quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Os paradoxos e os abusos da Secretaria Estadual de Educação para com os estudantes indígenas!

Acredite se quiser, mas a Secretaria Estadual de Educação do Maranhão não fornece e nem autoriza a entrega de certificado de conclusão dos estudos para estudantes indígenas que frequentaram as escolas indígenas reconhecidas por ela mesma sem a realização de uma prova única a ser realizada numa escola estadual indicada pelo órgão estadual. Aconteceu a três estudantes indígenas da aldeia Arymy, em Grajaú. Eles estão estudando em centro de ensino superior, mas ainda não conseguem exibir o seu histórico escolar e provar a conclusão do ensino médio, pois a secretaria o condiciona à realização de uma prova que consta de 110 perguntas objetivas sobre 10 disciplinas e num prazo de uma hora e trinta! O paradoxal disso tudo é que os três estudaram numa escola indígena bilíngue autorizada a funcionar por decreto emitido pelo executivo estadual, mas que não lhe foi dado o poder para entregar o histórico. Mais paradoxal foi quando no dia da prova no CAIC de Grajaú os três estudantes deram fé que eram os únicos a realizar tal prova. Colocados em três salas diferentes e monitorados por três professores se debruçaram sobre as 110 perguntas que pouco tinham a ver com a grade curricular prevista pela Escola Indígena onde haviam estudado anos a fio. Um total desrespeito com o que a própria Secretaria vem pregando e em pleno desacordo com os princípios previstos pelas Diretrizes e Leis Básicas da educação escolar indígena que preveem o bilinguismo, a interculturalidade, a especificidade da educação escolar indígena. A associação Carlo Ubbiali, de acordo com os estudantes indígenas e professores da aldeia Arymy, já encaminhou ofício ao Procurador da República, ao Promotor de Justiça de Grajaú, ao Secretário Estadual de Educação e à secretária da SECADI (MEC) n sentido de exigir o fim dessas provas adicionais totalmente descabidas e preconceituosas e a obrigação de fornecer a todo estudante indígena que o solicitar, o seu histórico escolar, pois é direito sagrado possuí-lo. Isto não tem nada a ver com eventuais provas de admissão ou seleção para centros de ensino, faculdades, e outros. O que parece óbvio, nem sempre o é para aqueles que continuam alimentando desconfiança e preconceito. 

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