quinta-feira, 17 de abril de 2014

Quinta feira santa - Escravo servidor para libertar e servir os escravizados! (Jo. 13, 1-15)

É num banquete fraterno, durante a celebração da páscoa hebraica que Jesus se despede dos seus discípulos e discípulas. Uma despedida recheada de gestos, de sinais que falam mais do que muitas palavras. É como se Jesus tivesse planejado, ele próprio, o momento para voltar ao Pai. Reúne aquelas pessoas e famílias que tinham sido a sua família ao longo daqueles anos na Galiléia para comer juntos o cordeiro, os pães e as ervas amargas, e beber o vinho da esperança. Segundo a prática judaica tomar juntos uma refeição era também sinal de reconciliação, de ausência de inimizades. Jesus, ao fazer isto, é como se estivesse perdoando antecipadamente os seus que irão abandoná-lo mais adiante. Mas, agora, é celebrar. Celebrar não somente a passagem (páscoa) da escravidão para a terra farta do antigo Israel, e sim a passagem do próprio Jesus da paixão e morte para a vida, e comunhão definitiva com seu Pai.  Jesus faz isso de forma consciente e serena, mesmo sentindo o clima pesado de Jerusalém e do seu sinédrio. Paradoxalmente, na noite em que se celebra a fim da escravidão Jesus assume o papel de ‘escravo’. Não mais de um escravo obrigado a servir o seu senhor, mas um gesto de um livre servidor que compreendeu que só no serviço gratuito e livre podemos encontrar a verdadeira felicidade e a plena liberdade. Uma liberdade que liberta quem serve e quem é servido. Um serviço que pode implicar reproduzir o mesmo sacrifício do antigo cordeiro no Egito: doar o seu sangue para poupar da matança dos novos faraós os filhos e filhas de Deus. e libertá-los definitivamente. Jesus queria, afinal, deixar um recado definitivo aos seus: o seguidor de Jesus a partir do momento que aceita fazer comunhão sentando à mesma mesa com outros irmãos e irmãs, se dispõe também a ser cordeiro que se sacrifica e ‘escravo’ que serve. Dar a sua própria vida como serviço permanente àqueles que continuam sendo escravizados, torturados e esmagados. Será isto que vai alimentar a esperança ameaçada e a fé fragilizada de um povo sempre mais cansado de caminhar nos vales do medo e da violência. 

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