segunda-feira, 20 de julho de 2015

Educar-se à verdadeira compaixão (Mc. 6,30-34)


Certamente certas formas de ativismo excessivo manifestam a incapacidade ou a não vontade da pessoa em parar para pensar. Muitas pessoas parecem sentir internamente a necessidade de correr o tempo todo. De ter sempre algo a fazer, pois se pararem podem descobrir o vazio que existe dentro delas. Em algum caso, dão fé até do desespero que as domina. A incessante ação pode ser uma forma para esconder justamente o medo pessoal de ter que se confrontar com a falta de sentido de sua própria vida. O ritmo que nos imposto hoje em dia nos deixa estonteados. Parece não haver mais espaço para refletir sobre a nossa vida, sobre o sentido do nosso correr e trabalhar. E quando paramos, se paramos, temos a impressão de estar perdendo tempo. Isto vale para um cidadão comum e vale mais ainda para os discípulos de Jesus. Jesus, na parte inicial da narração evangélica de hoje (vv. 30-32) deixa claro que se de um lado é importante sair para a missão, de forma sistemática e despojada, do outro lado é fundamental saber parar para avaliar a missão. Reorganizar as idéias, reprogramar e recobrar novas motivações, para continuar na missão de forma mais consciente. Sem isso se corre o perigo de virar meros executores de ações, e se esgotar rapidamente. E de não ter mais nada a oferecer às pessoas que esperam sempre algo mais criativo e adequado ao seu modo de sentir.

É o nosso perigo, hoje, como missionários e missionárias, e como comunidades. O nosso correr constante e a repetição de ações, sempre as mesmas, acabam desgastando a todos. É preciso se reinventar, se re-motivar, se formar à luz da missão e do Mestre, sob pena de falarmos sempre as mesmas abobrinhas que ninguém mais atura! Na segunda parte da leitura Jesus percebe a insistência das pessoas em procurá-lo, mas mesmo cansado, não as afasta. Ao contrário, vê que é um povo sedento de afeto e de proteção, pois ‘pareciam como ovelhas sem pastor’. Só quem foi educado como Jesus à compaixão, e a sentir a indignação de Deus dentro de si quando um seu filho ou filha é abandonado, consegue perceber o drama daquelas pessoas. Só quem está atento às necessidades e às aspirações das pessoas coloca o serviço gratuito e a caridade em primeiro lugar. Sem moralismos, e sem exigir a obediência a normas cultuais e disciplinares que só afastam as pessoas do verdadeiro encontro com o Deus da misericórdia.

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