sábado, 29 de setembro de 2012

Índios Tembé exercem direito de legítima defesa e tocam fogo em caminhões e tratores de madeireiros ilegais

Indígenas Tembé incendiaram caminhões e maquinários de madeireiros ilegais nesta sexta-feira, 28. A madeira era extraída ilegalmente da Terra Indígena (TI) Alto Rio Guamá, no trecho do território que fica no município de Nova Esperança do Piriá, no Pará, divisa com Maranhão. A terra foi homologada em 1993. "Eles tiram madeira de lá faz muitos anos. Não é de hoje", explica uma liderança indígena Tembé. Para o indígena, a ausência de uma política de Estado que proteja a terra faz com que a situação perca o controle.  "A gente sempre avisa a polícia, às vezes pega a máquina, traz pra aldeia e avisa polícia. Mas aí o madeireiro entra na Justiça e a polícia acaba tendo que devolver, ele recupera a máquina e invade de novo. A única saída é tocar fogo", afirma. "Acontece que lá, os indígenas acabam fazendo vigilância por conta própria", explica Juscelino Bessa, coordenador técnico da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Belém. "Na quarta-feira [26], eles encontraram quatro caminhões, três tratores e duas caminhonetes [de madeireiros] e, pela primeira vez, destruíram os maquinários. Isso demonstra que a situação é bastante grave", expõe. Através de imagens de satélite, é possível observar que cerca de 50% da área já foi devastada. "O norte [da TI] já foi completamente depredado. O que ainda resta de madeira está na região sul, na divisa com o Maranhão", conta Juscelino. Em geral, os extratores de madeira são pequenos proprietários que trabalham para compradores de madeira. "Na verdade, quem retira são só testas-de-ferro. Estão à frente do serviço, mas tem outras pessoas por trás. É só você observar o investimento, os caminhões, tratores novos. Aqueles colonos não têm dinheiro pra esse tipo de equipamento". Indígenas, indigenistas e Funai temem uma retaliação por parte dos madeireiros. Os Tembé enviaram relatórios sobre os últimos acontecimentos à Funai, que por sua vez encaminhou denúncia ao Ministério Público Federal, e aguarda posição do Estado para realizar uma operação no território indígena.(Fonte: Porantim)

Nenhum comentário: