terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

12 anos de 'presença ressurgida' de padre Carlo Ubbiali

Ao voltar com vários amigos de uma solenidade de formatura de um casal indígena que acabava de se formar em magistério, nas proximidades de Araguanã, no dia 04 de fevereiro de 2001, exatamente 12 anos atrás, vinha a falecer num acidente de carro o Padre Carlo Ubbiali, amigo, irmão e companheiro. Ele havia nascido em Brignano (Bergamo - Itália) aos 28 de junho de 1939.Após o curso preparatório é enviado pelo então bispo de Cremona, ao Brasil, na diocese de Viana, no estado do Maranhão. Padre Carlo chega a Viana num momento delicado. Após a morte do bispo Dom Francisco Hélio Campos, considerado pelo regime militar como bispo perigoso por ter assumido a causa dos direitos dos lavradores e pobres daquela terra, é nomeado bispo de Viana o capuchinho Adalberto Abílio Paulo da Silva. Padre Carlo após um breve período de serviço pastoral em São Vicente Ferrer transfere-se para Boa Vista do Gurupi, na diocese de Cândido Mendes, hoje Zé Doca. Começa a ter os primeiros contatos com a realidade indígena, pois Boa Vista era uma cidade muito freqüentada pelos índios Tembé, Ka' apor e Timbira que ocupavam a área Alto Turiaçu. Fundador do Regional CIMI -MA (Conselho Indigenista Missionário do Maranhão) começa a articular a pastoral indigenista nos estados do Maranhão e Tocantins e a desencadear campanhas e mobilizações. A mais significativa destas, e que marcou a vida do padre, foi a sua participação em 1981 na transferência de um grupo de índios Guajá, índios nômades e com poucos contatos, para garantir-lhes a integridade física na atual área Awá-Guajá. Além disso, em 1982 articula com outras personalidades e movimentos de São Luís e do Maranhão inúmeras mobilizações de resistência à instalação da Alumar, ao Projeto Carajás e à ferrovia que originou impactos nocivos aos povos indígenas e comunidades situados às suas margens. Em 1990 em ocasião da assembléia nacional do Cimi é eleito vice-presidente nacional da entidade, sendo presidente Dom Tomás Balduíno. O último sonho da vida dele era iniciar um projeto de educação formal dos índios Awá-Guajá e a criação de uma escola de Segundo Grau para os índios Guajajara na área indígena de Pindaré como forma de eles se tornarem artífices do seu futuro segundo seus valores, sua cultura, seus projetos de vida. Carlinho, você não morreu naqueles que, apesar de suas fragilidades, continuam levando adiante sonhos e projetos de vida e humanização!

2 comentários:

O passado é um país estrangeiro disse...

Saudades de você, meu amigo Cláudio, dos bons tempos dos cursos para professores indígenas e do futebol em Santa Inês e das reuniões com os índios e Chico Potiguara. Lamentei muito a perda do amigo Carlo. Abração e entre em contato: mchenrique@hotmail.com
Márcio Couto, de Belém.

Edna disse...

Que saudade dele, ainda lembro desse dia marcante na minha vida 🥺🥺🥺