sábado, 16 de junho de 2012

Cúpula dos povos no Rio+20 critica 'economia verde' e apela para a 'justiça socioambiental'

A Cúpula dos Povos é quase um movimento de protesto contra a Rio+20. Mas não para nisso. Ela propõe ‘soluções alternativas’ àquelas apresentadas pelas grandes potências. A conferência alternativa, que começou nesta sexta-feira (15/06) e reúne cerca de 30 mil pessoas no Rio de Janeiro, adverte: a crise ambiental não será resolvida nas bolsas de valores, com a transformação da natureza em bens que possam ser vendidos como commodities. O conceito de ‘economia verde’ das Nações Unidas se rendeu demais ao apelo do mercado e as corporações estão assumindo as rédeas, dizem os idealizadores do evento paralelo. "As grandes empresas estão aproveitando o momento de crise e procurando saídas meramente econômicas para uma questão que é muito mais complexa do que a economia", acusa Pedro Ivo Batista, da organização da Cúpula dos Povos. A Câmara Internacional do Comércio, que vai reunir empresas como Volkswagen, Vale e Alcoa num debate sobre o tema no âmbito da Rio+20, reagiu à acusação. A entidade vai lançar na ocasião um guia contendo dez princípios para nortear empresas a fazerem a transição para o modelo "verde". 
As organizações civis que participam do encontro, formadas por movimentos de mais de 50 países, defendem que a saída para crise ambiental inclui obrigatoriamente o respeito aos direitos dos povos tradicionais, ou seja, pela justiça sócio-ambiental. Transformar a natureza em uma mercadoria seria desobrigar os países desenvolvidos de reduzirem suas emissões de gases-estufa e de mudarem seu padrão de comportamento – baseado no alto consumo e com elevado desperdício. A lista de soluções proposta pela Cúpula dos Povos inclui a prática da economia solidária – um modelo baseado no cooperativismo para a produção de bens e serviços –, mais espaço para tecnologias sociais, como a construção de cisternas e projetos de manejo florestal sustentável, e fortalecimento dos movimentos sociais. Críticas também não faltam ao anfitrião. O Brasil, dizem, perdeu o protagonismo na discussão ambiental. As grandes hidrelétricas na Amazônia, a facilitação da liberação de projetos de mineração em terras indígenas, a política nuclear dúbia e o retrocesso nas leis ambientais tiraram o brilho do país. (Fonte: IHU)
   

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