terça-feira, 18 de setembro de 2012

O grito ressoou


Não éramos muitos, mas significantes. Não éramos todos de um mesmo grupo, mas sim de uma mesma causa, embalando pela mesma indignação: como comemorar 400 anos de fundação de São Luís, quando a maioria de sua população vive em uma situação de total exclusão? Comemorar o quê? A pergunta ressoou e tornou-se um grito coletivo reunindo militantes, agentes pastorais, jornalistas, ateus, freiras, padre e juventudes.Uma capital comandada por uma oligarquia, um estado que vive em um sistema feudal, uma sociedade totalmente entregue a uma política de pão e circo e uma polícia ditatorial.Organizados para ocupar as ruas após o desfile oficial dos militares estávamos à espera de nossa hora de entrarmos na avenida e de uma hora para outra a polícia avança e quis a todo custo interromper qualquer registro do que estava acontecendo, neste furdunço - de repente -percebemos Ramon- membro das CEBs, jornalista da Rádio Educadora e integrante do Comitê Pe. Josimo- a ser pisoteado, arrastado, algemado e preso pelo braço armado do estado Maranhão (Polícia de Choque, GTA etc). Num ato imoral e repressor, prendeu uma das pessoas mais pacíficas só por estar exercendo o seu direito de liberdade de expressão e atuando como profissional.Quiseram sufocar o grito de toda aquela gente ali organizada, para que tanta polícia para um punhadinho de gente. A organização do povo ameaça tanto, por quê?Por que tanta violência com um jovem jornalista? Por que o cercaram? Por que o espancaram? Por que o prenderam?Será que a mesma sociedade que chorou pela morte do jornalista Décio Sá também se indigna com a violência com que foi tratado o jornalista Ramon Alves? Deixamos a pergunta no ar.O grito prosseguiu insistentemente na avenida e atrás do camburão da polícia até a delegacia da REFESA. Razões não se tinham para a prisão de Ramon, mas mil razões se têm para não dar nenhum passo atrás em prol de uma sociedade justa e libertária.Levante-se São Luís, solte seu grito, abaixo a repressão!  Gritamos juntamente com Ramon quando ele foi solto ontem na delegacia e vamos grita mais alto ainda:grito dos 400 anos, por uma São Luís sem exclusão!

Lu Diniz, SNDdeN
Irmã de Notre Dame de Namur e integrante do Comitê Pe. Josimo

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