sábado, 22 de março de 2014

III Domingo de quaresma - Matando definitivamente as nossas sedes....(Jo. 4,5-42)

Faz parte da constituição genética humana ter sede:sede de justiça, de felicidade, de amor sincero, mas também sede de prazer, de dominação, de possuir coisas e pessoas. Uma sede sempre ativa, nunca satisfeita. Uma sede que se agiganta sempre mais, quanto mais mergulhamos nas águas contaminados dos poços do egoísmo, da arrogância, da intolerância e da indiferença. É num desses poços onde as pessoas acorrem para satisfazer a sua sede que Jesus se encontra com a Samaritana. Mulher, infiel e religiosamente heterodoxa. Jesus não tem medo de se expor publicamente e iniciar um ‘diálogo amoroso’ com alguém que, afinal, simboliza o seu próprio povo. O mesmo povo que inúmeras vezes traiu a fidelidade de Deus prostituindo-se aos ídolos do Egito, da Babilônia, da Pérsia e de outros fregueses, e que arrogantemente achava que podia viver de forma auto-suficiente.  Jesus quer ‘seduzir’ novamente o seu povo para que volte ao ‘Amor Originário’ e descubra uma vez por todas que longe Dele sempre sentirá sede de amor e proteção. Nunca haverá satisfação plena de seus sonhos e desejos de plenitude de vida. João que é um grande teólogo cuida dos mínimos detalhes desse diálogo que é uma pérola catequética. A mulher-povo é desmascarada na sua realidade de infidelidade, mas mesmo assim não é condenada por Jesus. Afinal foi com ela que firmou a sua aliança. Jesus se aproxima sem preconceitos e sem discriminações, a conduz pelos caminhos do verdadeiro conhecimento. Por sua vez, o próprio Jesus se deixa conhecer pela mulher-povo. Esta, aos poucos, vai descobrindo quem realmente ele é. De ‘viajante’, - como era compreendido no início pela mulher-povo - ele se torna progressivamente um ‘profeta’, o ‘senhor’ e por fim o ‘messias, salvador’. É o caminho, afinal, que percorrem aquelas pessoas que passam anos a fio buscando em vão em poços contaminados água fresca para matar suas sedes e, aos poucos, descobrem na proposta de Jesus de Nazaré a verdadeira água viva, a única capaz de matar definitivamente as nossas sedes. 

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