segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Só a proposta de Jesus dá espírito e vida: abraçar ou largar! (Jo.6, 60-69)

Certamente muitos de nós já passaram por uma crise profunda. Crise humana e espiritual. Dúvidas e angústias interiores que nos deixam fragilizados. Inseguros, sem saber qual caminho trilhar. Problemas familiares sérios, fracassos sentimentais e afetivos, falta de emprego, doenças ou mal-estar físico, frustrações nas nossas relações humanas. Nessas horas a tentação de chutar o barraco é grande. A vontade de largar o barco da fé, da comunidade e até da própria família parece tomar de conta da nossa mente. O coração parece ficar sempre mais frio e duro diante de tantas decepções. Crise acontece quando percebemos que o temos feito até agora não nos deixa plenamente satisfeitos, e quando olhando para o futuro ele aparece ainda mais obscuro e indefinido. É a noite da vida. É treva profunda. Pois bem, é nesses momentos que pode surgir o novo homem e nova mulher! A nova sociedade, e a nova igreja. Da crise, mesmo! Mas dependerá das nossas forças interiores e das escolhas que podemos fazer nessa hora! Podemos nos sentir impotentes, e nos deixar engolir e arrastar pelos acontecimentos da vida nada favoráveis. Podemos fugir deles e nos refugiar em algumas ‘ilhas de falsa felicidade’, achando que o tempo vai dar um jeito. Podemos, enfim, enfrentar com firmeza as adversidades da vida, e mesmo sentindo medo interior por não termos soluções imediatas, crer que não seremos abandonados e descarregados por Deus e pela vida.

Tudo isso, afinal, aconteceu com o próprio Jesus, e com muitos discípulos dele, principalmente quando Jesus se apresentou como pão-carne que alimenta e sacia as nossas fomes de felicidade e de plenitude de vida. A crise em Jesus se dá quando ele vê que muitas pessoas que pareciam estar aceitando a sua mensagem o abandonam, e correm atrás de outras soluções para a sua vida e seus problemas. A sua missão parecia estar afundando. A crise em muitos discípulos se dá justamente quando eles descobrem que Jesus não lhes oferece soluções mágicas para os seus infinitos problemas. Gostariam de ver um Jesus poderoso fazendo e multiplicando milagres, e dando soluções imediatas aos seus problemas. Ele, no entanto, pede que cada um que queira ser seu discípulo esteja disposto a assumir o seu mesmo destino, e a ‘comungar’ inteiramente com o seu estilo de vida. Convida a apostar mais na força do espírito e da palavra que motiva e dá esperança, do que no poder e na força humana. Jesus, diante do abandono de muitos discípulos sente, - como nós podemos sentir nos momentos-chave da nossa vida, - que aquele é o momento decisivo em que se joga toda a sua vida e a sua missão. Ele mostra, no entanto, que quer continuar, mas com tristeza e realismo pergunta aos demais discípulos se eles também querem permanecer com ele ou desistir, e fugir, sem querer encarar os desafios e as provações da vida e da missão. Pedro, em nome dos 12, renovou a sua fé e compromisso em seguir Jesus e comungar do seu ideal de vida até o fim. Nós, hoje, somos chamados dar a nossa resposta feita de gestos e de escolhas coerentes: ou estar com um Jesus que serve e acolhe, passando pela cruz, ou estar com os aqueles que oferecem curas e sucesso rápido, e que parecem ter soluções para todas as crises. A nós a decisão.  

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