segunda-feira, 30 de março de 2015

O calvário dos cristãos do Oriente Médio

Os cristãos estão “em risco de extinção” no Oriente Médio, a comunidade internacional intervenha o quanto antes ou será tarde demais. Foi o que disse num veemente apelo na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, o observador permanente da Santa Sé na Onu, Dom Bernardito Auza. “A hora é grave” – afirmou o arcebispo filipino –, a própria sobrevivência dos cristãos no Oriente Médio está em risco desde o ano 2000. Também outras comunidades étnicas e religiosas estão igualmente sofrendo “violações dos direitos humanos, torturas, assassinatos e toda forma de perseguição simplesmente por causa da fé que professam ou do grupo étnico ao qual pertencem”, mas “os cristãos foram especificamente tomados de mira, assassinados ou obrigados a fugir de suas casas e vilarejos”. “Somente 25 anos atrás havia quase dois milhões de cristãos no Iraque”, enquanto hoje são menos de 500 mil, recordou Dom Auza.  A situação é “insustentável” diante das ameaças de morte que sofrem por parte de organizações terroristas. Os cristãos vivem um “profundo sentimento de abandono” por parte das autoridades legítimas e da comunidade internacional. A Santa Sé convida o mundo inteiro “a agir antes que seja tarde demais”, recordando que “a comunidade internacional inteira concordou que todo Estado tem a responsabilidade primária de proteger a sua população de genocídio, crimes de guerra, crimes contra a humanidade e limpeza étnica” e – onde não pudesse ou não quisesse – “a comunidade internacional, em conformidade com a Carta das Nações Unidas, deve estar pronta para intervir a fim de proteger as populações”. (Fonte: Rádio Vaticana)


Diminuição da maioridade penal é desserviço, afirma secretário geral da CNBB

O bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em entrevista sobre o Projeto de Emenda à Constituição nº 171/1993, afirmou que "a diminuição da maioridade penal é desserviço". Para ele, os parlamentares deveriam "sair em defesa da dignidade das crianças e adolescentes e não descartá-las". Dom Leonardo ainda recorda a iniciativa da Conferência na convocação do Ano da Paz. "Saiamos ao encontro das pessoas e estendamos a mão, não as descartemos", disse. Em maio de 2013, durante reunião do Conselho Episcopal Pastoral (Consep), foi divulgada uma nota em que a CNBB reafirmou que a redução da maioridade não é a solução para o fim da violência. "Ela é a negação da Doutrina da Proteção Integral que fundamenta o tratamento jurídico dispensado às crianças e adolescentes pelo Direito Brasileiro. A Igreja no Brasil continua acreditando na capacidade de regeneração do adolescente quando favorecido em seus direitos básicos e pelas oportunidades de formação integral nos valores que dignificam o ser humano", dizia a nota. Dom Leonardo Steiner afirma que o Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA, ao contrário do que se propaga injustamente, é exigente com o adolescente em conflito com a lei, e não compactua com a impunidade. O ECA reconhece a responsabilização do adolescente autor de ato infracional, mas acredita na pessoa e tem como horizonte a pessoa humana inserida na vida comum. Assim, propõe a aplicação de medidas socioeducativas que valorizam a pessoa do adolescente e favorecem condições de autossuperação para sua retomada de vida em sociedade. À sociedade cabe exigir do Estado não só a efetiva implementação das medidas socioeducativas, mas também o investimento para uma educação de qualidade, além de políticas públicas que eliminem as desigualdades sociais. (Fonte: CNBB)


I - Paixão de Jesus, nossa paixão!

Ao nos adentrar na semana santa é importante termos alguns pontos chave para ler, meditar e interpretar o que os evangelhos nos transitem sobre os últimos dias de Jesus em Jerusalém, antes de ser crucificado. Vale lembrar que as narrativas da paixão, morte e ressurreição foram as primeiras a serem colocadas por escrito por alguns discípulos de Jesus. São, portanto, as mais antigas. A de Marcos é, em absoluto, a narração mais antiga, e serviu de base para Mateus, Lucas e João. As narrativas da paixão não seguem os critérios da moderna historiografia. Não são crônicas ou reportagens. São reconstruções catequéticas. Querem transmitir uma mensagem bem específica. Se fôssemos confrontá-las entre si descobriríamos não só a existência de muitas diferenças, mas até de contradições devido ao público diferenciado a que se dirigem. Vamos tentar retomar a narrativa de Marcos e destacar alguns pontos que podem nos ajudar a compreender o seu modo de interpretar e apresentar a paixão de Jesus. Marcos escreve para pagãos convertidos. Comunidades que não conheciam o antigo testamento. Comunidades que haviam feito a opção de crer em Jesus, mas que ainda se sentiam frágeis em sua fé e vivência cristã. Marcos sabe disso, e com o intuito de aprofundar sempre mais a sua relação com Jesus de Nazaré o evangelista apresenta um Jesus extremamente humano. Não um super-homem, um personagem heroico, mas um homem carregado de medo, de angústias e dúvidas, como todos os humanos. Os próprios discípulos de Jesus aparecem medrosos e traidores. Fazendo assim, Marcos deseja que as suas comunidades se identifiquem com Jesus, por senti-lo próximo de sua realidade e sensibilidade. Ao mesmo tempo, ao apresentar a fragilidade dos seus seguidores quer encorajar as comunidades a não se escandalizar e a não desistir caso sejam incoerentes e infiéis. Afinal, os fundadores da igreja não foram melhores que elas! Vejamos alguns pontos.

II - Paixão de Jesus, nossa paixão!


1. O Jesus de Marcos, nas narrativas da paixão, é um Jesus que fica em silêncio perante seus acusadores, e não reage. Quase nunca responde quando indagado. Jesus sabe que as elites judaicas já o condenaram antes mesmo de ser julgado. Jesus acha que não vale a pena discutir e retrucar às suas indagações. Nem pede uso da força aos seus seguidores quando está prestes a ser preso. Não há mais nada a fazer, a não ser encarar e enfrentar o próprio destino. O silêncio e a não violência, para nós também, podem ser a melhor resposta a tantas provocações. Não significa necessariamente desprezo, e sim uma não aceitação voluntária de usar a mesma moeda da provocação e da arrogância que o outro utiliza para nos derrubar!
2. O Jesus de Marcos é um Jesus que sente medo e angústia como todos os humanos. Sente que está sendo abandonado e gostaria de poder contar com uma intervenção divina para libertá-lo, de tirar o cálice amargo do martírio, ou de ter alguém ao seu lado para socorrê-lo e apoiá-lo, mas encontra a fuga de seus discípulos e a amargura do abandono inexplicável do Pai. Jesus não se conforma com isso e grita para seu Pai que lhe dê uma luz para poder dar sentido à sua morte. É a experiência de muitos crucificados pela doença, pela humilhação constante, pela violência e que clamam por Deus ou pelos próprios familiares e só encontram silêncio ou indiferença.
3. ‘ Deus, Deus, para que me abandonaste’? Esta é, segundo vários autores, a tradução correta do grito de Jesus antes de expirar. Jesus não pergunta sobre a causa da sua morte (Por que), - pois ele já a conhecia - mas pergunta sobre sua finalidade última, ou seja, para que.  Pergunta sobre o sentido daquele sacrifício. Para quem serviria a sua morte? Qual o objetivo, afinal, que a sua morte teria na vida e na história das pessoas? Jesus queria compreender para poder aceitar aquele momento com um mínimo de serenidade. É o grito de tantos injustiçados que veem suas vidas sendo esmagadas, não conseguem compreender o seu sentido e ao mesmo tempo contemplam seus algozes que, paradoxalmente, parecem gozar de prestígio, força, satisfação e plenitude de vida!
4. A narrativa de Marcos culmina com a declaração de fé do centurião debaixo da cruz. Ao ver como Jesus morreu ele exclama’ Verdadeiramente este era o filho de Deus’! Uma proclamação que sai da boca e do coração de um pagão, um estrangeiro, um dominador, e não da boca de um discípulo de Jesus. Marcos quer confirmar na fé suas comunidades provenientes do paganismo, e mostrar para elas como em sua vida terrena Jesus foi acolhido e reconhecido como o enviado de Deus por ‘pagãos’ que abriram o seu coração à mensagem de Jesus. Vejamos que o que convenceu o centurião a acreditar em Jesus não foram os sinais físicos externos, trovões e terremotos, e sim o modo de morrer de Jesus. O apóstolo Paulo nos dirá que a nossa fé é em Jesus e este crucificado. Não fé em um Jesus milagreiro e produtor de prodígios. Assumir, enfim, a cruz, mesmo que seja escândalo e tolice para gregos e romanos! 
5. Marcos termina dizendo que com a morte de Jesus o véu do templo se rachou. Uma imagem bonita para significar que a partir de agora ‘todos’ - e não somente o sumo sacerdote, uma vez ao ano, - podem se adentrar no ‘lugar santíssimo’ onde se acreditava estar a arca da aliança. Acabou a era dos sacrifícios de animais e liturgias para renovar a aliança com Deus. Jesus, com a sua morte, faz daquele templo corrompido um verdadeiro espaço de encontro-aliança com Deus. Agora, o seu próprio corpo oferecido é o lugar privilegiado do encontro dos humanos com um Deus que quer eliminar cruz e morte para sempre!

quinta-feira, 26 de março de 2015

Sindicato de advogados de São Paulo requer abertura de investigação criminal em relação a Aécio Neves!

Hoje de manhã o Sindicato dos Advogados de São Paulo protocolou junto ao Procurador Geral da República Rodrigo Janot uma representação requerendo do Ministério Público Federal a abertura de investigação criminal em relação ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). A representação se refere à delação do doleiro Alberto Yousseff, de que  “o PSDB, por intermédio do Senador Aécio Neves, possuiria influência junto a uma diretoria de FURNAS, conjuntamente com o PARTIDO PROGRESSISTA, e haveria o pagamento indevido de valores de empresas contratadas”. Na sequência, o doleiro afirma que “o PSDB, por meio de Aécio Neves, “dividiria” uma Diretoria em FURNAS com o PARTIDO PROGRESSISTA, por meio de José Janene. Afirmou que ouviu que Aécio também teria recebido valores mensais, por intermédio de sua irmã, de uma das empresas contratadas por FURNAS, a empresa BAURUENSE, no período entre 1994 e 2000/2001”. Apesar dos fatos não estarem relacionados com a Petrobras, “é de se ter em vista a inequívoca existência de fatos e indícios contundentes acerca do flagrante envolvimento do Senador Aécio Neves da Cunha em graves ilicitudes relacionadas à estatal ‘FURNAS’”. O próprio procurador afirma que  “Conforme apurado por esta Procuradoria-Geral da República”, continua a representação , “(...) a acusação tecida em face do atual Senador Aécio Neves mostra-se gravíssima, haja vista que eventual comprovação denotará não somente o cometimento de crimes contra a Administração Pública, como também a caracterização de ilícitos que perpetraram expressivo e imensurável prejuízo ao patrimônio público quando conjugados o extenso período de recebimento das verbas ilícitas e a dimensão financeira da estatal”. ( Fonte: Luis Nassif)

Flávio Dino: separar joio do trigo

Trecho da entrevista concedida a carta Capital pelo governador do Maranhão Fávio Dino.

Carta Capital: Como o senhor analisa esses protestos de 15 de março, capitaneados pela classe média, em sua maioria, contra o governo da presidenta Dilma?

Flávio Dino: Acho que é preciso separar o joio do trigo. Em meio à onda de insatisfação e protestos há questões muito justas, sobretudo, no combate à corrupção e à improbidade administrativa e que deve mobilizar a sociedade. Mas, por outro lado, em meio a esse trigo há muitas coisas equivocadas. Por exemplo, do mesmo modo que é correto você combater a corrupção, é incorreto você situar essa questão em uma determinada pessoa ou força política, como está sendo feito em relação ao PT e, muito especialmente, a presidenta Dilma. Na verdade, práticas de mau uso do dinheiro público no Brasil, infelizmente, têm uma longa história e hoje temos fatores institucionais que conduzem a continuidade disso. Aquilo que deve ser descartado é o oportunismo político, politiqueiro, no mau sentido da palavra, de procurar individualizar isso na presidenta Dilma. Em segundo lugar, outra parte do joio que deve ser descartada são as teses delirantes daí derivadas. E duas são, especialmente, dignas de registro. A primeira é apologia ao crime, ou seja, um golpe militar. A defesa do golpe militar não é uma postura ideológica legítima, é crime, que deve ser repudiado com bastante ênfase. A outra é o impeachment, como se ele pudesse ser um mecanismo de substituição do governo apenas porque você não gosta do governo. Quando o impeachment, na verdade, no presidencialismo, é uma punição a um crime de responsabilidade em que haja evidências que a presidenta da República tenha, expressamente, praticado e participado disso. Quando você mistura tudo isso, o sinal que acaba sendo emitido dessas manifestações é equivocado, por ser contra a política, anti-política, contra as instituições democráticas. Por isso, lamento muito que um movimento legítimo, de combate à corrupção, acabe se se prestando a difundir preconceitos, medos, pânicos e até posições criminosas.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Corruptos mesmo só 'os outros' ! Vamos começar a praticar 'tolerância zero' com as espertezas nacionais do dia-a-dia?

E os brasileiros 'incorruptíveis' que têm conta na Suíça no HSBC? 
Ao menos 22 empresários da mídia ou parentes e sete jornalistas estão entre os mais de 8 mil brasileiros que mantinham contas no HSBC da Suíça em 2006 e 2007. Na lista do HSBC, vazada por um ex-funcionário do banco, constam os nomes dos fundadores das Organizações Globo, Roberto Marinho, e da Bandeirantes, João Jorge Saad, além do empresário Octavio Frias de Oliveira, antigo proprietário do Grupo Folha. São os caras que agora invocam moral e ética...para os outros! Lavem suas mãos, hipócritas!

'Podemos tirar se achar melhor'!...falando na corrupção e privataria tucana!
Uma observação perdida em meio a uma entrevista com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso indica que a disputa a respeito da corrupção na Petrobras extrapolou o mundo político e pode ter adentrado também a redação da Reuters.Na segunda-feira 23, a agência de notícias britânica publicou uma entrevista com o ex-presidente sobre a atual conjuntura política no País. No quinto parágrafo, há uma frase de FHC atribuindo ao ex-presidente Lula “mais responsabilidade política” pela corrupção na estatal do que a Dilma Rousseff, a atual chefe do Executivo. No parágrafo seguinte, o texto lembra que um dos delatores do esquema, o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco, disse ter começado a receber propinas em 1997, ainda sob o governo FHC. Entre o sexto e o sétimo parágrafos, logo após a citação de Barusco, aparecia entre parênteses a observação “Podemos tirar, se achar melhor”. Era o jornalista brasileiro que perguntava ao editor a possibilidade de não macular o ‘puro presidente FHC’. Afinal sujos e corruptos são os outros! Hipócritas!

Tirando a Dilma fica o casto Eduardo Cunha e sua cambada! Vão querer ele, vão? 
Na avenida Paulista não haviam faixas ou cartazes contra o PP ou o PMDB, partidos líderes em número de parlamentares na já famosa lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Tampouco alguém foi às ruas reclamar do governo Geraldo Alckmin (PSDB) por conta do cartel do metrô ou do caso Alstom, mesmo com o atraso colossal das obras do metrô paulista. Nenhum organizador ou manifestante entrevistado pela imprensa criticou as empreiteiras, corruptoras maiores deste País e cujos presidentes foram presos na Operação Lava Jato. Sobre o caso HSBC, a mais nova evidência da lavanderia suíça de dinheiro, também nenhuma palavra, apesar das centenas de figurões brasileiros envolvidos. Os focos dos atos do domingo 15 de março em todo País foram exclusivamente o PT, Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. Apenas com ingenuidade ou má-fé é possível acreditar em uma solução mágica. Tiramos a Dilma, o peemedebista Michel Temer vira presidente e tudo estará resolvido? Ou impede-se a chapa toda, caem Dilma e Temer e assume o Eduardo Cunha, aquele que na semana passada derrubou o ministro da Educação em poucas horas por ele ter dito umas verdades. Desta forma estará moralizado o governo? Ah, esqueci: se alguém achar que poderá ser Aécio Neves é bom lembrar que para chegar lá o senador do PSDB precisará ser eleito pela maioria da população em 2018, o que não aconteceu em 2014. Desconfio que seja candidato. Pessoalmente aposto no Ciro Gomes!

Purificar tudo, inclusive as espertezas do sindico, a corrupção dos prefeitos e vereadores, etc.
Cá entre nós: se a simples retirada de Dilma resolvesse os problemas nacionais ou ao menos a corrupção, eu estaria na rua gritando pela sua derrubada. Mas, como em todos os aspectos da nossa vida, na política as promessas mirabolantes também não são verdadeiras. Acreditar na derrubada de Dilma como o fim dos problemas no Brasil é como acreditar naquele cartaz que promete “trazer a pessoa amada em sete dias”. Abra o olho. (Fonte: Carta Capital)

sábado, 21 de março de 2015

Enterrados e esquecidos como o grão de trigo, para renascer multiplicados e férteis na primavera da vida! (Jo. 12, 20-33)

A vida parece nos dar uma permanente lição: nenhuma conquista se alcança com facilidade. Mais que isso: o que é conquistado com suor e lágrimas proporciona uma satisfação e uma íntima realização que outras conquistas não conseguem. O que é conquistado com a doação da própria vida assume um valor incalculável e permanece como memória perturbadora ao longo dos séculos. Os próprios acontecimentos locais ou nacionais que mudaram o destino de uma nação sempre têm sido acompanhados por sacrifícios de vidas, por testemunhos de doações radicais. A conquista de inúmeros direitos trabalhistas, da igualdade entre os seres humanos, da liberdade de culto, da democracia, e de outros direitos deixaram atrás de si corpos e dignidades dilaceradas. A resistência de alguns e a persistência de outros, contudo, permitiram que os seres humanos iniciassem uma fecunda caminhada para encontrar algumas bases comuns para colaborar e dialogar entre si em pé de igualdade. É uma caminhada que precisa ser percorrida sistematicamente. Ainda não chegamos. Ao contrário. Temos a impressão que a cada dia estamos nos afastando da trilha principal. Intolerância, uso da violência fácil, procura doentia de satisfação imediata de seus interesses individuais, ambições e outras práticas desrespeitosas parecem conhecer um novo e ameaçador ciclo que perturba a humanidade como um todo. 
O evangelho de hoje nos mostra o quão consciente era Jesus da necessidade de se jogar numa causa assumindo inteiramente suas consequências. Jesus bem sabia que Deus não queria o seu sacrifício. Se dependesse Dele certamente o teria poupado, como um pai faz com o filho. Ocorre que ao mergulhar corpo e alma na causa do Reino, no anúncio e na construção de uma sociedade de respeito, sem escravidão e dominação, na valorização de todos os cidadãos pobres ou doentes que fossem, ele iria questionar a ‘ordem religiosa e política’ que vigorava. E que as autoridades religiosas vendiam como ‘ordem divina’. Algo que não se podia mexer. Jesus vem percebendo progressivamente que o que vinha realizando na Galiléia não desencadeou um movimento popular de grandes proporções em favor do Reino como Ele esperava. Ao contrário, irritou muita gente e criou mais hostilidade contra ele. Jesus investe na capital, mas Jerusalém vive graças à renda que circulava em torno do templo. Suas críticas ferozes ao templo o condenam definitivamente. Jesus poderia dar um tempo, fugir e se esconder. Decide ficar. Só fazendo a experiência pessoal de ser ‘enterrado’ como o grão de trigo é que poderá ‘renascer’ multiplicado e mais fértil. Jesus percebe que a essa altura só o seu sacrifício voluntário pela causa do Reino poderá questionar as consciências tranquilas dos cidadãos de Israel e suscitar novas atitudes. A morte de cruz foi, afinal, o último gesto profético que lhe havia sobrado. E o usou para lançar um último apelo de ‘conversão’ para quantos iam permanecer. 

Por que Aécio não entrou na lista dos investigados?

Errou o Procurador Geral da República Rodrigo Janot ao não pedir abertura de inquérito contra o senador Aécio Neves. Primeiro, porque na delação do doleiro Alberto Yousseff havia indícios suficientes para a abertura de inquérito. Conforme o PGR cansou de alertar, pedido de inquérito não significa condenação nem incriminação de ninguém. É apenas um procedimento de levantamento de provas, em cima de indícios. Se nada for encontrado, arquive-se; se forem encontradas provas, proceda-se à denúncia, que poderá ou não ser aceita pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Em seu depoimento oral, Yousseff apresenta dados objetivos de fácil apuração.*  Diz que Aécio Neves recebia propinas através de uma diretoria de Furnas, segundo relato do finado deputado José Janene (PP), que também tinha uma diretoria por lá. *  Informa por onde passava o dinheiro da propina, a empresa Bauruense. *  Informa o valor presumido da propina, de US$ 100 mil mensais. *  Informa a possível destinatária da propina. *  Diz basear-se nas conversas que tinha com Janene e com o proprietário da Bauruense. Ora, com base nessas informações, bastaria requerer a quebra de sigilo da Bauruense, analisar seus extratos e balanços e fazer o mesmo da suposta ponta recebedora. Tinha razão o Ministro Teori Zavaski quando comentou com pessoas próximas que ffoi solicitada a abertura de inquéritos em casos com elementos muito menos robustos do que aqueles que constavam contra Aécio.  Ele não entrou em juízo de valor, se deveria ou não ter sido solicitado o inquérito. Apenas comparou condições. (Blog do Luis Nassif)

sábado, 14 de março de 2015

4º Domingo de Quaresma - Só morrendo para que as pessoas compreendam a força da verdade-luz, e para desmascarar a mentira-treva! (Jo. 3,14-21)

Existem pessoas que depois de mortas são um permanente julgamento para quem fica. O sacrifício da própria vida em determinadas circunstâncias coloca as pessoas numa situação incômoda e constrangedora. Os que ficam percebem que pouco ou nada fizeram para preservar e defender quem foi morto. Consciente ou inconscientemente desejavam a sua eliminação porque quando vivo incomodava e denunciava, apontava e redarguia e, pior, não compactuava e não se corrompia. Tornava-se difícil pegá-lo em flagrante porque a sua coerência de vida não o permitia. Agora, sentem que depois de morto ele continua incomodando mais do que antes. Cria, de fato, nos que ficaram, o dilema da responsabilidade pessoal na sua morte. Faz surgir no seu íntimo complexos de culpa antes desconhecidos. Acabam se sentindo co-responsáveis pelo seu desaparecimento. Ocorre, porém, que com o tempo, os que ficaram compreendem que ‘aquela morte’ se constituiu num verdadeiro divisor de águas. Compreendem que aquele sacrifício, embora trágico e desumano, foi até ‘necessário’ para que os que ficaram se definissem em sua vida. Ou seja, se manifestassem de que lado eles estavam. Se do lado da verdade, da coerência de vida, da ousadia profética de quem foi sacrificado ou, ao contrário, do lado de quem o agrediu, matou e sacrificou.
Isto se dá, permanentemente, no nosso trágico e contraditório cotidiano. Só pensar nas centenas de lavradores do nosso Estado e País cujo sangue vem sendo derramado na defesa de direitos sagrados!Só pensar como certas conquistas na dimensão dos direitos se deram depois de assassinatos brutais de inúmeros pais de famílias! Com Jesus não foi diferente! Os seus apóstolos só depois de alguns anos perceberam que a morte do mestre não foi em vão. Conseguiram superar o complexo de culpa por tê-lo abandonado na cruz ao sentir que Jesus continuava a lhes oferecer perdão e misericórdia do mesmo jeito que o fazia quando estava vivo entre eles. Perceberam que a sua morte foi necessária para ‘desmascarar’ seus algozes e seus simpatizantes. Jesus, de fato, ao ser ‘levantado’ na cruz deu uma nova capacidade de discernimento aos seus discípulos e aos que ficaram. Ajudou-os a compreender que as pessoas que apostam na mentira, na corrupção, na violência e na manipulação sempre temem a pessoa que tem postura ética e que possui ‘luz’. Sentem-se desmoralizados porque ele não compactua, e nem vende sua alma como eles fazem! Os seguidores de Jesus têm aprendido a não ter medo dos que trabalham nas ‘trevas’, mas a agir à luz do dia, com coerência e fidelidade. Só quem sente vivo dentro de si o ‘crucificado levantado da terra’ terá a coragem de agir assim! 

Quem dera que os governantes fossem como pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai!


As repúblicas não vieram ao mundo para estabelecer novas cortes, as repúblicas nasceram para dizer que todos somos iguais. E entre os iguais estão os governantes. Ninguém é mais que ninguém, começando pelo governante (Pepe Mujica)

No mundo inteiro governantes reivindicam para si privilégios, até mesmo no Uruguai, ontem, hoje e, provavelmente, por muitos anos, talvez sempre. Atendimento no Sírio Libanês, vencimentos altos para si e para toda a “corte”, roupas, restaurantes, veículos caros, mordomias e mais mordomias, seja torneiro mecânico, milico ou sociólogo. Essa realidade todo mundo conhece, mas há ainda os que não tem qualquer pudor da luxúria. Hitler, Mussolini abusaram do hedonismo, da tirania. Mais recentemente, George Bush e Sílvio Berlusconi também posaram de deuses no Olimpo. Diante desse quadro, o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica que, recusa qualquer benesse presidencial e doa 90% de seu salário para a caridade, é um forte contraponto. O discurso fácil e despolitizado dos mais conservadores acusa o presidente uruguaio por seus feitos mais conhecidos: a suposta “liberação” da maconha, a descriminalização do aborto e o casamento gay. Sobre o primeiro destes feitos, diz Mujica:...temos que ter cuidado, porque não é uma legalização como as pessoas supõem no exterior, não vai haver comércio, os estrangeiros não poderão vir aqui ao Uruguai para comprar maconha. 
Personalidade forte, posições firmes, coisa muito distinta entre os governantes contemporâneos, que comportam-se como marionetes da moralidade cristã, afirmando sua cristandade, filiando-se falaciosamente à igreja paulina para garantir votos e popularidade. Sua sinceridade cortante e seus 78 anos de idade revelam-se na crítica aos estadunidenses feita pessoalmente ao Presidente Barack Obama: “os americanos deveriam fumar menos e aprender mais idiomas”. De passado guerrilheiro, sendo um dos mais importantes combatentes da odiosa ditadura militar uruguaia, tornou-se um pacifista convicto, afirmando não existir “guerras justas”. Para a elite conservadora, incapaz de viver com menos, de consumir menos, a irritante coerência entre o discurso de Mujica e sua prática revolucionária serão, por muito tempo, um fantasma a assombrar seus sonhos mesquinhos e individualistas. Para a história da república, Mujica foi o presidente que, desde Platão, melhor compreendeu a ideia de “coisa pública” (do grego, res = coisa + publica), desprezando regalias e outras benesses não condizentes com o ideário de igualdade de direitos que pressupõe o espírito republicano. Sem pavulagem, Pepe Mujica escancara, para a história da República, a mesma incoerência entre, por um lado, certas seitas neopentecostais cristãs, que pregam a prosperidade e, por outro, o Cristo histórico, pobre e desapegado de riquezas. Na república uruguaia há também ricos e pobres, ainda que a desigualdade tenha diminuído, mas seu povo pode dizer com orgulho, como nenhum outro no mundo, que entre aqueles que promovem a injustiça social não está seu Presidente da República (Blog do Luis Nassif)


sexta-feira, 13 de março de 2015

Para quem batem as panelas do dia 15?

Contradição das contradições: há uma parcela, ínfima, mas barulhenta porque apoiada pela mídia nacional fascista, da população pedindo moralização da política, entre outras coisas, só para a presidente e seus colaboradores e partidários. Essa mesma parcela poupa escandalosamente dois personagens influentes e poderosos da política nacional que são notoriamente mais sujos do que pau de galinheiro: Renan Calheiros e Eduardo Cunha, respectivamente presidente do Senado Nacional e Presidente da Câmara de deputados. Ontem, o Sr. Cunha recebeu apoio vergonhoso de deputados de todos os partidos, em suas verrinas contra o Ministério Público Federal. Eduardo Cunha é conhecido desde os tempos de PC Farias como o é Renan Calheiros. ‘Sua vida é uma enorme capivara, com processos por todos os lugares por onde passou’, como diz Luis Nassif. A ex-vereadora Cidinha Campos (do Rio) chegou a denunciar relações dele com o traficante Abadia. Na Câmara, tornou-se o escoadouro de todos os lobbies econômicos. Responde a vários processos, esses sim correndo sob sigilo, (diferentemente daqueles que envolvem petistas!). O pior resultado da polarização política atual foi sua ascensão. E a maior prova de que, para os jornalões, denúncia não é instrumento de aprimoramento: é apenas uma arma em defesa de interesses. Vergonha! Será que os ‘barriga-cheia’ de domingo irão tocar suas panelas também para Cunha e Calheiros, pedindo que se afastem até o fim das investigações? Desconfio que não. Afinal, todos eles bebem do mesmo caldo que horrorizados denunciam! 

quinta-feira, 12 de março de 2015

PP de Aécio, ops, do Rio Grande do Sul lidera a lista com o maior número de políticos investigados pela Lava-Jato. Inclusive, o racista Heinze!

A lista de políticos investigados na Operação Lava Jato, divulgada na sexta-feira 6, trouxe a infeliz ‘surpresa’ que ao Partido Progressista (PP), o quarto maior do Brasil lidera a lista com o maior número de políticos investigados no escândalo de corrupção na Petrobras. Ao todo, a lista traz 33 nomes ligados ao PP, sendo seis apenas do Rio Grande do Sul. O PP não é novo nesse tipo de liderança negativa e sem ser punido nas urnas e na justiça. Um exemplo é o deputado federal Luis Carlos Heinze, um dos cinco investigados do PP no Rio Grande do Sul pela Lava Jato. No início de 2014, Heinze foi premiado pela ONG inglesa Survival com o título de “racista do ano” graças a um discurso no qual dizia que “quilombolas, índios, gays, lésbicas” são “tudo que não presta”. No mesmo ano, Heinze venceu a disputa por uma vaga na Câmara Federal, sendo o deputado federal mais votado do Rio Grande do Sul, com mais de 162 mil votos. Agora, afirma ser inocente. Há tempos, o PP e o PSDB formam uma aliança vitoriosa no estado, responsável por eleger a ex-governadora Yeda Crusius (PSDB) e a senadora Ana Amélia (PP). Em 2014, por exemplo, o partido cedeu palanque a Aécio Neves no estado e assumiu a postura de oposição ao governo federal. O PP-RS tinha, inclusive, a promessa de fazer parte de um futuro governo tucano. "A base do núcleo de um futuro governo está representado aqui nesta foto: PSDB, PSB PP do Rio Grande e esse lado tão bom do PMDB, representado pelo candidato Sartori", disse Aécio em 18 de outubro passado. Na segunda-feira 9, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso já havia manifestado pouca empolgação com a tese do impeachment. "Não adianta nada tirar a presidente", afirmou ele. "Se exauriu o modelo de presidencialismo de coalizão, que na verdade é um presidencialismo de cooptação. O sistema político está esgotado", disse. Aécio disse que não participará das manifestações do dia 15 para não reforçar a tese, falsa segundo ele, de que os protestos tratam-se de um "terceiro turno" das eleições presidenciais. Tem gente que ainda não entendeu que a corrupção é sistêmica e não se dá só em alguns setores, supostamente ligados ao governo. Limpeza já e para todos! 

segunda-feira, 9 de março de 2015

O panelaço contra Dilma: é o panelaço de quem tem barriga cheia, e que nem sabe onde está a cozinha! Artigo de Juca Kfouri

Nós, brasileiros, somos capazes de sonegar meio trilhão de reais de Imposto de Renda só no ano passado. Como somos capazes de vender e comprar DVDs piratas, cuspir no chão, desrespeitar o sinal vermelho, andar pelo acostamento e, ainda por cima, votar no Collor, no Maluf, no Newtão Cardoso, na Roseana, no Marconi Perillo ou no Palocci.  O panelaço nas varandas gourmet de ontem não foi contra a corrupção.  Foi contra o incômodo que a elite branca sente ao disputar espaço com esta gente diferenciada que anda frequentando aeroportos, congestionando o trânsito e disputando vaga na universidade.  Elite branca que não se assume como tal, embora seja elite e branca.  Como eu sou.  Elite branca, termo criado pelo conservador Cláudio Lembo, que dela faz parte, não nega, mas enxerga.  Como Luís Carlos Bresser Pereira, fundador do PSDB e ex-ministro de FHC, que disse:“Um fenômeno novo na realidade brasileira é o ódio político, o espírito golpista dos ricos contra os pobres. O pacto nacional popular articulado pelo PT desmoronou no governo Dilma e a burguesia voltou a se unificar. Surgiu um fenômeno nunca visto antes no Brasil, um ódio coletivo da classe alta, dos ricos, a um partido e a um presidente. Não é preocupação ou medo. É ódio. Decorre do fato de se ter, pela primeira vez, um governo de centro-esquerda que se conservou de esquerda, que fez compromissos, mas não se entregou. Continuou defendendo os pobres contra os ricos. O governo revelou uma preferência forte e clara pelos trabalhadores e pelos pobres. Nos dois últimos anos da Dilma, a luta de classes voltou com força. Não por parte dos trabalhadores, mas por parte da burguesia insatisfeita. Quando os liberais e os ricos perderam a eleição não aceitaram isso e, antidemocraticamente, continuaram de armas em punho. E de repente, voltávamos ao udenismo e ao golpismo.
”Nada diferente do que pensa o empresário também tucano Ricardo Semler, que ri quando lhe dizem que os escândalos do mensalão e da Petrobras demonstram que jamais se roubou tanto no país. “Santa hipocrisia”, disse ele. “Já se roubou muito mais, apenas não era publicado, não ia parar nas redes sociais”.Sejamos francos: tão legítimo como protestar contra o governo é a falta de senso do ridículo de quem bate panelas de barriga cheia, mesmo sob o risco de riscar as de teflon, como bem observou o jornalista Leonardo Sakamoto.Ou a falta de educação, ao chamar uma mulher de “vaca” em quaisquer dias do ano ou no Dia Internacional da Mulher, repetindo a cafajestagem do jogo de abertura da Copa do Mundo. Aliás, como bem lembrou o artista plástico Fábio Tremonte: “Nem todo mundo que mora em bairro rico participou do panelaço. Muitos não sabiam onde ficava a cozinha”. Já na zona leste, em São Paulo, não houve panelaço, nem se ouviu o pronunciamento da presidenta, porque faltava luz na região, como tem faltado água, graças aos bons serviços da Eletropaulo e da Sabesp. Dilma Rousseff, gostemos ou não, foi democraticamente eleita em outubro passado.Que as vozes de Bresser Pereira e Semler prevaleçam sobre as dos Bolsonaros é o mínimo que se pode esperar de quem queira, verdadeiramente, um país mais justo e fraterno.E sem corrupção, é claro!

Comentário- Podemos dizer que, depois de 30 anos de democracia, felizmente as instituições democráticas estão funcionando no Brasil. Não é à toa que o escândalo da Petrobras não ficou escondido. O governo Dilma está em crise por diversos motivos: a situação econômica, o escândalo da Petrobras e pelo fato de a presidente não ser uma boa negociadora. E o sistema político brasileiro, presidencialista, implica na negociação de muitas questões. Dilma não é política, ela é mais tecnocrata e enfrenta muitas dificuldades para negociar se a compararmos com o ex-presidente Lula. A relação dela com o PMDB não é apropriada, já que ela não dá a chance nem do vice-presidente, Michel Temer nem do partido de participar das decisões que toma. E esse estilo de governar não facilita a situação. Eu vejo o Brasil numa crise, mas não numa crise institucional. (Peter Birle, especialista alemão em Realidade Brasileira)

sábado, 7 de março de 2015

O templo acabou! O novo culto se dá na pessoa de Jesus e no seu testemunho! (Jo. 2,13-25)

Quem nunca se indignou diante da falsidade e da hipocrisia que salta aos nossos olhos em qualquer lugar que estejamos? Quem nunca perdeu a cabeça quando alguém fura a fila e entra bem na nossa frente? Quem nunca se alterou diante de uma injustiça ou de uma humilhação gritante? É verdade, sempre haverá quem tenha a criticar covardemente um e outro, às escondidas, em voz baixa e com ar de suspeição. Sempre haverá quem usará suas influências particulares para ocupar o melhor lugar, comer o melhor pedaço, ser o primeiro a ser atendido por ter o chefe como amigo.  Nada disso, contudo, se compara quando ocorre num espaço sagrado, onde, supostamente, esses comportamentos deveriam estar ausentes e serem condenados por todos. Usar de má fé, utilizar o nome santo de Deus para tentar justificar seus próprios interesses mesquinhos é algo detestável. É como se estivéssemos tentando manipular a própria identidade de Deus. Como se estivéssemos chamando Deus para abençoar nossos comportamentos desprezíveis. O evangelho de hoje retrata uma atitude de Jesus que só em parte se parece com os casos acima descritos. Ao expulsar os cambistas e comerciantes, Jesus não está simplesmente externando emotivamente a sua reprovação contra os aproveitadores do espaço sagrado. Jesus está decretando o fim do próprio templo e de suas funções. 
O templo não é mais um meio privilegiado para se encontrar Deus. Ele se tornou desviante porque foi corrompido por seus frequentadores! Usa-se de forma criminosa o nome de Deus para ‘abençoar’ não só os negócios, mas também para justificar uma relação com um ‘Deus’ que deixou de ser para eles o Deus dos pobres de Israel! O templo e esse tipo de relação e culto que se dava com Deus deviam ser destruídos definitivamente. Já em outras oportunidades Jesus dizia que não era nem sobre ‘esse ou aquele monte, e nem em Jerusalém que se adora Deus, mas somente em espírito e verdade’ (Jo. 4,21-24) Chegou a hora e é agora: o novo templo e o novo culto se dá no corpo-pessoa de Jesus! Só na pessoa e no testemunho de Jesus podemos encontrar e adorar o Pai. Somente através de Jesus descobrimos o projeto de vida plena que o ‘verdadeiro Deus’ – aquele que não pode ser manipulado, - tem para com seus filhos e filhas. Não templos formais, frios, cansados, construídos por humanos interesseiros, mas templos-comunidades vivas de pessoas alegres, ativas forjadas pelo amor indestrutível de Deus. Deveríamos nos perguntar se estamos praticando de fato o ‘verdadeiro culto’, ou seja, exercendo a caridade, defendendo o direito do órfão e da viúva, fazendo justiça ao pobre, e tendo Jesus como centro inspirador. Ou se, por acaso, nos limitamos a repetir fórmulas, cantar louvores e hinos, fazendo da religião um negócio escuso, em templos elegantes, refrigerados e cheirando a incenso, mas com um coração que fica longe do coração dos sofredores!