terça-feira, 19 de março de 2013

Cheiro de índio incomoda e 28 estudantes indígenas são retirados da sala de aula. Viva a higiene dos 'cheirosos' não índios'!

Mais uma de racismo explícito contra 28 estudantes Kaiwá-Guarani da comunidade de Campestre. A comunidade tem acesso, no próprio tekoha (aldeia), ao ensino básico e fundamental, mas para cursar o ensino médio os estudantes precisam sair da aldeia e estudar em colégios no perímetro urbano do município. Segundo a denúncia tornada pública recentemente o grupo de estudantes indígenas foi expulso da sala de aula da turma do primeiro ano do ensino médio matutino da Escola Estadual Pantaleão Coelho Xavier pelo diretor do colégio, pressionado por professores e estudantes não-indígenas. "Disseram para os nossos estudantes que eles não deveriam estudar ali", conta a liderança da aldeia, Joel Aquino. "Disseram aos nossos jovens que se eles continuassem estudando o ano todo, iam encher a sala e escola de terra, porque temos 'pés sujos'. E 'chulé', que as indígenas femininas têm aquele cheiro de mulher". O diretor colocou o grupo do lado de fora da sala de aula, enquanto o professor continuou dando aula para os não-indígenas. "Às vezes o professor ia lá fora passar alguma atividade para os indígenas", diz Joel. Quando voltaram à aldeia, os estudantes relataram à comunidade o que havia acontecido. Joel conta que ele próprio e uma outra liderança da aldeia, em momentos diferentes, foram pessoalmente falar com o diretor da escola, que confirmou ter expulsado os jovens da aula por considerar que eles não eram higiênicos o suficiente. "Depois disso, nossos estudantes não querem mais frequentar a escola por motivo de vergonha, tamanha a situação humilhante que passaram". Segundo Joel, apenas três deles resolveram continuar frequentando as aulas na escola estadual. "O resto está perdendo aula, decidiram que não vão [para a escola]. Os três que estão indo disseram que o diretor decidiu que eles podem voltar pra sala de aula, porque são poucos. Mas que se voltar a ir todo mundo, eles não vão poder ficar na sala", conclui. Além do MPF, os relatos também foram encaminhados à Fundação Nacional do Índio (Funai) e a representantes da Secretaria de Direitos Humanos.

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