segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Povo Munduruku resiste à obsessão governamental de construir hidrelétricas no Rio Tapajós. Inundação seria maior do que a de Belo Mone!

Não houve acordo. O governo teve uma pequena amostra, na semana passada, da resistência que enfrentará para levar adiante seu projeto de construção de hidrelétricas ao longo do rio Tapajós, uma região isolada da Amazônia onde vivem hoje cerca de 8 mil índios da etnia Munduruku. Um grupo de líderes de aldeias localizadas no Pará e no norte do Mato Grosso, Estados que são cortados pelo rio, esteve em Brasília para protestar contra ações de empresas na região, que realizam levantamento de informações para preparar o licenciamento ambiental das usinas. Os índios tiveram uma reunião com o ministro de Minas e Energia (MME), Edison Lobão. Na mesa, os projetos da hidrelétricas de São Luiz do Tapajós e de Jatobá, dois dos maiores projetos de geração previstos pelo governo. Lobão foi firme. Disse aos índios que o governo não vai abrir mãos das duas usinas e que eles precisam entender isso. Valter Cardeal, diretor da Eletrobras que também participou da discussão, tentou convencer os índios de que o negócio é viável e de que eles serão devidamente compensados pelos impactos. Os índios deixaram a sala. Para o cacique Arnaldo Koba Munduruku, que lidera todos os povos indígenas da região do Tapajós, o resultado do encontro foi negativo. "Nosso povo não quer indenização, nem quer o dinheiro de usina. Nosso povo quer o rio como ele é", disse Koba ao Valor. "Não vamos permitir que usinas ou até mesmo que estudos sejam feitos. Vamos unir nossa gente e vamos para o enfrentamento. O Tapajós não vai sofrer como sofre hoje o rio Xingu", afirmou o líder indígena, referindo-se às complicações indígenas que envolvem o licenciamento e a construção da hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira (PA). Com as usinas de São Luiz e Jatobá, o governo quer adicionar 8.471 megawatts de potência à sua matriz energética. O custo ambiental disso seria a inundação de 1.368 quilômetros quadrados de floresta virgem, duas vezes e meia a inundação que será causada pela hidrelétrica de Belo Monte. O governo diz que é pouco e que, se forem implementadas todas as usinas previstas para a Amazônia, menos de 1% da floresta ficaria embaixo d'água. (Fonte: O Valor)

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Indo além das aparências e acreditar na esperança possível (Lc.9,28-36)

O que pode parecer algo surpreendente e espetacular reservado a algumas poucas pessoas pode estar ao nosso alcance: a transfiguração de pessoas e realidades. Ou seja, a capacidade de conhecer e ver além do que vemos física e sensoriamente. Um conhecimento antecipado de pessoas e coisas. Se analisarmos o itinerário da nossa vida, podemos perceber que em determinados momentos fizemos a experiência concreta, histórica, de ter intuído o que determinados acontecimentos ou pessoas iriam significar para nós. Ou seja, perceber com uma clareza reveladora que tipo de impactos iria produzir em nossa vida. Enfim, não uma distorção da realidade produzida pela mente, e sim um sentir diferente, único, revelador. Podemos chamar essa experiência profundamente humana de ‘trans-figuração’!É a experiência que Jesus fez ao perceber intuitivamente que a sua escolha de anunciar a boa nova aos invisíveis e pequenos da sociedade, e descortinar os mecanismos que os subjugavam, iria produzir impactos fatais para a sua própria sobrevivência física. Ao mesmo tempo, porém, teve a percepção que a sua morte não seria em vão, mas daria vida algo novo, inédito (vestes brancas). Em suma, nada que não tenha sido fruto de uma profunda capacidade, por parte de Jesus, de compreender as relações humanas, os jogos e as disputa de poder, as contradições e antagonismos sociais e econômicos.
O evangelista Lucas no-lo apresenta sob uma roupagem metafórica surpreendente: o alto monte, o branco luminoso de Jesus, as 3 tendas para dois personagens que representam a lei e o profetismo. É como se o evangelista nos dissesse que Jesus previu que ao sintetizar e ao superar duas grandes dimensões da estrutura religiosa de Israel (a lei mosaica e o profetismo anti-monárquico de Elias) iria colher o reconhecimento formal de Deus (a nuvem e a voz), mas também a rejeição do próprio povo de Israel. Essa ‘transfiguração’ da história, ou seja, essa possibilidade humana de ir além das meras aparências e fenômenos externos para colher o sentido profundo dos acontecimentos, permitiu a Jesus encarar com realismo, sem pavor, sem fatalismos e sem fanatismo, o desfecho assustador e fatal que o estava aguardando. Nas horas da angústia, da dúvida, da tentação, espera-se que estejamos atentos para captar as inúmeras sinalizações emitidas por Deus através dos acontecimentos da história para nos sentir confirmados em nossas opções ou para ter coragem para redirecionar rumos e fazer outras opções.(Fonte: Padre Bombieri, 2009)

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Missionários Combonianos debatem na Cidade do México a sua ação juntos aos povos indígenas do continente

Cidade do México - Os missionários Combonianos que atuam juntos aos povos indígenas do continente americano estão reunidos na Cidade do México para partilhar experiências, problemas, metodologias e tentar afinar a sua prática evangelizadora.  O encontro iniciou no dia 18 deste e se encerrará no dia 23. Os 30 participantes, incluindo algumas indígenas e religiosas do México, representam os 7 países onde os Combonianos estão presentes. A primeira parte do encontro foi reservada à apresentação das diferentes realidades em que os missionários vêm atuando, enfatizando principalmente os desafios sociais e culturais, a metodologia de trabalho e as perspectivas. Emergiu um amplo e variado leque de esperanças, riquezas culturais, resistências, juntamente com relatos de ameaças à integridade física das pessoas e dos territórios, dramas sociais, deslocamentos maciços por causa do narcotráfico e do abandono por parte dos poderes públicos, e outros. Se de um lado os Combonianos constatam uma nova emergência dos povos indígenas no sentido em que eles vêm apresentando com altivez e firmeza suas reivindicações, e exigem reconhecimento e respeito aos seus direitos, do outro lado percebem com tristeza que eles continuam sendo considerados para os governos nacionais um estorvo ao crescimento econômico. Os cerca de 50 milhões de indígenas que hoje habitam o continente, em que pesem os problemas em que estão mergulhados, continuam sendo portadores de valores humanos e de projetos de vida que várias culturas dos países do norte do mundo já têm abandonado. Um dado que pode comprovar isso é, por exemplo, o fato que hoje o país com os mais altos ‘índices de felicidade’ é o Guatemala, um país com fortes influências indígenas. Já os Estados Unidos, que ainda é considerado o paradigma a ser seguido, ocupa o 136º lugar. Os Combonianos como também outros missionários e cidadãos do mundo tentam beber sempre mais dessas fontes indígenas acreditando que no modo de ser dos povos indígenas do nosso continente podem estar presentes formas alternativas de ‘crescimento, de desenvolvimento e de progresso’ e que proporcionam não tanto lucros financeiros, e sim motivações para o BEM-VIVER!

Ruralistas propõem emenda constitucional que permitiria explorar 50% da área das terras indígenas

Os ruralistas estão querendo atacar novamente. Após ter rasgado o Código Florestal eles querem atacar as áreas protegidas. As duas últimas investidas são pesadas, e pretendem mudar a Consituição brasileira. Já tramitando na Câmara, sob batuta do deputado Nelson Padovani (PSC-PR), a Proposta de Emenda Constitucional (PEC 237/13). Ela permitiria abrir até 50% da área das terras indígenas aos produtores rurais. O argumento dele seria “a vida financeira dos índios se deteriora cada vez mais. A miséria, as doenças, o tráfico de drogas e o consumo de álcool avançam em terras indígenas”, disse o preocupado deputado. Ele só não explicou como ou por que a chegada do agronegócio – que historicamente tem causado conflitos com os indígenas – solucionaria esses problemas. A proposta de Padovani vem na esteira de vários outros ataques – dos poderes legislativo e executivo – às áreas protegidas. Um outro projeto que chama a atenção e causa arrepio a indigenistas e ao movimento ambientalista é a PEC 215/2000, de autoria do deputado Almir Sá (PPB/RR). Também tramitando na Câmara, a proposta quer entregar ao Congresso Nacional – o mesmo que definhou nossa legislação florestal – as decisões sobre aprovar, demarcar e ratificar as terras indígenas.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

200 famílias Kaiwá retomam área da fazenda onde foi assassinado o jovem Denilson de 15 anos!

Cerca de 200 famílias da aldeia Tey’ikue retomaram área da fazenda onde foi assassinado o jovem Kaiowá Denilson Barbosa, em Caarapó (MS). O jovem de 15 anos foi encontrado morto com um tiro na cabeça na manhã de domingo, 17. Segundo os indígenas, a terra onde hoje incide a fazenda, cujo proprietário Orlandino Carneiro Gonçalves cria gado e arrenda para lavouras de soja, faz parte do antigo tekoha Pindoty, tradicionalmente ocupado pelos Kaiowá antes das expulsões, ao longo do século XX. Os indígenas reivindicam a presença permanente da Força Nacional na área para garantir a proteção das famílias. "Hoje [terça, 19] o fazendeiro esteve aqui com a polícia local. Veio tirar os bois", conta uma indígena que prefere não ser identificada. "A Força Nacional tem que vir aqui e ficar para proteger a gente”.Segundo a indígena, a polícia não teria feito perícia no local onde ocorreu o assassinato. "Eles [Polícia Civil] foram só na estrada onde estava o corpo. Eles têm que fazer perícia na fazenda, onde mataram ele [Denilson]", defende.Após o enterro do jovem Kaiowá, na tarde desta segunda-feira, 18, familiares do indígena assassinado começaram a erguer barracos, no sentido de protestar contra o assassinato e retomar o território reivindicado como tradicional. "Estamos dormindo ao ar livre, quase não temos lona, mas não vamos sair daqui", garante a indígena. As áreas do entorno da reserva ocupadas por fazendas foram analisadas nos levantamentos feitos pelo Grupo Técnico de Identificação e Delimitação da Terra Indígena Dourados-Amambaipeguá, cujo relatório ainda está sob avaliação da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Brasília.(Fonte: IHU)

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Mataram mais um índio Kaiwá de 15 anos! E aí?

O Kaiowá Denilson Barbosa, de 15 anos, morador da aldeia Tey'ikue, foi encontrado morto no domingo, 17, no município de Caarapó (MS), em uma estrada vicinal a sete quilômetros do perímetro urbano da cidade, com um tiro na cabeça. Segundo relatos de testemunhas, Denilson e outros dois indígenas estavam indo pescar no sábado, 16, quando foram abordados por três pistoleiros ligados ao proprietário e arrendatário de uma fazenda vizinha à terra indígena de Caarapó, onde foi criada uma reserva no início do século XX. Os três homens atiraram contra os indígenas, que saíram em fuga do local. Dois deles conseguiram se esconder. Denilson caiu e ficou preso no arame farpado de uma cerca. Os três homens, então, o pegaram e passaram a desferir coronhadas na cabeça e no estômago do Kaiowá, mandando que ele se levantasse. Segundo os sobreviventes, quando se pôs de pé, Denilson foi alvejado com três tiros: dois na cabeça e um no pescoço. O corpo de Denilson foi encontrado por um caminhoneiro - segundo os indígenas, também funcionário de outra fazenda da região - que circulava pela vicinal, próxima à reserva, por volta das 5 da manhã de domingo, 17. Os indígenas acreditam que, após o assassinato, os pistoleiros desovaram o corpo de Denilson em uma estrada longe da fazenda, num entroncamento conhecido como "Pé de Galinha". A comunidade também planeja realizar uma série de protestos para denunciar a ação violenta. Conforme o relato dos indígenas sobreviventes e as características da morte, os indícios apontam para execução.(Fonte: IHU)

domingo, 17 de fevereiro de 2013

A diabólica idolatria que seduz e corrompe (Lc. 4,1-13)

Há quem insinue que o papa tenha abdicado ao seu cargo em razão da impossibilidade de por fim a tantas formas de conchavo, competição, procura de prestígio e de poder de tantos prelados que vivem no Vaticano. Em outras palavras, em razão da constatação de que ‘satanás’ vem controlando e dominando a vida e a consciência daqueles que deveriam testemunhar a sobriedade, a gratuidade, a humildade. Nem o próprio papa, com certeza, se viu livre, algum dia, de ter que lutar ferrenhamente contra o impulso de seguir as expectativas de um papado messiânico, triunfalista e poderoso. E, com certeza, como cada um de nós, em muitas ocasiões deve ter sucumbido! E, como cada um de nós, deve ter se arrependido, levantado novamente, e se preparado para enfrentar uma sucessiva investida do diabólico. Pela narração evangélica hodierna nem o próprio Jesus escapou de sentir impulsos para seguir um caminho diferente daquele traçado pelo Pai. Também Jesus, como qualquer de nós, teve que fazer as contas com as pressões de grupos e facções que o empurravam a seguir a lógica do ‘palácio real’. Só ele mesmo para resistir, e que a cada tentativa de ‘fazê-lo rei’ encontrava coragem de ‘se retirar num lugar deserto’ para rezar e se recarregar. E fugir, literalmente, do ‘canto da sereia’ da ambição e da procura de reconhecimento público. Nós humanos, ao contrário, vítimas de uma cultura que vem nos educando desde pequenos a dar asas a ambições e a sonhos de grandeza, com freqüência aceitamos as seduções diabólicas, até como forma de nos sentir aceitos socialmente, ou para não nos sentir esmagados por pessoas que as vemos como rivais e competidoras.

Uma coisa, contudo, deve ficar clara para nós ao refletirmos sobre essa narração. Nela não se quer condenar, - como se afirma costumeiramente, - o ter, o prazer e o poder. Nem tampouco o simples fato de sermos tentados. Afinal, tentação não significa adesão ao objeto da tentação. E mais: por que seria condenável o fato de possuirmos algo, ou de sentirmos prazer, ou termos consciência que se possui poder? Tudo isso, por si só, não constitui nenhum impedimento para ser discípulo de Jesus, e da realeza de Deus. Que bonito seria ‘possuir’ meios necessários, embora sóbrios e modestos, para anunciar e servir com mais eficácia os pobres e excluídos! Que bonito seria sentirmos entusiasmo e tesão infinitos naquilo que somos e fazemos em favor dos outros! Que bonito seria ter consciência que temos poder e força moral para influenciar positivamente relações humanas e sociais para que todos possam convergir em favor da defesa da vida! Definitivamente o problema não é esse! O problema central que Jesus teve que combater sistemática e permanentemente foi a tentação de ser um ‘alguém manipulado, controlado e dominado’ por outros, com outros projetos e outros interesses, no intuito de receber, em troca, reconhecimento e prestígio público. Em última instância, a tentação da idolatria, a tentação de servir e agradar os ídolos que hoje como ontem anestesiam consciências e estupram valores humanos e divinos.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Ministério Público do Trabalho do Maranhão pede indenização de 38 milhões à VALE por danos contra o ambiente e a segurança dos seus trabalhadores

O presidente da Vale quando recebeu alguns meses atrás o prêmio internacional de ‘PIOR EMPRESA’ do ano 2011, mediante votação eletrônica, ficou irritado e sem querer compreender aquele gesto. Aqui vai uma das muitas explicações. Por conta de violações às normas de meio ambiente e segurança do trabalho, o Ministério Público do Trabalho no Maranhão (MPT-MA) ingressou com uma Ação Civil Pública (ACP) contra a mineradora Vale, na 7ª Vara do Trabalho de São Luís. A indenização solicitada por dano moral coletivo chega a 37,8 milhões de reais – valor recorde na história da justiça trabalhista maranhense. Na Ação, protocolada no final do ano passado, os procuradores Anya Gadelha, Maurel Selares e Christiane Nogueira recomendaram o cumprimento de 38 obrigações e sugeriram a aplicação de multa de 200 mil reais por medida desobedecida. A procuradora Anya Gadelha não tem receio em declarar que a Vale ao longo dos anos em que está instalada no Maranhão vem desrespeitando normas elementares de segurança e saúde no trabalho, construindo cenários macabros de acidentes de trabalho fatais que chocaram a sociedade maranhense. Segundo a procuradora, o valor elevado da indenização busca reparar toda a sociedade, punir a empresa e prevenir a prática de novas infrações. Um dos piores episódios protagonizados pela Vale ocorreu em abril de 2010, quando sete trabalhadores que prestavam serviço no Píer III do terminal portuário da Ponta da Madeira, em São Luís, foram atingidos por uma calha do bandejamento do transportador de minério. Dois deles morreram e os outros cinco sofreram lesões. E aí seu presidente, deu para entender o porquê do prêmio?

Voltar a uma 'igreja' sem papas, nem consistórios, e nem cúrias. Voltar às 'células iniciais' inspiradas a Jesus de Nazaré.

A mídia continua ainda tendo seus olhos voltados aos últimos acontecimentos vaticanos: a renúncia a papa de Josef Ratzinger e às sempre mais obscuras causas do seu gesto. Haverá ainda ‘muito pano’ para ‘pouca manga’, mas inutilmente! De fato, venham de onde vierem os comentários e análises até aqui divulgadas dão conta ainda de uma ‘igreja institucional’, aquela ligada somente ao exercício do governo, a um ‘estado’, a uma ‘entidade política’. Não foi essa a ‘configuração institucional’ que Jesus e as primeiras comunidades queriam. Aliás, eles nem queriam ‘a igreja’ como instituição e como entidade política! Sabedores que eram de que toda instituição, afinal, mata o carisma e a inspiração inicial. Algo constatável na história de ontem e de hoje. Cabe, portanto, agora, dirigir o nosso olhar para ‘aquela igreja’ que sempre viveu à margem dessa ‘outra’, a institucional e que é a única capaz de se insinuar paulatinamente na história e produzir mudanças inéditas. Mesmo sem desconhecer que um mínimo de ‘institucionalização’ é imprescindível, principalmente nas complexidades hodiernas, faz-se urgente, nesse momento, apostar naqueles movimentos e conjunto de aspirações que priorizam o carisma e a ‘inspiração original’ de Jesus de Nazaré e do seu grupo. 
As necessárias e sempre mais urgentes mudanças que se afirma de diferentes partes que devem acontecer na ‘igreja’ não serão produzidas por um papa ou pela instituição que ele representa. Mesmo que ousadas e proféticas (segundo quem, para quem e aonde?) não surtiriam efeito se não apontassem para mais participação, mais respeito, mais sobriedade. E se não forem acolhidas por pessoas sempre mais identificadas com determinados valores e opções éticas, algo desafiador no mundo de hoje tão deseducado para isso. A falta de sensibilidade e de atenção aos verdadeiros valores que dão sentido à existência humana por parte da instituição igreja’ é que vem produzindo não somente uma crise sistêmica no seu seio, mas também na própria concepção do cristianismo vivenciado e veiculado por pessoas não necessariamente praticantes. Sem idealizações e sem ignorar as contradições pessoais e coletivas que nos acompanham sistematicamente no nosso dia a dia é imprescindível ‘voltar’, - sem regredir ao passado cronológico, - às ‘células familiares’ ou às pequenas comunidades geradoras de uma sempre mais vivaz pluralidade ministerial, sem ‘chefes de estado’, nem ‘consistórios’, nem ‘cúrias’, mas com tantos Josés, Antônios, Franciscos, e tantas Marias, Anas, Lurdes que a partir da inspiração do ‘mesmo e diferente’ Jesus de Nazaré procuram viver com intensidade e criatividade a sua fé. Uma fé pessoal, comunitária, histórica, comprometida, que as instituições sempre tenderão a controlar e a matar!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Com a renúnica de Bento XVI se inicia um novo sistema de governo para a igreja católica?

A inédita situação determinada pela renúncia de Bento XVI é de grande ajuda para compreender o que significa realmente ser papa. Até ontem, "ser papa" e "fazer o papel de papa" era a mesma coisa. Até ontem, a pessoa e o papel se identificavam, não havia solução de continuidade, e, ao contrário, se entre as duas dimensões uma devia prevalecer, certamente era a de "ser papa" que prevalecia, fazendo passar para o segundo plano o fato de ter ou não as plenas possibilidades de poder fazê-lo. A laicidade levou a melhor sobre a sacralidade.De fato, tratou-se de uma decisão laica, porque realiza uma distinção, e onde há distinção há laicidade. A distinção entre a pessoa e o papel introduzida nessa segunda-feira por Bento XVI, com a sua renúncia, se concretiza nestas palavras ditas em latim aos cardeais: "As minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino". Há um ministério, uma função, um papel, um serviço, que tem prioridade sobre a identidade da pessoa.

A palavra decisiva no anúncio papal dessa segunda-feira, no entanto, é outra, a seguinte: "No mundo de hoje". Eis as suas palavras: "No mundo de hoje, para governar a barca de São Pedro, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo". No mundo de ontem, sugere Bento XVI, a distinção entre pessoa e papel ainda podia não emergir, e um Joseph Ratzinger enfraquecido ainda poderia continuar desempenhando o papel de Bento XVI. No mundo de hoje, ao invés, não é mais assim. Eu considero essas palavras não somente uma grande lição de autoconsciência e de laicidade, mas também uma grande oportunidade de repensamento para o governo da Igreja. A renúncia de Bento XVI pode conduzir a uma reforma da concepção monárquica e sacral do papado nascida na Idade Média e retomar a concepção mais aberta e funcional que o papel do papa tinha nos primeiros séculos cristãos?É difícil que isso aconteça, mas permanece a urgência de colocar novamente no centro do governo da Igreja a espiritualidade do Novo Testamento, passando de uma concepção que confere ao papado um poder absoluto e solitário, a uma concepção mais aberta e capaz de fazer viver na cotidianidade o método conciliar. (Fonte: IHU - artigo de Vito Mancuso, re-elaborado pelo blogueiro)

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O papa Bento VI já havia admitido a hipótese de renunciar

A renúncia do papa Bento Pontífice  é coerente com aquilo que o Papa declarou no livro-entrevista "Luz do mundo" de Peter Seewald, em que há duas perguntas precisas que se referem à hipótese de renúncia. Seewal perguntara, inicialmente, a propósito de situações difíceis se estas pesavam sobre o Pontificado em andamento e se o Papa havia pensado renunciar. A resposta tinha sido:"Quando o perigo é grande não se pode fugir, eis o motivo pelo qual este, seguramente, não é o momento de renunciar (referia-se à questão dos abusos e assim por diante), "é justamente em momentos como este que é preciso resistir e superar a situação difícil. Este é o meu pensamento. Pode-se renunciar num momento de serenidade, ou quando simplesmente não se consegue mais, mas não se pode fugir no momento do perigo e dizer 'que outra pessoa cuide disso'. A segunda pergunta de Seewal:"Portanto, é imaginável uma situação na qual o senhor considere que o Papa renuncie?" A resposta do Papa foi:"Sim, quando um Papa alcança a clara consciência de não mais ser capaz fisicamente, mentalmente e espiritualmente de desempenhar o encargo a ele confiado, então tem o direito e, em algumas circunstâncias, também o dever de renunciar.
Bento XVI deverá transferir-se primeiro para Castel Gandolfo e, sucessivamente, quando terminarem os trabalhos de restauração, para onde se encontrava a sede do mosteiro das irmãs de clausura, no Vaticano.

Comentário do blogueiro - Acostumados como fomos a ver um papa permanencendo tal até à morte, surpreende-nos a decisão do atual. A exibição da progressiva piora do estado de saúde do papa não é nada caridosa e nem conveniente. Além disso, a situação admistrativa e política no Vaticano que é extremamente grave exige uma rápida intervenção e uma decidida tomada de posição, algo que o atual papa não podia e nem queria por prever que havia chegado ao fim da sua caminhada.Rezemos e torcemos para que o diálogo, o entendimento, a confrontação sincera entre os senhores cardeias não deixe lugar a disputas pela sucessão petrina......

BENTO XVI RENUNCIA. EM MARÇO SAI O NOVO PAPA!

Cidade do Vaticano - Bento XVI anunciou esta segunda-feira que renunciará no dia 28 de fevereiro. Eis o texto integral do anúncio:

Caríssimos Irmãos,
convoquei-vos para este Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado.
Por isso, bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20,00 horas, a sé de Roma, a sé de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.
Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa Igreja de Deus.

Vaticano, 10 de Fevereiro de 2013.
BENEDICTUS PP XVI

sábado, 9 de fevereiro de 2013

O fascínio da 'palavra' que encanta, motiva e multiplica vidas e esperanças (Lc. 5, 1-11)

Aparentemente vivemos em uma cultura onde o que vale e o que influencia o ser humano em seus comportamentos parecem ser os gestos concretos e coerentes, e os atos formais e legalmente registrados. Muitas vezes afirmamos com solenidade que o que vale é o nosso fazer, e não o nosso falar. Ninguém, por exemplo, fecha um negócio ou faz um acordo tendo como base somente a palavra reciprocamente dada. Onde a confiança é determinante, e é a única garantia oferecida para o cumprimento do que foi combinado. Entretanto, queiramos ou não, vivemos ainda sob o domínio e o fascínio da palavra. A palavra não é somente um canal de comunicação. Ela exerce uma sedução única, encantadora, mágica. Mediante a palavra o seu veiculador, o ser humano, manifesta habilidades para anestesiar ou mobilizar massas. Conduzi-las para o paraíso da beleza da vida, ou relegá-las ao medo e aos mais angustiantes sentimentos de culpa. Ao não sentido da vida.

O evangelho de hoje relata a experiência exaltante de alguns poucos pescadores de Cafarnaum ao contato com a palavra do mestre de Nazaré. O encantamento com ‘a palavra’ daquele mestre deu origem a algo impensável que revolucionou irremediavelmente a sua existência. A narração parece ter no fascínio da ‘palavra’ o seu eixo. De fato, Jesus prega a ‘palavra’, a multidão escuta a ‘palavra de Deus’ (v.1), Pedro lança as redes ‘sobre a palavra’ de Jesus. É graças à obediência á ‘palavra’ e à relação de confiança no mestre que os pescadores enfrentam o ‘alto mar’ (literalmente, v.4). É no ‘alto mar’ que eles apanham ‘uma grande quantidade de peixe’ (v.6) deixando-os atordoados, mas integralmente recriados em relação à vida e à sua própria identidade. Eles se tornam ‘pescadores de homens’(v.10) após o encontro com a ‘palavra produtiva e multiplicadora’ do Mestre. Acredito que aqui surgem alguns elementos profundamente reveladores para a nossa vida, hoje.
O primeiro. A palavra por si só não cria e não destrói. Ela tem que encontrar não somente alguém que a saiba veicular com encantamento e habilidade, mas ela tem que apostar e achar no ouvinte (que nunca é só ouvinte passivo!) uma predisposição própria, uma identificação com a palavra proclamada e, principalmente, com o seu veiculador. A palavra deve mexer com os sentimentos, os sonhos, as expectativas, os projetos de vida das pessoas, mas caberá a elas dar-lhe seqüência. Aqueles pregadores de sucesso definidos por nós como ‘charlatões’ o são de verdade, ou eles possuem um atrativo fatal que vai além da habilidade exterior?
O segundo. A palavra por si só não transforma e não preserva. Não mobiliza e não paralisa. Ela motiva. Ela desencadeia no ouvinte atento e aberto um movimento novo para si e para os outros. A relação de confiança recíproca entre o proclamador e o interlocutor faz com que os dois mudem. Se Pedro e seus companheiros de um lado enfrentaram os perigos e os conflitos da vida (o alto mar) graças à sua confiança na palavra proclamada pelo Mestre, é também verdade, do outro lado, que Jesus não pediu isso a alguém de forma aleatória, mas a alguém que ele percebeu que poderia acatar o seu convite. Pedro foi certamente ‘seduzido’ por Jesus, mas também o Mestre ‘se sentiu seduzido’ por aqueles pescadores. Intuiu a sua abertura e predisposição. Só assim que podemos afirmar, indiretamente, que a ‘palavra’ cria, muda, transforma ou, paradoxalmente, ‘cria’ conformação, escravidão, medo, alienação.
O terceiro.  A palavra se torna inquietante e assustadora quando ela nos direciona para rumos desconhecidos, imprevisíveis e ignorados. Quando nos joga nas profundezas do mar da vida. Quando ela é ‘mera palavra’, e não é ladeada nem por gestos concretos e nem por garantias de qualquer tipo. Quando ela exige somente ‘fé pura’ nela, e nada mais! Podemos ter a sensação de nos perder, de deixar de existir. Sentimo-nos impotentes e inseguros. Jesus, no evangelho de hoje, nos diz que é esta palavra que, paradoxalmente, tornar-se-á ‘produtiva, abundante, multiplicadora, frutífera’. Será esta a nos fazer perceber que podemos ser ‘outras pessoas’. Pescadores capazes de enfrentar ‘outros mares’ e outros desafios. Pescadores capazes de ‘seduzir’ mais ‘pregadores’ para multiplicar vidas e esperanças.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Bispos do Brasil preocupados com os impactos querem debater legislação relativa à mineração no País!

A Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz apresentou na manhã desta quarta-feira, 06 de fevereiro, a questão da elaboração do marco regulatório da mineração no Brasil. A CNBB já tentou participar deste debate junto ao governo federal, mas até agora não conseguiu resposta de participação. O presidente da Comissão, dom Guilherme Werlang, explicou que a questão envolve o tema das terras indígenas, quilombolas e também a preservação do meio ambiente. “A discussão, até agora, está apenas no nível dos grupos econômicos”, reforçou dom Leonardo Steiner, secretário geral da CNBB. Um dos convidados para apresentar o assunto aos bispos, o padre Dario Bossi, do movimento Justiça nos Trilhos, falou da relevância do assunto. “Não conseguimos entrar ainda nesta discussão, ou participar do diálogo para tornar transparente o debate deste novo marco regulatório”. O debate atual prevê uma legislação mais flexível em certas áreas de extração mineral, com o argumento do interesse nacional. Alessandra Cardoso, do Instituto de Estudos Socioeconômicos, entregou ao episcopado o resultado de um estudo com dados detalhados sobre o impacto do tema. Dom Guilherme apresentou, em nome da Comissão, a proposta de que a CNBB apresente uma manifestação pública sobre a questão, por meio de carta. Os bispos debateram a proposta e decidiram que será apresentada uma carta, com conteúdo didático, dirigida ao Congresso Nacional, à Presidência da República e ao Supremo Tribunal Federal. O texto, porém, será apreciado no encontro do Conselho Permanente da entidade, no início de março.(Fonte: CNBB)

Em São Luis a VALE tem que pagar 1,5 mil por mês a 70 pescadores prejudicados pela empresa.

Conforme decisão da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Maranhão, a Vale deve pagar mensalmente R$ 1,5 mil a um grupo de 70 pescadores, por terem sido prejudicados com a construção da obra do Pier IV, no Terminal Portuário de Ponta da Madeira, em São Luís. A determinação é para que a medida seja adotada até que o processo seja concluído. A ação de indenização foi ajuizada em 2009 pelos pescadores, por danos materiais e morais, pedindo ainda custeio mensal pela empresa, alegando que a construção do Pier IV estaria causando danos ambientais pela retirada da vegetação local e alterações permanentes do meio ambiente local. A desembargadora Nelma Sarney foi quem concedeu a reparação provisória mensal, que é relatora do recurso, por entender se tratar de verba alimentar, uma vez que os pescadores tiveram paralisada sua atividade profissional e não estariam aptos a serem imediatamente reintroduzidos no mercado de trabalho. “Não se mostra justo e nem razoável causar um grande dano ambiental na atividade empresarial com escopo primordial de lucro, sem oferecer a contrapartida às pessoas atingidas”, avaliou. A companhia falou sobre o caso em nota enviada ao G1. Confira o texto abaixo, na íntegra: A Vale informa não ter sido intimada da decisão sobre pagamento de pensão a pescadores da Praia do Boqueirão e esclarece que apresentará sua manifestação após comunicação oficial do Judiciário. Em todas as suas operações, a Vale procura atuar de forma responsável com todos os grupos e pessoas com as quais tem interface, com o devido respeito e atenção às questões socioambientais. (Fonte:G1)

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Na vizinha Colômbia, nos últimos 20 dias foram assassinados 3 padres

Um sacerdote católico de 84 anos foi assassinado por desconhecidos no departamento colombiano de Caldas (oeste), e com ele, chega a três o número de padres mortos violentamente nos últimos 20 dias no país. A Prefeitura de Riosucio disse em sua página na Internet que o sacerdote “José Ancízar Mejía Palomino foi assassinado domingo, em sua casa”. No último dia 16 de janeiro, em Buga, departamento do Valle del Cauca, foi assassinado, também em sua moradia, o sacerdote José Francisco Vélez Echeverry, caso pelo qual já foi preso um homem. Sábado, 02, foi morto a tiros em Ocaña, norte de Santander, o padres Luis Alfredo Suárez, enquanto caminhava na rua. O Presidente da Conferência Episcopal da Colômbia, Cardeal Rubén Salazar, disse que 83 sacerdotes, cinco religiosas, três religiosos, três seminaristas, um arcebispo e um bispo foram assassinados na Colômbia desde 1984.“Infelizmente, a Igreja não escapa da situação de violência em que vive o país. Se todos os dias há tantos mortos, seria quase impossível que não houvesse um sacerdote entre eles” – disse, em coletiva à imprensa no início da Plenária do Episcopado. Em relação à Igreja, Dom Salazar disse que há no país uma quantidade de sacerdotes que estão ameaçados precisamente por seu trabalho evangelizador em certas áreas do país onde a lei está fora da ordem porque imperam leis de bandos criminosos, seja quais forem, e ali a obra da Igreja não é bem vista”. (Fonte: Rádio Vaticano)

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

12 anos de 'presença ressurgida' de padre Carlo Ubbiali

Ao voltar com vários amigos de uma solenidade de formatura de um casal indígena que acabava de se formar em magistério, nas proximidades de Araguanã, no dia 04 de fevereiro de 2001, exatamente 12 anos atrás, vinha a falecer num acidente de carro o Padre Carlo Ubbiali, amigo, irmão e companheiro. Ele havia nascido em Brignano (Bergamo - Itália) aos 28 de junho de 1939.Após o curso preparatório é enviado pelo então bispo de Cremona, ao Brasil, na diocese de Viana, no estado do Maranhão. Padre Carlo chega a Viana num momento delicado. Após a morte do bispo Dom Francisco Hélio Campos, considerado pelo regime militar como bispo perigoso por ter assumido a causa dos direitos dos lavradores e pobres daquela terra, é nomeado bispo de Viana o capuchinho Adalberto Abílio Paulo da Silva. Padre Carlo após um breve período de serviço pastoral em São Vicente Ferrer transfere-se para Boa Vista do Gurupi, na diocese de Cândido Mendes, hoje Zé Doca. Começa a ter os primeiros contatos com a realidade indígena, pois Boa Vista era uma cidade muito freqüentada pelos índios Tembé, Ka' apor e Timbira que ocupavam a área Alto Turiaçu. Fundador do Regional CIMI -MA (Conselho Indigenista Missionário do Maranhão) começa a articular a pastoral indigenista nos estados do Maranhão e Tocantins e a desencadear campanhas e mobilizações. A mais significativa destas, e que marcou a vida do padre, foi a sua participação em 1981 na transferência de um grupo de índios Guajá, índios nômades e com poucos contatos, para garantir-lhes a integridade física na atual área Awá-Guajá. Além disso, em 1982 articula com outras personalidades e movimentos de São Luís e do Maranhão inúmeras mobilizações de resistência à instalação da Alumar, ao Projeto Carajás e à ferrovia que originou impactos nocivos aos povos indígenas e comunidades situados às suas margens. Em 1990 em ocasião da assembléia nacional do Cimi é eleito vice-presidente nacional da entidade, sendo presidente Dom Tomás Balduíno. O último sonho da vida dele era iniciar um projeto de educação formal dos índios Awá-Guajá e a criação de uma escola de Segundo Grau para os índios Guajajara na área indígena de Pindaré como forma de eles se tornarem artífices do seu futuro segundo seus valores, sua cultura, seus projetos de vida. Carlinho, você não morreu naqueles que, apesar de suas fragilidades, continuam levando adiante sonhos e projetos de vida e humanização!

No Brasil, assassinos de lideranças camponesas gozam ainda de impunidade e cumplicidade

Pesquisa feita pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) em 2011 aponta que apenas 8% dos casos de assassinatos ocorridos desde 1985 em conflitos agrários foram julgados pelo menos em primeira instância até abril daquele ano. No Paraná, dos 19 assassinatos ocorridos entre 1994 e 2009, apenas quatro foram julgados. Para Sérgio Sauer, relator do Direito Humano à Terra, ao Território e à Alimentação da Plataforma Dhesca Brasil, o julgamento e a responsabilização daqueles que violam direitos, principalmente os que dão ordens para os crimes, é fundamental: “O julgamento de um responsável, de um mandante, é a expressão literal da Justiça. Isto precisa ser feito no Brasil, inclusive como um passo para uma sociedade justa, que garante direitos”, garante Sauer, que também é professor da Universidade de Brasília (UnB).
O segundo júri popular de envolvidos no assassinato do trabalhador rural Sebastião Camargo, realizado nessa segunda-feira, dia 04, em Curitiba/PR, absolveu o integrante de uma milícia privada da União Democrática Ruralista – UDR, Augusto Barbosa da Costa, acusado de homicídio doloso. A maioria dos jurados reconheceu a participação do réu de forma efetiva e consciente no crime, portando arma de fogo e aderindo à mesma conduta dos demais presentes no despejo, mas assim mesmo votou pela absolvição do acusado. (Fonte: IHU)
Comentário do blogueiro: o júri popular de Curitiba desses dias, comprova o que a CPT vem dizendo...Se de um lado é questão de justiça, por outro fica sempre mais claro que o sonho-desejo de Reforma agrária no País já foi abandonado há muito tempo. Talvez hoje se mate menos do que nos anos 70 e 80, mas com certeza as vítimas do latifúndio e da grilagem pós-moderna são escolhidas a dedo por serem ‘qualificadas e referenciais’. Permanece, além disso, a mesma certeza de impunidade e de cumplicidade nas altas esferas....

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Pedofilia só na igreja?

O arcebispo de Los Angeles, José Gómez, divulgou na noite desta quinta-feira relatórios sobre casos de pedofilia que envolve uma centena de sacerdotes.Os 124 textos, divulgados na internet da Arquidiocese por uma decisão judicial de 2007, incluem 82 relatórios que contêm informações sobre acusações de pedofilia.O arcebispo afirmou no sítio que “estes abusos remontam a dezenas de anos atrás. Mas que isto não os torna menos graves”. “Estes documento são duros e difíceis de serem lidos. O comportamento descrito nestes relatórios é terrivelmente triste e diabólico. Não há desculpas, nem justificativas para o que aconteceu com estas crianças”, acrescentou. “Os sacerdotes implicados tinham o dever de protegê-las (as crianças), de serem seus pais espirituais e falharam”, acrescentou Gómez, que destacou: “devemos reconhecer hoje que houve terríveis infrações”. Nos últimos anos, a Igreja se viu envolvida em vários casos de acusações contra supostos padres pedófilos, especialmente nos Estados Unidos, onde um de cada quatro cidadãos se diz católico.

Comentário do blogueiro: se é verdade que pedofilia não é praga que existe somente na igreja católica (infelizmente) por que outras instituições que tiveram alguns de seus membros envolvidos nesse crime não publicam os nomes dos acusados? Se é verdade que muitos bispos não deram moleza a padres envolvidos com a pedofilia, e os suspenderam de suas funções, é também verdade que há ainda muita cumplicidade, inclusive no nosso Estado. Quem acompanha, sabe!

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Profetas incômodos filhos e filhas de tantos 'Josés e Marias! (Lc. 4,21-30)

Ser profeta acarreta necessariamente a impopularidade e a rejeição. É preciso desconfiar quando uma pessoa consegue obter amplos consensos e altos níveis de aprovação. Às vezes, isto pode ser um claro indício de que ele tentou agradar a gregos e troianos. Que soube fazer média e teve jogo de cintura tal que, afinal, acabou não incomodando ninguém. Média e jogo diplomático que cheiram a cumplicidade e omissão. O profeta não aquele que proclama em alta voz o que o outro está pensando ou está desejando ouvir. Tampouco o profeta deseja ser forçosamente o ‘do contra’, mas tem consciência que o seu papel e missão é colocar o dedo nas feridas abertas da sociedade, da igreja, da família, da instituição, seja lá qual for. Profeta é aquele que consegue identificar as contradições, fazer emergir as incoerências, denunciar as ameaças, e alertar sobre eventuais retrocessos que colocam em risco a vida plena das pessoas e dos seres vivos. Ao mesmo tempo, porém, o profeta tem a ousadia de apontar com clareza e contundência o horizonte a ser seguido que, quase sempre, paradoxalmente, se distancia daquele almejado e esperado pela maioria das pessoas. Não existe, portanto, um profeta que não seja incômodo e impopular para quase todas as classes sociais. De fato, o profeta é tão livre que dificilmente ‘poupa’ alguém. Ninguém escapa da sua fúria transformadora: nem parentes, nem amigos, nem autoridades, nem os intocáveis da hora. O profeta é aquele que vive o momento presente como se fosse o determinante. A última chance que Deus dá à humanidade. Como não considerar ‘louca’ uma pessoa que age assim?

Apesar de Jesus de Nazaré ter assumido a sua consciência de profeta por ocasião do batismo, só na sinagoga de Nazaré, sua cidade natal, entre os seus, é que explicita as típicas características do ser profeta. As dos grandes profetas, aqueles que não são  assalariados, nem protegidos pelos palacianos, e nem bajuladores do alto clero e dos ‘sumos sacerdotes’. Dos profetas que percebem que este momento é ‘o momento de Deus’, a chance inédita e única que não se pode desperdiçar. A chance de reconhecer que Deus não é um ídolo construído a imagem e semelhança de uma elite religiosa narco-nacionalista, arrogante e presunçosa, mas que é o Deus de todos, dos ateus e dos pagãos estrangeiros, dos impuros e dos sem renda. A chance de provar que a salvação de um povo não vem por meio de um imaginário e fantasmagórico messias ungido nos palácios reais, mas vem dos filhos e filhas de tantos ‘Josés e Marias’, carpinteiros e marceneiros, lavradores e catadores, professores e lavadores, cujos familiares e primos são conhecidos por todos nós. De tantos profetas calados e silenciados, mas cujos gestos continuam apontando a direção para o mesmo e o único horizonte que os doutores e os escribas de hoje querem suprimir.   

Índios no Maranhão sempre mais ameaçados e esquecidos pelo 'poder público'!

Os índios Gavião, após enfrentar os madeireiros da região, denunciam que estão impedidos de entrar na cidade de Amarante, inclusive para estudar e receber atendimento médico. A estrada vicinal que corta a TI encontra-se interditada pelos índios, durante a noite, onde somente transitam pessoas doentes. Os índios afirmaram também que vereadores, a prefeita e secretários municipais tentaram negociar a liberação dos caminhões, inclusive propondo quantia em dinheiro para os índios, que não foi aceita. Os caminhões foram entregues à Polícia Federal e ao IBAMA, mas até agora ninguém foi preso. Várias lideranças indígenas estão ameaçadas de morte por conta disso. 

Também o povo Krenyê passa por uma situação alarmante. Atalmente vive na periferia de Bacabal e denuncia que o governo federal lhe nega o direito de ter um território. O processo desse povo está tramitando vagarosamente. Enquanto isso, muitos índios passam fome e toda sorte de necessidades. O Povo Kreniê foi retirado do seu território originário, na região de Bacabal, na década de 70, pelo antigo SPI, e espalhado por várias terras indígenas, em Santa Inês, Bom Jardim e Alto Turi. O problema comum a todos os territórios, no entanto, é intrusão para a extração ilegal de madeira nas florestas. 

O Maranhão, é o Estado que reune cinco das 20 terras mais invadidas do país, com os principais registros de conflitos. A estratégia de combate a esse tipo de intrusão não surtem o efeito desejado, uma vez que os madeireiros sempre retornam às áreas e raramente são punidos. A relações desses grupos sociais com índios, políticos e autoridades locais também dificulta as operações repressivas. De modo geral, o modelo de desenvolvimento adotado pelas cidades próximas dos territórios indígenas e unidades de conservação passa pela exploração ilegal de madeira. O fato é que essa exploração está causando o esgotamento das fontes de alimentos e dos recursos hídricos nas reservas, além do desequilíbrio do processo de organização interna das aldeias. (Fonte: Alice Pires Tenetehara)

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

A Gaia terra já passou do ponto, a catástrofe vem chegando. O crescimento idiota que mata!

A febre consumista parece não dar sinais de baixar e esfriar. Poucos se perguntam o que isso irá significar em termos de esgotamento dos bens não renováveis e dos efeitos no ambiente em curto prazo. O fato é que com 294 mil unidades vendidas até quarta-feira, o mercado de veículos novos no Brasil já registrou o ‘melhor janeiro’ da história, embora ainda faltem contabilizar os licenciamentos de ontem. Do total registrado até o dia 30, 280,5 mil são automóveis e comerciais leves e o restante são caminhões e ônibus. O mês completo deve fechar com mais de 310 mil veículos vendidos, superando o melhor resultado até então para o período, de 268,2 mil unidades registradas em janeiro do ano passado. Os números preliminares até quarta-feira indicavam crescimento de 18,6% nas vendas em relação ao mesmo período de janeiro de 2012. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) projeta para o ano todo crescimento de 3,5% a 4,5% nas vendas, para números próximos a 3,9 milhões de veículos, o que seria um novo recorde para o setor, que cresce há nove anos consecutivos. As previsões menos sombrias sobre a catástrofe ambiental vista como inevitável com consequências previsíveis sobre a espécie ‘homo sapiens’ é que ela possa ocorrer entre 2050 e 2060. Para a maioria dos cientistas o planeta Gaia já passou do ponto. Mesmo que começasse hoje mesmo a não crescer mais, e a adotar em todo o planeta as medidas já conhecidas para evitar piorar os níveis de poluição e degradação ambiental seria TARDE DEMAIS! E ainda tem gente brindando ao crescimento....que mata!