sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Francesco anula a distância entre 'os senhores do sagrado' e os homens e mulheres comuns! Assim, não dá!

Se depois das primeiras declarações e posições, logo após a sua eleição, o papa Francisco havia conquistado milhões de pessoas, agora com a Exortação Apostólica ‘Gaudium Evangelii’ a aprovação e os consenso parecem ter aumentado exponencialmente. Alguns falam no ‘fenômeno Bergoglio’. Outros apontam as primeiras medidas administrativas como algo inédito. Segundo isso o papa Francisco teria feito em seis meses o que outros papas não conseguiram fazer ao longo de 50 anos! Acredito que católicos e não, já vinham aguardando com temor e trepidação que, enfim, um papa começasse a falar a sua linguagem. Que fosse uma pessoa que mesmo tendo opções, doutrinas e posturas próprias conseguisse falar ao coração dos humanos. Havia um claro vácuo de presença pastoral dos papas no cotidiano das pessoas e um excesso de presença midiática e teatralização. Enfim, parece ter chegado um homem de bom senso com o qual a pessoa mais simples do povo pode se identificar. Não um que fala ‘desde o trono’ como príncipe dono da verdade, nem como estrela, mas como pastor. Até aqui podemos concordar. Ocorre, todavia, que a doce andorinha, sozinha, não faz verão. Não é suficiente que o ‘iluminado’ determine para que as coisas aconteçam. É preciso comunhão de intentos e metodologias. O papa Francesco é sim ‘idolatrado’ por muitos, mas em alguns setores da Cúria Romana, - ainda viva e atuante, - ele é boicotado. Não somente dentro dela. Há bispos e padres que o desprezam, literalmente. Ele estaria quebrando, ou tentando quebrar, o arcabouço simbólico que foi construído ao longo dos séculos e que segundo eles encontra respaldo bíblico-teológico. Estaria trazendo para a normalidade da humanidade o que deveria estar permanentemente envolvido pelo mistério do sagrado. Francesco estaria tirando a distância (distanciamento) entre o homem comum e o seu mediador junto do sagrado, o corpo sacerdotal e episcopal. O primeiro, indigno, pecador e imperfeito, o segundo, ao contrário, 'digno, santo e escolhido' por Deus para mediar e representar o primeiro. Nivelar e anular a distância entre os dois é o pior atentado que pode ser cometido por um papa, ‘chefe da igreja’. Aqui não se trata de dar vida a medidas mais ou menos reformistas, aqui está em jogo a essência da identidade dos ‘senhores do sagrado’ que vêem nesse papa, embora não o gritem, que ele não pode ser seguido.  

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