sexta-feira, 22 de maio de 2015

PENTECOSTES – A IRRUPÇÃO DO ESPÍRITO DO RESSUSCITADO QUE OFERECE PAZ E ROMPE AS BARREIRAS E AS ESTRUTURAS DE UMA IGREJA MEDROSA E TAPADA! (Jo 20, 19-23)


Certamente na nossa vida temos feito experiências concretas de percepções, intuições, sensações luminosas que tornam, quase que de repente, mais clara a nossa caminhada. Ou seja, chegamos a compreender com clareza quem somos e o que as pessoas esperam de nós. São momentos de lucidez existencial em que compreendemos que não são somente frutos da nossa inteligência pessoal, mas dom de algo ou de alguém ‘externo’ a nós. Algo divino. Sentimo-nos possuídos por uma segurança e uma alegria interiores jamais sentidas anteriormente. Essas experiências surpreendentes não pertencem somente aos membros de uma igreja. Nem a movimentos tipicamente cristãos. São intervenções do divino que estão acima desta ou daquela crença, desta ou daquela cultura. Todo ser humano pode fazer esta experiência luminosa, desde que esteja interiormente aberto e esteja disposto a acolher aquilo que brota de forma surpreendente do seu íntimo mais profundo. Pentecostes foi isso, só que foi um sentir coletivo. Não foi uma mera experiência pessoal de compreensão da própria missão no mundo, mas de um compromisso a ser assumido em conjunto. Um grupo de pessoas tendo uma história em comum, fazendo memória de acontecimentos vividos em conjunto, se confrontando e se confirmando entre si, chega a ter uma mesma e única intuição.

As comunidades seguidoras do Ressuscitado rompem com o seu presente ainda marcado pelo medo da perseguição (portas fechadas), da rejeição, pelo sentimento de culpa (a paz esteja convosco) e pela dúvida. Sentem que uma força impetuosa, jamais sentida antes, leva as comunidades a assumirem atitudes que por elas mesmas jamais conseguiriam. Algo inexplicável, mais forte e potente que elas escancara suas estruturas e espaços e as arrasta para novas e inéditas direções. São opções de vida e de missão que as comunidades nem cogitavam até então. Tornam-se, de forma surpreendente, comunidades abertas, que sabem entrar em sintonia com o modo de ser e sentir de outras comunidades de outras culturas e credo (falar várias línguas). A Babel de outrora em que as pessoas não se entendiam é substituída pela 'nova igreja' cuja linguagem plural se torna inteligível para todos. A comunicação foi restabelecida. Comunidades que viviam preocupadas com sua administração interna, e voltadas quase que exclusivamente para seus próprios membros, iniciam a dialogar com o mundo. Compreendem que são luz (fogo) e portadoras de uma Luz que não pode ficar escondida ou guardada só para alguns. Nós hoje precisamos fazer acontecer ‘Pentecostes’ nas nossas comunidades, para superar o nosso fechamento, o nosso comodismo, a nossa falta de ousadia em evangelizar no corpo-a-corpo. Que possamos ‘falar as línguas da compaixão e do serviço’, pois só estas são entendidas por todos! 

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