sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Iº domingo de Quaresma - Tentados e testados para termos estrutura no enfrentamento com o anti-reino! (Mc. 1. 12-15)

Toda tentação é bem-vinda. Seja ela qual for! A tentação nos submete a um teste que dá a ideia da nossa real capacidade de reagir, de se firmar, de tomar consciência, de agir com liberdade e convicção. Já, cair e sucumbir diante da tentação é outra coisa! Por isso que o Espírito que confirma Jesus na sua decisão de ser um servidor do Reino, no batismo, é o mesmo que o impele a ir ao deserto para ser ‘tentado’. Parece um tanto contraditório, mas não é! Nós fazemos a experiência de grandes arroubos místicos e momentos de exaltação em que nos sentimos fortes e seguros de nós mesmos e das nossas escolhas de vida. Todavia, em seguida, fazemos a experiência de nos sentir inseguros e carregados de dúvidas. Nessa hora nos perguntamos se era mesmo isso que Deus queria de nós quando nós achamos que nos chamou e enviou.  Às vezes, essa indefinição, pode ser expressão de tentar justificar o nosso desejo de desistir, de largar tudo, e seguir a onda geral do mundo. Ser tentado-testado é, afinal, a pedagogia que um pai utiliza com seu filho antes de confiar plena e definitivamente nele! Uma forma de ver se o filho tem estrutura de aguentar o tranco, a missão que quer lhe confiar! 
Marcos não especifica a qual tipo de tentação Jesus foi submetido. Só deixa claro que foi tentado-testado ao longo de 40 dias, ou seja, ao longo de toda a sua vida. Não há testes decisivos, fundamentais. Cada momento da nossa vida é um teste-tentação decisivo. A cada instante temos que nos confrontar com a sedução do poder, de tirar proveito de tudo e de todos, de possuir prestígio e influenciar pessoas e realidades. Parecem duas vozes conflitantes falando ao mesmo tempo dentro de nós. Uma que nos convoca à compaixão, ao serviço e à gratuidade, e a outra que clama por cuidar egoisticamente de nós mesmos e dos nossos afazeres. Nós teremos que conviver com essas duas vozes o tempo todo, mas caberá a nós decidir e ter força interior para silenciar a que nos impele a desistir da construção de uma nova realidade. Para Marcos Jesus, apesar de, ou quem sabe, graças ás contínuas tentações a que Jesus era submetido se saiu vitorioso e fortalecido. Jesus aprendeu a se conhecer e a identificar com clareza a voz do ‘sedutor diabólico’ e a silenciá-la. É por isso que após a superação da tentação Jesus ‘convive com os animais ferozes’, como um ‘novo Adão’, no novo jardim terrestre. O jardim, agora, é representado pelo Reino de Deus ao qual todos devem se converter. Acreditar, enfim, que a construção do Reino de Deus, - e não o de Satanás, - é algo real e possível. Isto é e será Boa Nova para quantos são ‘tentados’! 


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