sábado, 30 de junho de 2012

São Pedro e São Paulo - Uma igreja com moral para denunciar e anunciar (Mt.16, 13-19)

Parece não haver mais profecias na terra. A Palavra emudeceu. Ela não parece mais iluminar os acontecimentos e as vicissitudes humanas sempre mais complexas e misteriosas. Parece não haver mais revelação aos corações endurecidos. Os humanos sempre mais fechados e surdos diante de um Deus cansado de não ser ouvido. Não há mais líderes na terra! Forças morais com quem se identificar, e nos sentir ‘um’ com eles. Não para que eles façam por nós, mas para que eles estejam ao nosso lado para construir e transformar. Para nos incentivar e socorrer. Para se alegrar e chorar conosco. Para consolar, mas também para nos questionar na hora de assumirmos posturas indivisualistas e anti-humanas. Estamos sozinhos no coração de um planeta à deriva. Tateando e tropeçando nos nossos interesses e mesquinhas ambições. Achando que será a realização das nossas cegas veleidades que nos fará sentir deuses onipotentes. Autônomos e emancipados de um Deus maior e mais humano do que nós. Que não queremos reconhecer, porque diferente demais de nós. Dos nossos projetos de grandeza e dos nossos princípios mutantes. Propomo-nos a ser pedras fundantes para outros humanos, sólidas, consistentes, proporcionando segurança e vontade de superação. Nem que seja somente para ‘os nossos’. Descobrimos que somos sim pedras, mas de escândalo. De tropeço. De destruição. De desespero. A nossa arrogância e o nosso ego estupidamente inflado desmoronam diante das desgraças sociais, ambientais e humanas que nós mesmos produzimos. E pior, sem assumirmos a responsabilidade para tanto. Longe de ser profeta da desgraça – ou do pessimismo nihilista, - impõe-se um redirecionamento radical nos nossos padrões éticos! A começar da igreja de Pedro-pedra! E de Paulo-missionário entre os ‘estrangeiros’ não judeus. Para que a igreja que se diz de Cristo não seja uma permanente negação da prática daquele anunciou sistematicamente a supremacia de Deus, e não dos ‘césares’! De um Deus não manipulável, entendido como pai amoroso e cheio de compaixão. Uma igreja despida de ‘status de estado’ e entendida como família que acolhe e protege as vítimas da brutalidade humana. Que tem moral para falar, anunciar e denunciar. E profetizar a vida nova que há de surgir. Porque não se enche da empáfia de quem se acha o único salvador universal. Porque no seu seio há pessoas que sabem amar de forma gratuita, sem trocas e interesses. Porque os seus filhos e filhas vivem a se identificarem com Aquele único e verdadeiro líder que veio para ‘servir e não para ser servido’.

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