sábado, 6 de julho de 2013

Enviados para anunciar e testemunhar no corpo-a-corpo que a 'realeza' de Deus chegou! (Lc.10, 1-12;17-20)

Muitos vêm afirmando que para evangelizar é preciso utilizar mais e melhor as ‘novas formas de comunicação’. Que hoje se deve adotar uma metodologia e uma linguagem que estejam de acordo com os avanços tecnológicos da sociedade. Que as novas gerações só poderão ser atingidas e ‘tocadas’ pela mensagem evangélica se lançarmos mão adequadamente dos i-pod e i-pad, e das redes sociais. Se de um lado isso é inegável, é também verdade que, do outro, apostar única e exclusivamente nisso para falar ao coração das pessoas é insuficiente. A evangelização reduzir-se-ia a uma ação comercial publicitária hábil e palatável como se faz com uma ‘mercadoria’ para que os fregueses a possam comprá-la a qualquer custo. No evangelho hodierno Lucas insiste em fazer memória da prática dos primeiros seguidores itinerantes de Jesus. Parece nos dizer que ele não está simplesmente ‘descrevendo’ o que se deu, historicamente, mas que esta foi a metodologia utilizada por Jesus. Não algo circunstancial, mas um modo de ser missionário e evangelizador em caráter permanente. Uma evangelização que se dá no corpo-a-corpo, e que jamais poderá ser esquecida ou substituída. Certamente poderá ser ladeada por linguagens e formas criativas e inovadoras de ‘ir e estar com’ as pessoas, mas jamais poderá deixar de ser um ‘sair de si, um ir ao encontro do outro, um cuidar e curar o doente, e entregar a todos a paz’. Na ótica de Lucas não se trata de o discípulo de Jesus imitar ‘as modernas testemunhas de Jeová’ ou outros missionários de alguma igreja que, dois a dois, batem às nossas portas e entregam panfletos religiosos. 

Trata-se, ao contrário, de entrar em comunhão com os anseios, as necessidades, os sofrimentos e as expectativas das pessoas, adaptando-se ao seu jeito de ser e acolher, para que descubram a proximidade e a beleza de um novo jeito de ‘ser governado’ por Deus. Parece ser a consciência de que o jeito de governar dos homens havia fracassado redundamente que Jesus intuiu que ‘outra realeza’ (modo de governar) estava sendo possível. E que podia ser construída por todos. O modo de ‘cuidar’ de Deus, - que é diametralmente oposto aos dos ‘césares da vida’ – estende e transfere diretamente o seu poder de transformar, re-criar, e devolver esperança a todos os que aceitarem ir dois a dois pelo mundo afora e entrar em comunhão com o outro. Não é um modo de ser autocrático dos ‘reinos desse mundo’, que cria dependência e submissão, mas uma ‘realeza’ que envolve todos. E lhes dá o seu mesmo poder de ‘expulsar as forças do mal, e aliviar os sofrimentos do corpo e da alma’. Deixando às pessoas a plena liberdade de acolher o convite e, por sua vez, de aderir e participar da mesma missão. Sem apego às ilusórias e falsas seguranças, nas incertezas do cotidiano, sem ameaçar com castigos e anátemas os que não aceitarem, tod@s os seguidores anunciadores de Jesus concedem a paz a todos. O dom final de próprio Deus que pode ser crível só se visível na comunhão autêntica de quem a anuncia. 

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