terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Quando o ódio cega!

... No Brasil a raiva e o rancor histórico foi acrescido depois das eleições de 2014. Houve quem não aceitou a  derrota e deslanchou um torrente de raiva  e de ódio que contaminou não apenas o partido vencedor, mas toda a sociedade. Inegavelmente criou-se um consenso ideológico-político de alguns meios de comunicação que, com total desfaçatez, difundem esse sentimento. O  que leva um radialista da Rádio Atlântica FM, ligada à RBS gaúcha, conclamar a população a “cuspir na cara do ex-Presidente Lula” senão um ódio explícito e incontido? A verdadeira perseguição judicial que Lula  está sofrendo, tentando enquadrá-lo em algum crime, é movida não tanto pela fome e sede de justiça, mas pela  vontade de punir, de desfigurar seu carisma e liquidar sua liderança. Grassa um maniqueísmo  avassalador que amargura toda a vida social. Bem dizia Bernard Shaw:”o ódio  é a vingança dos covardes”. Mas tentando ir um pouco mais a fundo na questão do ódio, precisamos reconhecer que ele se enraíza em nossa própria condição humana, um feixe de contradições. Somos, por natureza, e não por desvio de construção, seres contraditórios, compostos de ódios e de amores, de abraços e de rejeições. É a escolha que fizermos que irá dar rumo à nossa vida: ou a benquerença ou  a aversão.  Mesmo escolhendo o amor, o ódio nos acompanha como uma sombra sinistra. Se não cuidamos dele, ele invade nossa consciência e produz sua obra nefasta. Esse realismo o encontramos na Bíblia. Mas também num pensador como Bertrand Russel que observou com acerto: ”o coração humano tal como a civilização moderna o modelou, está mais inclinado para o ódio do que pra a fraternidade”. ...
....Por detrás da busca ”da glória de mandar” e do poder, revestido de raiva e de  ódio, se esconde, atualmente, a vontade  daqueles que sempre o detiveram e que agora o perderam e fazem de tudo para recuperá-lo por todos os meios possíveis.
 * Leonardo Boff é articulista do JB on line

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