sábado, 5 de setembro de 2015

Abrir os ouvidos para escutar os gritos de socorro de tantos necessitados, e soltar a língua para anunciar a esperança e denunciar as violações de todo tipo! (Mc. 7,31-37)

 Vivemos, hoje, na nossa sociedade, um paradoxo de proporções inéditas. Possuímos numerosos e variados meios de comunicação, mas não dialogamos. Nunca tivemos acesso a tantas e plurais informações, de todo tipo, mas somos surdos perante as tragédias e as esperanças que são divulgadas. Mais que isso: alguns meios de comunicação parecem até projetados para que não haja o encontro físico e afetivo com o outro. Conversamos, de forma virtual, sem nos ver, sem nos olhar, e sem nos tocar. Dessa forma não agüentamos o olhar severo ou compassivo do outro. Isso nos incomoda, sempre. Para dizer algo a alguém mandamos recado ou enviamos mensagem pelo watt’s app! É a idiotização das relações humanas. Tornamo-nos os novos surdos-mudos da modernidade.
Jesus no evangelho hodierno não opera um milagre individual na vida de uma pessoa que tinha um importante sentido profundamente prejudicado. Evidente que havia também pessoas materialmente necessitadas de ter seus ouvidos abertos e a sua língua solta para poder se comunicar! Contudo, a real intenção do evangelista Marcos é a de se dirigir a todas aquelas pessoas e comunidades que não podiam ou não queriam se colocar à escuta da palavra e da mensagem de Jesus. E ao serem impossibilitadas de ouvir-escutar não conseguem ou não querem anunciá-la e proclamá-la. Certamente não existe só uma forma para se comunicar, a forma falada, mas esta assume um papel central quando nos omitimos ou nos acovardamos diante dos abusos que vemos no dia a dia. Não condenar uma violação, não denunciar uma arbitrariedade, e não corrigir um irmão para que cresça na fé e em humanidade é agir como um ‘mudo’ moral! Precisamos que alguém nos ajude a abrir e a reeducar os nossos ouvidos tampados pelo medo e pelo comodismo. Ou fechados porque voltamos nossas atenções a tantas coisas sem valor e que nos impedem ouvir os gritos ensurdecedores de socorro de inúmeras pessoas.

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