terça-feira, 26 de julho de 2016

O desespero de Moro que não pode matar ideias, por Armando Coelho Neto

Por um golpe de estado comprado por 45 dinheiros não se pode pedir certificado de garantia. As falhas aparecem por todos os lados. Um golpe que traz o número de uma quadrilha impune, intocável, repleta de bandidos de estimação da grande mídia e da Polícia Federal. Amiga do caloteiro pato da Fiesp, hoje murcho e silente como os paneleiros. Os delegados da PF, que nos grupos fechados já sabiam há tempos do golpe “que viria através dos Estados Unidos”, estão caladinhos. Falavam grosso com Dilma e hoje, nem fino falam com o impostor Temer, sem um centavo a mais no orçamento pessoal ou institucional. Não é golpe, dizem. Mas o partido que perdeu as eleições está no governo, vale o programa político rejeitado nas urnas. A sorrelfa golpista passa pelo escárnio, pela apressada venda do patrimônio nacional. Vai além dos 45 dinheiros, inclui ator pornô, desprezo pela cultura, bandidos assumindo postos-chaves. Constituição rasgada, a Corte Suprema é tão silente que dá até saudade dos circunspectos juízes que no passado eram maldosamente tratados como membros de um “grande balcão de negócios”, sensíveis a “embargos auriculares”.
 
Tudo isso em clima de Farsa Jato - pirotecnia falso moralista para acabar com o PT e prender Lula.Perda de tempo! Crucificaram Cristo, mas o Cristianismo sobreviveu. Mataram Tiradentes, mas seu ideal cruzou os séculos. Mataram Zumbi, mas um negro, mesmo sujeito a críticas, chegou à ex-Corte Magna. Assim, permito-me mandar um recado a um tal Sérgio Moro e sua trupe, inspirado na peça “Liberdade, Liberdade” (Flávio Rangel e Millôr Fernandes). “O Cristo morreu na cruz, mas o cristianismo se transformou na maior força espiritual do mundo. Galileu Galilei cedeu diante da Inquisição, mas a Terra continuou girando ao redor do Sol, e quatro séculos mais tarde, um jovem tenente anunciou da estratosfera que a Terra é azul. Portanto, Sr. Sérgio Moro, não se matam ideias. A força, o ideal de fraternidade que nos impulsiona, sobreviverá como cobra de vidro à tirania do golpe. Não será prendendo Lula, fechando diretório, calando jornalistas que se mata uma ideia. Prende-se, matam, torturam e desmoralizam-se pessoas, mas o que nos move é um sentimento de fraternidade. Lamento frustrar o paparicado “magistrado”. Assim mesmo, sem data vênia, entre aspas e com letra minúscula.

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