vieiras, Maria Amélia Pereira Guajajara, 52 anos. Sabe-se que foram dois tiros, ação de quem sabe como matar, e não ferir. Há um certo desencontro sobre o suspeito responsável dos tiros. Alguns afirmam que seria um noto foragido da justiça que vive com uma jovem indígena e procurado por ser responsável de inúmeros assaltos na BR 226.  Se isso for verdade, talvez aqui se deva encontrar a chave do movente do homicídio de Maria Amélia. A líder Guajajara era conhecida por ser uma mulher bem esclarecida, consciente dos problemas que afetam a terra Canabrava-Guajajara que continua sendo palco de numerosos conflitos que vão desde o roubo de madeira nobre aos citados assaltos promovidos por numerosos não indígenas que lá se escondem e se infiltram. Alguns líderes Guajajara afirmam explicitamente que foi a determinação da líder em sugerir abertamente a expulsão ‘desses estranhos’ que teria provocado a ira de um dos mais procurados da região. O crime está sendo investigado. Não se descarta, dada a impressionante e preocupante freqüência com que se matam indígenas naquela região de Grajaú, que haja uma intervenção firme da Polícia Federal. Algo que deveria ter acontecido há muito tempo. A não ser que se queira continuar assistir de camarote à eliminação física e moral de um povo já duramente provado pelo esbulho do seu patrimônio e, principalmente, por ser vítima de preconceitos, racismos e perseguição moral de toda ordem!