segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Setembro mês da bíblia - Palavras não escritas que continuam a inspirar e a motivar pessoas e culturas!

Bíblia, que em grego significa ‘livros’, não é sinônimo de ‘palavra de Deus’, ou seja, a Bíblia não contém toda a Palavra revelada por Deus. Esta se manifesta o tempo todo através de profecias, gestos e opções de vida que são inspirados e reconhecidos como vindos do espírito de Deus. Deus não terminou de falar com o último livro da Bíblia (Apocalipse), mas continua a falar e a inspirar de forma significativa hoje.

Para descobrir e compreender o fascínio e a grandeza da Palavra contida na Bíblia é preciso ter um engajamento anterior (ou simultâneo), ou seja, viver a fraternidade e a justiça. Sem essa prática torna-se difícil compreender a lógica e a mensagem bíblica. Do mesmo jeito que ninguém aprende a jogar futebol assistindo na sala um jogo do Palmeiras, mas entrando em campo e ...’bater bola’, treinando e ensaiando.

A Bíblia não é um livro de história, ou de física, de caráter científico, mesmo contendo informações históricas. Ela tem o objetivo de produzir nos leitores e interlocutores motivações para ser discípulos/as e ser enviados; quer despertar admiração e  empolgação com as palavras e os gestos das personagens bíblicas, imitar e reproduzir suas opções de vida, sem se importar excessivamente se o dado histórico (data, pessoas, acontecimento, etc.) é consistente.

Na Bíblia existe um grande horizonte comum, mas existem muitos e variados caminhos e metodologias para alcançá-lo. Na Bíblia existem vários projetos de vida, alguns chocantes e contraditórios entre si. Existem, de fato, várias visões do ‘Único Deus’, a depender de quem escreve. Por isso que na leitura-meditação da Bíblia é fundamental saber contextualizar os textos (quem escreve, para quem, quais interesses, quais influências, quais possíveis intenções se escondem, onde se situa um determinado acontecimento....)

A Bíblia é como uma imensa cidade com muitas ruas e avenidas, praças e monumentos, bairros e espaços verdes, e para não nos perder precisamos saber utilizar o mapa daquela, ou seja, compreender a ‘chave de leitura’, a que não nos permite perder. Sem isso, a Bíblia pode dar a impressão de ser um conjunto muito confuso de acontecimentos, histórias, personagens, aventuras, guerras, etc. misturado com experiências de profecia, de espiritualidade e de místicas arrebatadoras. 

A Bíblia não foi escrita ao longo de alguns anos, mas ao longo de muitos séculos (o livro do Gênese, por exemplo, ao longo de 500-600 anos) por muitos autores, com muitas interferências e que escreviam a uma enorme variedade de grupos e pessoas. A depender para quem se queria falar, ou provocar, ou suscitar novas atitudes, os dados históricos e os textos eram adaptados.

A chave de leitura, por excelência, para compreender a riqueza das experiências bíblicas poderia ser: libertar e se libertar de toda escravidão (ouvi os clamores do meu povo, vi sua aflição....desci para libertá-lo! Ex.3,7) A experiência de libertação da escravidão ‘dos faraós’, a saída do Egito e a conquista de uma terra livre e espaçosa para viver em liberdade é a experiência central que marcará a pregação e as opções de vida de inúmeros personagens (juízes, profetas, Jesus, apóstolos, etc.). Fuga de ‘tantos Egitos e faraós’, mas não por medo de enfrentá-los, mas para poder construir uma nova terra-reino, não segundo as normas dos Faraós, mas as de Deus, o defensor dos pequenos e oprimidos. Novas leis e nova ética!

O grande desafio, contudo, a respeito da Bíblia continua um só: não só estudá-la, lê-la, compreendê-la, mas pô-la em prática! (Lc. 6,46-49) Uma Palavra de vida que se revela através de tantos pequenos invisíveis que testemunham a ‘nova Realeza de Deus’!

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