quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Ontem, em Brasília, velório simbólico das vítimas indígenas cujos mandantes estão nos 'três poderes'


Ontem foi um dia de forte manifestação simbólica em Brasília com velório nos três poderes e terminando com uma celebração ecumênica na catedral de Brasilia, com a participação indígena e seus aliados. Também no final do dia veio a informação de que a votação do relatório da comissão especial da PEC 215 estava agendada para hoje. Ao mesmo tempo na Assembléia legislativa do Mato Grosso do Sul haviam sido coletadas assinaturas de parlamentares para instauração de uma CPI do Cimi. O ruralismo tem pressa no seu avanço sobre os direitos dos povos indígenas e da Mãe Terra. Repete-se a mesma estratégia de 1987, quando, por ocasião da Constituinte se instituiu no parlamento brasileiro a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) com o intuito de impedir a conquista dos direitos indígenas na Constituição. O mecanismo que as mineradoras, políticos, setores militares, madeireiras, latifundiários utilizaram foi exatamente o mesmo: atacar os direitos indígenas atacando seus aliados, particularmente o Cimi. Depois da caminhada com o caixão e muita indignação pelo espaço dos poderes, chegaram à rampa do Congresso. De pressa as forças de segurança impediram a continuidade da caminhada. “Nós apenas queremos colocar aqui, diante dessa casa onde se encontram cúmplices do assassinato de nossa liderança Simeão Kaiowá Guarani de Nhanderu Marangatu, do Mato Grosso do Sul, fronteira com o Paraguai. Que venham os parlamentares envolvidos nesse assassinato. Vejam no caixão nosso irmão assassinado...”, desabafou uma das lideranças desse povo, em meio a rituais para espantar os maus espíritos.   
 
O caixão contendo o nome de vários inimigos dos índios no Mato Grosso do Sul, foi abandonado na rampa da casa do povo, causando um constrangimento na segurança que não sabendo como proceder, veio pedir aos índios para retirarem o caixão. Ao que prontamente veio a resposta: “O caixão é de vocês. Ali estão assassinos dos povos indígenas”. Um dos momentos fortes do velório de Simeão Kaiowá Guarani foi diante do Supremo Tribunal Federal. Ali foram feitas falas indignadas pela omissão e inércia do Poder Judiciário, que é ágil contra os índios e moroso quando se trata da garantia dos direitos indígenas. Foi lembrado que fazem dez anos que ali se encontra uma de ação que suspendeu a homologação de 9.300 hectares (dos quais os índios estão confinados em apenas 126 hectares). Houve a promessa de retomada do julgamento desta ação, com a máxima agilidade. As lideranças da área estiveram inúmeras vezes no STF e obtiveram do então relator da ação, ministro Cezar Peluzo, a promessa de que já estava com seu relatório pronto e que agilizaria a decisão. Até hoje nada. A relatoria está atualmente com o ministro Gilmar Mendes! A caminhada do velório iniciou em frente à Catedral, com uma primeira parada no Ministério da Agricultura, de Kátia Abreu, inimiga ferrenha contra os direitos indígenas e pela expansão do agronegócio, numa onda de destruição ambiental, sem precedentes na história desse país. E foi na Catedral de Brasília que às 20 horas se encerrou a manifestação contra a violência, os assassinatos dos irmãos índios, com um culto ecumênico articulado pelo Conselho Mundial de Igrejas. (Fonte: IHU)

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