sábado, 8 de agosto de 2015

19º domingo comum - Nos testemunhos concretos e nos gestos frágeis dos humanos, o ‘Invisível’ se torna presente e atuante (Jo. 6, 41-51)

Quantas vezes pedimos a Deus sinais da sua presença. Algo que nos desse uma garantia mínima de que era Ele mesmo que queria aquela determinada realidade: a morte de uma pessoa amada, por exemplo, ou um encontro inesquecível que marcou para sempre, positivamente, a nossa vida. E nunca tivemos respostas conclusivas. Só com o tempo, e a partir da nossa fé pessoal podemos chegar a atribuir a Deus isto ou aquilo. Deus, de fato, não se revela da forma que nós gostaríamos. Fica sempre uma dúvida atroz dentro de nós. Sempre pela fé, no entanto, podemos encontrar ‘sinais’ de que Deus está ao nosso lado e nos inspira de forma surpreendente. Não são sinais prodigiosos, nem espetaculares. E nem, a princípio, divinos! Deus, como bom pedagogo, lança mão somente daqueles instrumentos e condições que nós humanos podemos compreender e acolher. Deus, por exemplo, nos convida a ver nos gestos e opções de vida do ‘humano’ Jesus o Seu mesmo modo de agir. O Deus invisível nos diz que se Ele fosse visível aos nossos olhos faria aquilo que o ‘visível’ Jesus faz com os pobres e os pecadores, com os impuros e os rejeitados. 
Por isso que se torna compreensível a murmuração dos judeus no evangelho de hoje quando Jesus se apresenta como o ‘pão descido do céu’. Os judeus, - mas não só eles, - se perguntam como é possível que um conhecido filho de um carpinteiro ‘tenha descido do céu’! Não é de todos, de fato, ver em um humano mesmo que carregado de profunda compaixão, de bondade e mansidão, as características do Deus invisível. Mas é esse o método que Ele usa conosco. Justamente para que ninguém diga que o que Deus nos pede é ‘divino e alto’ demais para ser observado e reproduzido. Se é assim, então nós humanos podemos e devemos ser, como Jesus, instrumentos nas mãos do ‘Divino Invisível’. Mesmo frágeis, ou talvez, graças à nossa fragilidade, podemos tornar visíveis e compreensíveis as escolhas que o Deus invisível faria se estivesse visível aos nossos olhos. Por isso que Jesus afirma que ele é o ‘pão alimento do Pai’ e ‘carne’ - no sentido de vida visível, de testemunho concreto, mesmo que frágil e débil – a ser comida-incorporada dentro de nós. Quem não sabe enxergar nos sentimentos e nas fragilidades humanas a grandeza de Deus, e só a espera nos grandes prodígios e milagres, dificilmente vai entender a mensagem e o testemunho do ‘humano Jesus de Nazaré’! Dificilmente se engaja nas reivindicações cotidianas por mais justiça e verdade, mas ficará aguardando que o ‘divino’ faça por ele!  

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