segunda-feira, 25 de março de 2013

Semana santa - Da cadeia para pobre, da arrogância de setores da classe média, da justiça, da corrupção ativa e passiva. Um caso emblemático!

Christiane Ferraz Magarinos, comerciante de 42 anos do Rio de Janeiro, dirigindo em evidente estado de embriaguez não satisfeita de ter furado uma blitz da Operação Lei Seca, quase atropelou o agente que tentava pará-la e, ao ser abordada na garagem de casa, tentou subornar os policiais que a convidavam a segui-los para a delegacia. Frustrada pelo insucesso de suas manobras, ela não conseguiu reprimir a íntima natureza e finalmente explodiu: “Neste País só pobres e favelados ficam presos. Eu sou rica e influente!” “Do alto” de sua posição social, ela tentou não só corromper funcionários públicos no exercício de suas funções, mas, para facilitar o suborno, também os humilhou referindo-se aos seus modestos salários. Os que generalizam sobre a corrupção das instituições e, em particular, sobre os malfeitos da polícia e do Poder Judiciário, deveriam refletir a respeito desse pequeno episódio, emblemático de várias contradições nacionais. As células cancerígenas da corrupção brasileira se alimentam da arrogância dos que ocupam posição social dominante e jogam com o poder do dinheiro. A doença espalha-se assim no corpo inteiro da Nação, mas tem matriz muito clara no privilégio. Além disso, o episódio demonstra mais uma vez que a habitual descrição de um poder político corrupto, a pisotear os direitos da sociedade civil virtuosa, é imagem no mínimo distorcida. Ao contrário, trata-se de duas faces da mesma moeda. Considero os policiais e a juíza desse caso como exemplos de pequenas virtudes civis. Por não ser fácil, é, portanto louvável, em certas circunstâncias, cumprir apenas o próprio dever. Exemplos menores como esse – até casos mais graves como o de Paulo Maluf, na lista dos procurados pela Interpol e serenamente solto no Brasil – levam a concluir com amargura que a impunidade dos ricos e poderosos, geralmente brancos, continua sendo regra no País. Mas as exceções estão por sorte aumentando e alimentam a esperança. A senhora Christiane é uma representante típica da classe média. No caso citado, estamos falando evidentemente de uma classe média arrogante e mal-educada, sem ética nem princípios republicanos. Temos consciência de que existem diferentes modelos e valores de classe média, não apenas baseados em consumo e bem-estar material, mas seria auspicioso que o governo, quando a nomeia, indicasse também a qual tipo de classe média se refere. (Artigo de Claudio Bernabucci re-elaborado pelo blogueiro)

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