sexta-feira, 22 de junho de 2012

RIO+20 - No aterro do Flamengo o desafio de falar para a humanidade!


Aparentemente é uma Babel, mas é o aterro do Flamengo que hospeda os participantes da Cúpula dos Povos na Rio+20. Uma miríade de tendas espalhadas, coloridas, indicando os temas que eram debatidos pelos inscritos. No gramado exposições sem fim de artesanatos de todos os lugares. Ausentes, porém, os continentes da Ásia e África. Uma forte e incontestável presença de brasileir@s e latin@-american@s. E, dentro del@s, as onipresentes bandeiras do MST e Via Campesina. O tema geral é o desenvolvimento sustentável, mas há espaço para uma infinita gama de debates sobre as mais variadas realidades e temas. Há, por exemplo, a sofisticada tenda da VALE, com acesso restrito, com segurança particular, e com direito a cofee-breack...E há a tenda que debate a mineração e a energia. Aqui, se sobressaem os depoimentos que arrancam aplausos e lágrimas como o de uma ‘atingida da Vale’ de Piquiá de Baixo. Os dados e as informações técnicas deixaram lugar à narração das vítimas dos impactos de mineradoras e hidrelétricas. 
Há a elegante e suntuosa tenda que debate o perfil e a vida do personagem Daniele Mitterrand (esposa do ex-presidente da França, François Mitterrand), com a participação do Boff e outras estrelas, -com certeza muito bem gratificadas, - e a há simples modesta tenda da coordenação nacional dos catadores e recicladores de lixo. Também na 'Cúpula' contata-se o reflexo das desigualdades do cotidiano! A metodologia adotada pelos organizadores parece convincente: inicia-se com a análise-descrição dos diferentes e específicos problemas relacionados ao desenvolvimento sustentável, passa-se à indicação das 'falsas soluções', para, enfim, apontar propostas e pistas concretas. Ontem participei de uma das plenárias em que se expunham as diferentes soluções, devidamente fundidas e afuniladas. Mesmo assim, saiu uma lista sem fim de 'recomendações' para a sociedade e poderes públicos, mas sem indicar metodologias, prazos, estratégias. Nisso, também a 'Cúpula' parece não ter acrescentado algo inovador. Talvez não tenhamos que encontrar nisso o novo. Talvez o 'novo confirmado' esteja no fato que há ainda setores da humanidade que teimam em resistir, e se opõem às práticas dos chefes das nações cujas lógicas trilham outras ambições e outros interesses. Dominados e manipulados como são pelas grandes corporações, só se preocupam em 'reciclar a sua linguagem' falando em 'economia verde', mas aprofundando de forma impiedosa a prática arcaica, - mas eficiente, - de 'crescer' destruindo o 'verde' que para eles continua sinônimo de atraso. 

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