sábado, 31 de agosto de 2013

Ocupar os últimos lugares para deixar vaga àqueles que nunca são convidados! (Lc. 14, 1.7-14)

Estou me convencendo sempre mais que a procura um tanto doentia por prestígio e reconhecimento público é mesmo o resultado de uma péssima auto-estima. Uma falta de confiança em si mesmo, talvez por não achar que tem valores que por si só se manifestariam naturalmente. Por qual razão uma pessoa chega a procurar ansiada e insistentemente ocupar lugares e circunstâncias que a coloquem em evidência? Seria uma mera dependência de ambições pessoais passageiras com a finalidade de realizar eficazmente um projeto pessoal num mundo competitivo e exigente, ou seria, por acaso, uma necessidade irrefreável da pessoa de gritar ao mundo que ‘ela existe’? Na soberania do anonimato e da indiferença das praças e das ruas públicas, as pessoas precisariam, por acaso, lutar de toda maneira para emergir, sobressair e se afirmar como ‘seres singulares’, e únicos? Seria um medo ancestral de que, ao não emergir, seria necessariamente esmagado por supostos ou reais rivais ou competidores? Seja o que for, o evangelho de hoje nos dá uma aula de vida. E vai muito além daquilo que à primeira vista poderia deixar a intuir: a procura da humildade, pelo menos inicialmente, para ser premiado, posteriormente, por causa da primeira (humildade) ao procurar os últimos lugares num imaginário banquete. Seria um engodo, de qualquer forma. 
Vai muito além porque esse alerta inicial é para preparar o cerne da conversa toda, a mensagem central, ou seja, deixar que os pobres, os mendigos, os coxos, os maltrapilhos, os eternos excluídos do banquete da vida ocupem o lugar que lhes cabe. Um lugar que esteve sempre ocupado por outros, porque nunca foram convidados a participar de um banquete que, na realidade, devia ser para todos. É como se Jesus nos dissesse em alto e bom som que os que ficam cultuando os primeiros lugares, e alimentam a ambição mórbida em aparecer a todo custo, em ganhar destaque e reconhecimento em toda circunstância se esquecem, em geral, daqueles que nunca são convidados. Daqueles que são tornados sistematicamente invisíveis pelos ambiciosos recalcitrantes. É um claro convite para que façamos a experiência de nos colocar nos últimos lugares (exclusão) não por humildade, mas para sentir o drama que isso significa. Só assim poderemos compreender o que significa ser vítima da exclusão, da humilhação, e da indiferença. Só assim poderemos compreender que devemos construir com tantos excluídos um banquete onde não haja ‘primeiros’ ou ‘últimos’ lugares, e sim igualdade de oportunidades e de dignidade.        

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